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Reforma administrativa do Estado é votada de forma definitiva pelos deputados

Depois de ser aprovada em redação final, a matéria poderá seguir para a sanção do governador Romeu Zema.

19/04/2023 - 12:55
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O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Geras (ALMG) aprovou, de forma definitiva em Reunião Extraordinária da manhã desta quarta-feira (19/4/23), a reforma administrativa do Estado, proposta pelo governador Romeu Zema (Novo) por meio do Projeto de Lei (PL) 358/23.

A proposição foi aprovada na forma do substitutivo nº 1 ao vencido, ou seja, do texto votado pelo Plenário em 1º turno já com alterações. Essa nova redação de 2º turno contempla emendas encaminhadas pelo governador Romeu Zema e propostas apresentadas por deputados. Depois de aprovado em redação final, a matéria pode seguir para a sanção do governador.

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O PL 358/23 promove alterações na estrutura orgânica do Poder Executivo, com vistas ao aperfeiçoamento e otimização da gestão pública e, por consequência, ao incremento da eficiência na prestação dos serviços públicos, segundo justificativa do governador.

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Duas novas secretarias são criadas

São criadas duas novas secretarias de Estado: de Casa Civil e de Comunicação Social. A primeira será responsável por apoiar o relacionamento institucional do governo em todos os níveis, visando à integração das ações governamentais.

Já a segunda deverá planejar, propor, executar e acompanhar a política estadual de comunicação. A esta ficará vinculada a Empresa Mineira de Comunicação (EMC), responsável pela gestão da TV Minas e da Rádio Inconfidência.

Com a criação de duas novas pastas, o Estado passará a contar com 14 secretarias, cujas competências e estruturas são descritas no texto do PL 358/23. Além desse total, haverá a Secretaria-Geral, que terá a responsabilidade de assistir diretamente o governador e o vice no desempenho de suas atribuições e na integração de suas atuações.

A Secretaria-Geral, juntamente com as Secretarias de Planejamento e Gestão, de Fazenda, de Governo, de Comunicação Social e de Casa Civil e com a Advocacia, a Controladoria e a Ouvidoria-Geral do Estado, atuarão como órgãos centrais. Ou seja: serão responsáveis pela elaboração de políticas, normas e diretrizes a serem seguidas pelos demais órgãos e entidades do Poder Executivo.

De acordo com o texto aprovado, são instâncias de governança a Câmara de Coordenação da Ação Governamental, o Comitê de Orçamento e Finanças (Cofin) e o Comitê de Coordenação e Governança de Estatais. Essas instâncias têm como competência assessorar o governador nas decisões estratégicas voltadas para a gestão governamental e para a formulação e execução das políticas públicas.

São mecanismos de governança os conselhos de políticas públicas, conferências estaduais, audiências públicas, consultas públicas e mesas de diálogo. Esses mecanismos têm como objetivo promover o diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública e a sociedade civil, para a formulação, execução e avaliação das políticas públicas.

Novo texto incorpora sugestões do governador

As emendas encaminhadas pelo governador Romeu Zema nesta terça (18) foram incorporadas ao novo substitutivo com o objetivo de aperfeiçoar alguns aspectos relacionados à nova estrutura da administração pública.

Entre essas alterações estão a inclusão da Assessoria de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais na estrutura da Secretaria de Agricultura; da Assessoria do Audiovisual na estrutura da Secretaria de Cultura; e da Assessoria de Segurança Alimentar e da Subsecretaria de Política dos Direitos das Mulheres na estrutura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese).

Na Secretaria de Justiça, são incluídas novas competências relativas à política sobre drogas e a criação das Subsecretarias de Prevenção Social à Criminalidade e de Políticas sobre Drogas. Também são especificadas as unidades regionais de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente e as unidades regionais de regularização ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).

O texto aprovado também incorpora total ou parcialmente diversas mudanças propostas por deputados. Entre elas, uma que assegura aos servidores estaduais a concessão de férias-prêmio e adicionais por tempo de serviço no período compreendido entre 28 de maio de 2020 e 31 de dezembro de 2021. A aquisição desses direitos havia sido suspensa pela Lei Complementar Federal 173, de 2020.

Seplag terá Coordenadoria de Trânsito

Com a retirada do Departamento de Trânsito (Detran-MG) da estrutura da Polícia Civil, conforme dispõe a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 71/21, também aprovada nesta quarta (19), o PL 358/23 formaliza a transferência das atribuições do órgão para a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag).

Será criada na estrutura da Seplag a Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET), que ficará responsável pelo registro e licenciamento de veículos e pelos serviços relativos ao trânsito e à formação de condutores.

A execução dos serviços e atendimentos prestados à população poderão ser objeto de credenciamentos, contratos ou convênios. Ficam mantidas, contudo, na Polícia Civil as atividades e competências para realizar investigação criminal e exercer a função de polícia judiciária em matéria de trânsito.

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Votações em separado de três dispositivos

Na reunião, houve a votação de três dispositivos em separado por requerimento de líderes. Um deles foi o artigo 148 do substitutivo nº 1, que autoriza o governo a conceder reajuste de 35,44% para os servidores da segurança pública.

Esse dispositivo foi inserido na reforma administrativa por meio do substitutivo nº 1 ao vencido, apresentado pela Comissão de Administração Pública nesta terça (18).

O deputado Sargento Rodrigues (PL) defendeu a iniciativa, assim como os deputados Coronel Sandro e Caporezzo (PL).

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O líder do Governo, Gustavo Valadares (PMN), pediu pela votação contrária ao artigo. Ele disse que isso não vai impedir que conversas sobre a correção inflacionária para a categoria prosperem.

Servidores da segurança pública acompanharam a votação das galerias do Plenário e demandaram a aprovação. Em votação apertada, o artigo foi rejeitado.

O inciso IV do artigo 24 do substitutivo nº 1 também foi votado em separado e, por decisão da maioria, mantido. O dispositivo determina como uma das funções da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) a proteção, defesa e reparação dos direitos humanos de públicos específicos, entre eles o de LGBTQIA+. 

A deputada Bella Gonçalves (Psol) criticou o pedido de destaque e disse que essa proteção já constava no texto do governador. “O direito dessa população já é reconhecido pela Constituição Federal. Vamos ir contra isso?”.

A deputada Lohhana (PV) corroborou a fala da colega e disse que a retirada do dispositivo iria prejudicar não só o público LGBTQIA+, mas também idosos, crianças e pessoas com deficiência que também constam no mesmo inciso.

Os deputados Caporezzo, Coronel Sandro e Bruno Engler (PL) criticaram o dispositivo. Na opinião deles, trata-se de uma pauta ideológica e reforça o que chama de “ditadura de minorias”. Coronel Sandro disse que havia um acordo para que o texto não especificasse os públicos, contemplando de modo geral quem precisar da assistência.

Estudantes do campo, indígenas e quilombolas

Outro dispositivo também teve votação em separado e foi mantido pela maioria, o inciso XVI do artigo 26 do substitutivo nº 1.

Ele traz como competência da Secretaria de Estado de Educação a organização da ação educacional para a garantia de conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos estudantes do campo, indígenas e quilombolas, com propostas pedagógicas que contemplem sua diversidade em todos os aspectos, entre os quais os sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, de geração e de etnia.

Deputados conservadores não concordaram com a inclusão do gênero nesse inciso por entenderem que isso favorece a chamada ideologia de gênero. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), por outro lado, afirmou que excluir o dispositivo inviabilizaria grupos.

Mitigação de danos

Deputados manifestaram discordâncias com a tramitação da reforma administrativa. Sargento Rodrigues criticou a rápida tramitação da reforma administrativa. Ele contou que, durante a tramitação, atuou para diminuir os danos para a área da segurança.

Nesse sentido, destacou a garantia de acesso irrestrito da Polícia Civil a banco de dados e de manutenção de direitos de servidores dessa polícia quando estiverem vinculados à Seplag, que vai absorver as funções relativas ao Detran.

A deputada Beatriz Cerqueira disse que, embora tenha sido chamado de reorganização administrativa, o projeto mudava amplamente a estrutura do Estado.

Ela contou que a atuação da oposição foi no sentido de abrir o diálogo com a sociedade sobre o assunto, o que foi feito por meio de diversas audiências públicas, e de buscar reverter o possível.

A parlamentar contou que puderam atuar para evitar o desmonte da Sedese, a redução da autonomia de conselhos estaduais e do funcionamento da Mesa de Diálogo para mediar conflitos e a entrada de organizações sociais (OS’s) em áreas como educação e saúde.

Reunião Extraordinária - manhã - análise de proposições
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“Como vão derrotar isso hoje e aprovar aumento de 298% ao governador?"
Sargento Rodrigues
Dep. Sargento Rodrigues

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