Nesta quarta-feira (22/3/23), Dia Mundial da Água, parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) discursaram na Reunião Ordinária do Plenário valorizando esse bem essencial e criticaram sua má distribuição no Brasil e no mundo. Também denunciaram a mineração predatória, que polui e destrói nascentes. Outro tema destacado foi o combate ao trabalho escravo em Minas Gerais.

Empunhando seu violão de 12 cordas, com o qual executou “Planeta Água”, sucesso de autoria de Guilherme Arantes, o deputado Leleco Pimentel (PT) disse que procurou sensibilizar os corações para a importância do tema. Ele destacou que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução para que, entre os anos de 2018 e 2028, seja comemorada a Década da Água, como forma de gerar reflexão sobre o uso e o consumo desse recurso.

Leleco Pimentel também lembrou que 12% da água doce disponível para o consumo no mundo está no Brasil e, no entanto, 26 milhões de brasileiros não têm acesso a esse bem natural. Por fim, destacou o trabalho do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que atua há 32 anos contra as barragens e em favor das águas. O parlamentar foi parabenizado pelo deputado Gil Pereira (PSD) e pela deputada Ione Pinheiro (União).

Privatização da água

O deputado Professor Cleiton (PV) chamou atenção para o problema da privatização dos mananciais de água. Ele afirmou que isso ocorre não só no Brasil mas em todo o mundo, citando os exemplos do Lago de Como, na Itália, e do Lago Vitória, na capital de Uganda, Kampala. “São lagos tomados por condomínios privados, que impedem o acesso da população mais pobre à água”, lamentou.

O parlamentar também afirmou que Belo Horizonte recebeu um presente neste Dia Mundial da Água. Segundo ele, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) notificou o Estado de Minas Gerais, nesta terça-feira (21), de que declarou nulos os ofícios anteriores do próprio órgão que liberaram a atividade minerária na Serra do Curral, um dos principais mananciais de água da Capital mineira.

Jequitinhonha

O deputado Doutor Jean Freire (PT) lamentou os danos que o Rio Jequitinhonha sofreu com a poluição e a mineração. “O problema é a ganância”, resumiu. O parlamentar também lamentou o incêndio ocorrido nesta terça (21) no Instituto de Educação, um dos estabelecimentos educacionais mais tradicionais de Belo Horizonte.

Além disso, o deputado também chamou atenção para a interdição das instalações da Escola Estadual Coronel Clemente Luiz, no município de Itaipé (Jequitinhonha/Mucuri). Ele mostrou fotos dos alunos tendo aulas na quadra da escola, uma vez que todas as salas foram interditadas pelo Corpo de Bombeiros, por não apresentarem condições mínimas de utilização.

Trabalho escravo

O combate ao trabalho escravo foi o tema abordado pelo deputado Luizinho (PT), que falou de seu entusiasmo ao dar início a seu primeiro mandato na ALMG, agradecendo o apoio recebido. Informou que apresentará projeto de equiparação dos alojamentos rurais aos urbanos. Assim, os primeiros também precisarão de alvarás sanitários antes de serem ocupados pelos trabalhadores.

“Me envergonha saber que Minas é campeã de trabalho escravo no Brasil, com 40% dos casos, mais de 8 mil trabalhadores resgatados neste ano”, afirmou. Luizinho acrescentou que um mecanismo dos primórdios da escravidão no Brasil perdura na escravização contemporânea. Trata-se da retirada de pessoas de seu local de origem para trabalharem em outros, o que os fragiliza. "Com o projeto, espero contribuir para a redução dos casos no Estado”, concluiu.

Ameaça a autoridades

O deputado Caporezzo (PL) comentou notícia que, na opinião dele, “chocou o Brasil”. Trata-se de reportagem sobre operação da Polícia Federal contra o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria planejando executar autoridades públicas, entre as quais o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR). 

O deputado lembrou de fala raivosa de um criminoso contra Moro em 2019, na qual ele também associava o PT ao PCC. Por fim, Caporezzo disse que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrou, em entrevista recente, vontade de se vingar do ex-juiz e da equipe da Operação Lava Jato. Por isso, o deputado afirmou que o presidente deveria ser investigado.