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Recursos do acordo de Mariana deveriam custear Universidade federal no Vale do Aço

Com o quarto maior PIB de Minas, região não tem o correspondente investimento em educação, segundo participantes de audiência.

10/07/2023 - 20:15
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Com o quarto PIB regional do Estado, o Vale do Aço não conta com o investimento correspondente na educação superior e, por isso, precisa urgentemente da implantação de uma universidade federal na região. Para fazer frente a essa tarefa, uma das propostas é a utilização de parte dos recursos do acordo para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (Central).

Com o objetivo de viabilizar essa solução, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) busca agendar uma visita ao ministro da Educação, Camilo Santana, em Brasília (DF), com representantes da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA). Na reunião desta segunda-feira (10/7/23), solicitada pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta dessa comissão, o agendamento da visita ao MEC foi o principal encaminhamento, que contou com o apoio do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que vai tentar concretizar essa agenda.

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Menor oferta de ensino federal

Na avaliação de Alex Fernandes, diretor-geral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais - Campus Ipatinga, os estudantes e toda a população do Vale do Aço merecem um tratamento melhor. Ele acredita que a implementação de uma universidade federal na região vai ajudar a reduzir a dívida histórica com a região, que tem a menor oferta de ensino público federal entre as regiões mineiras.

Ele divulgou que, enquanto nas regiões mais desenvolvidas do Estado, há 800 habitantes para cada professor, no Vale do Aço, esse número é de 11 mil. São 400 alunos estudando no Instituto federal de Ipatinga e 800, no Cefet de Timóteo, numa região que tem 2 milhões de habitantes (a terceira maior de Minas). Por isso, ele também defende investimentos nos institutos técnicos. Nesse sentido, o vereador de Timóteo Fernando Amaral propôs a criação, no Cefet local, de novos cursos superiores.

Apesar de ter o quarto maior PIB regional, o Vale do Aço tem maior população em situação de pobreza do interior, o que leva milhares de jovens a tentar a sorte em outros países. Para reverter tal quadro, o professor defende investimento maciço em educação.

Olívia Santiago, coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), lembrou que há quase 8 anos se busca a reparação integral do crime da Samarco, mas até agora não se chegou a um resultado satisfatório. Ela disse que o MAB considera fundamental que se invista em educação pública, incluindo a ampliação dos campus universitários e o investimento nos profissionais.

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Falta de perspectivas

Já Saulo Morais, aluno formado pelo ensino integral da E.E. Maurílio Albanese, disse que a falta de uma universidade local gera um sentimento de impotência e de falta de perspectiva nos jovens. “Fica distante da nossa realidade conseguir chegar a uma instituição federal de ensino”, constatou ele, avaliando que a universidade federal propiciaria a oportunidade dos alunos da região estudarem em suas cidades.

Lembrou ainda que o Cefet de Ipatinga conta com alguns cursos superiores, mas só na área de exatas. “São necessários cursos de humanas e biológicas e o dinheiro da reparação poderia ser usado na universidade federal e na expansão do Instituto Federal”, sugeriu.

Diego Ferreira, diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), completou que em Governador Valadares (Rio Doce) há um campus da Universidade Federal de Juiz de Fora, mas muito sucateado. “A Faculdade Pitágoras aluga seu espaço para a UFJF funcionar, mas só durante o dia. Como os estudantes pobres vão conseguir estudar, se não há curso noturno?", reclamou.

Marcos Ferreira, professor e diretor do Sind-UTE de Ipatinga, lembrou que há 20 candidatos por vaga concorrendo no Cefet e no Instituto Federal e que esse foi um dos motivos que o fez sair do Vale do Aço. “Eu queria muito ficar na minha cidade, mas a questão financeira atrapalhou. Com esses 20 candidatos por vaga, fico pensando é nos 19 que não conseguem uma oportunidade”, lamentou.

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Comissão tenta encontro com ministro da Educação 

Falando diretamente de Brasília (DF), o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) disse que iria conversar com o ministro da Educação, Camilo Santana, para tentar marcar no ministério uma reunião com os representantes do Vale do Aço. Ele informou ainda que, no relatório da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha os desdobramentos do acordo de Mariana, foi incluída a proposta de criação de universidade com campus na região e no Espírito Santo.

“Há a determinação do presidente Lula de voltar com a implantação de novas universidades e institutos federais, mas é claro que isso depende de recursos”, ponderou. Por outro lado, avaliou que, no caso do Vale do Aço, pode-se incluir na repactuação do crime investimentos no ensino superior.

A vereadora de Ipatinga Cida Lima defendeu que parte dos recursos provenientes da repactuação do acordo de Mariana (Central) seja aplicada na instalação da universidade do Vale do Aço. “Essa reunião vai ao encontro da retomada de investimentos proposta pelo novo governo federal. Vamos disputar esses recursos e também os provenientes da reparação, buscando investimentos em educação”, apontou.

Também Hélvia Oliveira, coordenadora da Subsede Ipatinga do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SindUte), propôs que a reparação dos danos do rompimento da Barragem do Fundão se converta em uma universidade federal para o Vale do Aço. Ela propôs ainda a criação de uma comissão permanente, com estudantes, professores e membros de movimentos sociais e da sociedade civil para acompanhar os desdobramentos do acordo e cobrar esses investimentos.

Ao final da audiência, a deputada Beatriz Cerqueira agradeceu o apoio de Rogério Correia à demanda do encontro no Ministério da Educação e sugeriu ampliar a discussão do tema para todas as cidades da região. A parlamentar repassou para a vereadora Cida Lima a coordenação do trabalho de mobilização regional.

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Moradores cobram mais vagas de ensino superior no Vale do Aço TV Assembleia

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