Barreiro exige de empresa de logística contrapartidas socioambientais
Comunidade está preocupada com implantação da Log, do setor de galpões, especialmente pelos impactos no tráfego local.
25/08/2023 - 00:09Representantes da região do Barreiro, em Belo Horizonte, cobraram contrapartidas sociais, além das ambientais e daquelas relacionadas à melhoria do tráfego, da Log Comercial Properties, empresa do setor de galpõe logísticos que pretende se instalar na localidade. O assunto foi discutido em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social, na noite desta quinta-feira (24/8/23).
Mesmo colocando-se a favor da implantação do empreendimento, que promete gerar empregos de qualidade, André Xavier, do Conselho Regional de Transporte e Trânsito do Barreiro, considerou baixa a contrapartida social oferecida pela empresa.
Ele citou obras que poderiam estar contempladas entre as compensações, como melhorias na Estação Diamante, a reinstalação no bairro Milionários de escola municipal (fechada recentemente) e a construção de uma unidade de pronto atendimento (UPA).
“Tem muita coisa acontecendo no Barreiro”, afirmou, lembrando de grandes empreendimentos que estão sendo implantados no Milionários e no bairro Tirol. Na sua avaliação, por tudo isso, são necessárias obras mais estruturantes, especialmente viárias, entre as contrapartidas impostas pela PBH à empresa.
André Xavier lembrou que, no Orçamento Participativo, há intervenções aprovadas há 12 anos e até hoje não realizadas. Por fim, propôs a criação de uma comissão para discutir as contrapartidas sociais para a LOG.
O vereador da Capital Bruno Pedralva observou que qualquer grande empresa candidata a se instalar na cidade tem obrigações ambientais e outras relacionadas ao trânsito, já previstas em lei. Além dessas, defendeu também as contrapartidas sociais, uma vez que a empresa vai obter lucros naquela região.
“Então, parte do lucro da LOG deve ser transformado em benefícios para o povo do Barreiro. Esta é uma obra de R$ 290 milhões. Tenho certeza que dá pra fazer mais”, cobrou.
Dilson José, do grupo Fé e Política e da Pastoral Afro da Paróquia de Santo Antônio, destacou que a comunidade foi pega de surpresa pelo projeto a ser implantado na Via do Minério. Diante da extensão do empreendimento, ele demonstrou preocupação com a fauna e a flora locais e com a mobilidade.
Reforçando esses pontos, o deputado Betão (PT), que conduziu a reunião, aproveitou para parabenizar os participantes pelos 168 anos de história do Barreiro, “região de luta de trabalhadores, que fazem daqui uma área muito grande e potente”.
Ele quis saber junto à Log quais os impactos no trânsito local, já caótico mesmo antes do novo negócio. “Teremos aumento considerável no trânsito de carretas com esse projeto, que vai impactar grandes vias – as BRs 040 e 381, além da MG-040 e do Anel Rodoviário”, observou.
Com R$ 290 mi investidos, Log quer operar cinco quadras de galpões
Stefan Cardoso, gestor de desenvolvimento imobiliário da Log Comercial, destacou que a empresa é de Belo Horizonte e possui quase 1,5 milhão de m². Nessa área são construídos galpões destinados à armazenagem para vários setores do mercado, especialmente para e-commerce, que demandam grande quantidade de mão de obra.
Respondendo a questionamentos, ele disse que a empresa está sempre disposta a conversar com a população. Sobre as contrapartidas, procurou deixar claro que elas são todas definidas pela PBH. Segundo ele, há muitos benefícios para o Barreiro – tanto a contrapartida viária quanto a ambiental têm valores expressivos a serem investidos.
Bruna Becattini, coordenadora de arquitetura da LOG, detalhou que o projeto é para cinco quadras de galpões – duas prontas (uma já com alvará) e as demais em fase de licenciamento. Desde o início em 2015, a PBH vem definindo as condicionantes – quase 50, englobando 22 itens – e acompanhando a execução.
Segundo ela, o poder público também exigiu um plano de contratação de mão de obra, contemplando medidas para geração de empregos. Nesse quesito, a previsão é de que sejam gerados 4,2 mil postos de trabalho após a implantação completa, fora os da fase de obras, com investimento total de R$ 290 milhões.
A executiva citou intervenções viárias que ficarão a cargo da Log, atendendo às condicionantes, entre elas: criação de duas faixas exclusivas de ônibus, na Via do Minério (onde será implantado um BRT) e na Avenida Valdir Soeiro, principal via de saída da região.
Em todo o entorno do empreendimento, está prevista a construção de ciclovia e pista de cooper, além da requalificação de todas as calçadas.
Em relação à contrapartida ambiental, Bruna Becattini informou que a PBH está analisando áreas onde a firma possa fazer o plantio de mudas para compensar a supressão de quase 3 mil árvores.
A Log ficará também com a incumbência de fazer a reforma dos vários parques da região: Vila Pinho, das Águas, Ecológico e Francisco Lins do Rego (no qual serão plantadas 5,8 mil mudas, num valor de R$ 9 milhões). Está prevista ainda a revitalização de algumas praças no Barreiro.
Para PBH, maior contrapartida social virá ao longo dos anos
Marilena Chaves, assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, considerou relevante o fato do novo empreendimento ter como origem o próprio Barreiro. Ela explicou que a contrapartida social mais expressiva que é pedida pelos moradores deve ocorrer ao longo da vida da Log no local.
“A questão ambiental já está contemplada; a parte social é uma construção”, avaliou. Na sua visão, apenas a geração de mais de 4 mil empregos já garante a melhoria das condições de cerca de 16 mil pessoas das famílias desses funcionários. E outras parcerias entre a empresa e a comunidade poderão ser firmadas, com ações benéficas para os dois lados, como a melhoria da malha viária e a formação profissional de jovens.