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Secretário anuncia linha dupla na expansão para o Barreiro do metrô de BH

Resultado da mobilização de parlamentares e comunidade, mudança deve constar do projeto executivo da obra e foi confirmada pelo secretário de Infraestrutura.

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A linha 2 do projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte terá uma linha dupla, e não mais simples, também conhecida como singela, entre as futuras Estações Ferrugem e Barreiro, nos dois quilômetros finais da extensão total de 10,5 quilômetros.

A linha singela seria uma via única de mão dupla para vagões do metrô em viagens de ida e de volta, o que impactaria negativamente a eficiência do modal de transporte.

A informação foi confirmada pelo titular da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Pedro Bruno Barros de Souza, logo na abertura de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, que debateu os impactos da expansão do metrô, na tarde desta quinta-feira (9/10/25), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

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A reunião atendeu a requerimento da deputada Bella Gonçalves (Psol), presidenta da comissão. Ela comemorou o anúncio feito na audiência e lembrou que a mobilização popular, com o apoio da Comissão de Direitos Humanos, que possibilitou superar o que era classificado como uma “impossibilidade técnica” e reverter a decisão, trocando a linha singela pela linha dupla.

“Fomos ao governo federal, ao Ministério dos Transportes, à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e acionamos o Tribunal de Contas (TCE), que notificou o Estado a responder até hoje (9) sobre a questão. Para nossa alegria, a notícia foi boa”, destacou Bella Gonçalves.

Segundo explicado pelo titular da Seinfra, o problema era a dificuldade de convivência do transporte de cargas no pátio do Barreiro, gerenciado pela concessionária MRS Logística, com o de passageiros, sob responsabilidade da concessionária Metrô BH.

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A decisão, de acordo com Pedro Souza, foi fazer o “arrasto” (deslocamento) de 14 metros das linhas de carga, sem custo para os cofres públicos, para garantir a margem de cinco metros para a passagem de mais uma linha para os trens do metrô.

O consultor ferroviário da MRS Logística, Sérgio Henrique Carrato, confirmou a mudança de posição com relação à linha singela, após reunião técnica hoje (9) entre as duas partes, no pátio do Barreiro.

Em breve, três novas estações, a primeira delas em dezembro

O secretário Pedro Souza fez uma apresentação que incluiu um histórico do projeto, o estágio atual das obras e o cronograma futuro, além das novas perspectivas de expansão do modal.

Ele ressaltou que, desde o início, o governo estadual foi enfático ao cobrar da concessionária que provasse, ainda no estudo preliminar, passo anterior ao projeto executivo, a inviabilidade da linha dupla, o que não se sustentou.

“Por isso, eles voltaram para a prancheta e agora mudaram o posicionamento para linha dupla, que deve constar do projeto executivo, última etapa antes do início da obra, a ser divulgado até o final do ano. Esse é um avanço muito importante neste projeto de engenharia complexo que é a expansão da linha do metrô”, pontuou Pedro Souza.

O titular da Seinfra ainda destacou o ritmo acelerado da expansão do metrô, na avaliação dele, resultado direto do modelo de concessão adotado pelo Executivo.

“O que era sonho já é uma realidade. Temos três novas estações com obras avançadas, a primeira delas, do Novo Eldorado, em Contagem (na linha 1, que chega a 28 quilômetros), deve ser inaugurada em dezembro e começar a funcionar em janeiro. Isso após 22 anos sem nenhum metro a mais de linha do metrô em BH”, afirmou.

Ainda de acordo com Pedro Souza, todo o cronograma está sendo antecipado, ao contrário das expectativas quando se trata de obras públicas.

“Até o final do ano, começam a chegar os novos trens para esse modal de transporte seguro, mais rápido e menos poluente para o terceiro maior aglomerado urbano do Brasil. Não queremos parar por aí”, finalizou.

A deputada Amanda Teixeira Dias (PL) também participou do início do debate e elogiou a forma técnica como o Poder Executivo viabilizou a expansão do metrô de BH.

“Também sou do Barreiro e estou muito feliz. É hora de deixar as bandeiras de lado pelo bem comum de toda população de BH. Minas agora está, de fato, de volta aos trilhos”, disse.

Indenização para famílias remanescentes é cobrada

Outras duas cobranças feitas ao secretário pela deputada Bella Gonçalves foram a situação de 16 famílias que moram em área atingida pelas obras do metrô e os motivos da transferência da Caixa para o banco BTG Pactual da administração de R$ 2,8 bilhões destinados à operação de concessão do metrô.

Sobre este último tema, o secretário minimizou a decisão do Executivo, pois haveria previsão legal para troca do agente financeiro de administração dos recursos. Segundo ele, a nova instituição financeira ofereceu taxas menores e uma solução mais ágil para gestão dos recursos.

Com relação à situação das famílias, alegou que o governo estadual está sensível ao tema, mas uma solução estaria a cargo da concessionária, que executa as obras. Ele assegurou que vai cobrar da concessionária um desfecho para o caso.

Ao lembrar do reajuste da indenização para os desalojados, de R$ 40 mil para R$ 105 mil, mais uma vitória da Comissão de Direitos Humanos, lembrou que o valor total para contemplar as 16 famílias restantes seria irrisório se comparado ao montante financeiro dos recursos aplicados na expansão do metrô.

“Não podemos deixar essas famílias para trás. Elas precisam ter seu direito reconhecido para que possam continuar sua vida com dignidade”, lembrou Poliana Cristina Furtado, representante dos moradores do Bairro Vista Alegre removidos pela expansão do metrô.

Para Letícia Barbosa dos Santos, integrante do Movimento Barreiro em Movimento, a chegada do metrô ao Barreiro não se trata de um favor do Estado, mas resultado direto de décadas de luta. A opinião foi referendada por André Márcio Barbosa Xavier, fundador do Bloco Esperando o Metrô, que cobrou mais transparência na aplicação dos recursos.

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Por fim, o secretário-executivo do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais, Daniel Glória Carvalho, reivindicou empenho na redução da tarifa paralelamente à expansão. Ela está atualmente em R$ 5,80 e, na visão dele, provoca o esvaziamento desse modal de transporte.

Comissão de Direitos Humanos - debate sobre os aspectos técnicos e financeiros do contrato de concessão do metrô de Belo Horizonte
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Linha dupla no metrô de BH atende pedidos da comunidade do Barreiro TV Assembleia

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