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Taxa de suicídio de idosos é maior do que a do restante da população

No mês de conscientização sobre a prevenção do autoextermínio, comissão discutiu o sofrimento mental da população acima de 60 anos.

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Em vista da campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu, nesta terça-feira (23/9/25), a saúde mental da população idosa no País.

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De forma unânime, os convidados ressaltaram o percentual significativo de suicídio entre as pessoas com mais de 60 anos, maior, proporcionalmente, do que o do restante da população. Dados apresentados pela psicóloga Luciana Daher indicam uma taxa de 7,8 suicídios de idosos por 100 mil habitantes, enquanto a taxa geral foi de 6 por 100 mil habitantes no mesmo período.

A situação é mais problemática entre os homens mais velhos, com um índice de 14,8 mortes por 100 mil habitantes, bem superior ao de 2,6 por 100 mil habitantes entre as mulheres da mesma faixa etária, ainda de acordo com as pesquisas citadas pela psicóloga. No Brasil, foram cerca de 14 mil mortes causadas por autoextermínio em 2021.

Segundo Luciana, características culturais como a pressão social para ser o garantidor do lar, nem sempre possível com a renda de aposentadoria, e a relutância dos homens em buscar ajuda psicológica contribuem para a discrepância entre os gêneros.

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Conforme a psiquiatra Natália Dias, cada suicídio consumado entre homens idosos é precedido por quatro tentativas, em média, enquanto seriam 20 tentativas entre as mulheres maiores de 60 anos. Ou seja, os homens são mais efetivos, por impulsividade e ocorrências associadas ao uso de bebida alcoólica, explicou.

Para a psiquiatra, as tentativas de suicídio também não podem ser ignoradas ou vistas, no senso comum, como formas de chamar atenção, pois toda consumação de autoextermínio é precedida de um aviso, que deve ser tratado como urgência médica e com o acionamento dos serviços de emergência.

Escuta e empatia salvam vidas

Na tentativa de prevenir novos casos, os participantes da audiência elencaram sintomas que podem ser observados e ações de apoio às pessoas em sofrimento mental.

Major do Corpo de Bombeiros, Richelmy Pinto citou alertas clínicos como depressão, ansiedade, isolamento social e doenças neurodegenerativas.

Também é possível identificar sinais de risco como mudanças brusca no sono e no apetite, descuido com a higiene e despedidas veladas, como a distribuição de objetos pessoais.

Como cuidado psicológico imediato, o major citou a escuta sem julgamento e com empatia e o envolvimento de familiares e da comunidade em uma rede de apoio.

Fraudes e desinformação

Outra temática abordada na audiência, ainda relacionada ao bem-estar dos idosos, foi a dos efeitos psicológicos, sociais e econômicos sofridos por idosos vítimas de golpes e desinformação.

De acordo com a presidente da Comissão de Saúde Mental da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Luciana Garcia, 60% das vítimas de tentativas de golpe envolvendo instituições financeiras são idosos, número ainda subnotificado devido à vergonha das vítimas de denunciar.

Nesse sentido, ela defendeu a necessidade de se quebrar esse tabu para que essas pessoas possam se abrir e buscar ajuda.

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Como as fraudes afetam também a autoestima e o psicológico, idosos se sentem impotentes e fragilizados, daí a demanda pela especialização dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) para atendimento da população mais velha.

A chefe do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família da Polícia Civil, delegada Danúbia Quadros, relatou que os criminosos desenvolveram uma engenharia social cada vez mais apurada.

Entre os golpes aplicados em idosos, ela citou a prevalência daqueles relacionados a empréstimos consignados e o de falsos namorados, que buscam seduzir mulheres para tirar proveito delas.

Para fazer frente a todos esses desafios para a saúde mental dos idosos, o idealizador da audiência, deputado Charles Santos (Republicanos), defendeu a criação de políticas públicas que protejam direitos e incentivem a denúncia de casos de violência e discriminação.

O parlamentar, para incentivar pessoas em sofrimento a não se calar e a procurar ajuda, deu testemunho próprio, como adolescente que sofreu depressão no momento mais difícil da vida, mas conseguiu se reerguer, graças ao apoio da família.

Comissão de Saúde - debate sobre a campanha Setembro Amarelo com ênfase nos idosos

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Comissão reforça a urgência de atenção à saúde mental dos idosos TV Assembleia
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