Protestos contra a privatização da Copasa dominam pronunciamentos no Plenário
Maioria dos oradores que ocuparam a tribuna, mesmo antes da discussão formal da proposta, criticaram o projeto do governador que autoriza a venda da estatal.
Mesmo antes da discussão formal do Projeto de Lei (PL) 4.380/25, do governador Romeu Zema (Novo), que autoriza a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o assunto dominou os pronunciamentos dos parlamentares na Reunião Ordinária de Plenário desta quarta-feira (17/12/25), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Ainda no início da reunião, quando ocorrem pronunciamentos de oradores na tribuna, o deputado Leleco Pimentel (PT) fez críticas ao governador Romeu Zema por insistir na aprovação do projeto que permite a privatização da Copasa. “É uma pena porque o povo mineiro já foi enganado antes e votou nele duas vezes”, pontuou.
Ele lembrou que o governador deve prestar depoimento na CPI do INSS, em curso no Congresso Nacional, por suspeita de envolvimento com descontos indevidos em aposentadorias. “Ele vai ter que explicar como conseguiu do governo Bolsonaro autorização para pegar o dinheiro dos idosos. E agora quer transformar também a água de Minas Gerais numa mercadoria barata”, emendou.
Ricardo Campos (PT) denunciou que a tramitação do projeto que autoriza a privatização da Copasa foi cercada de fake news patrocinadas pelo governo estadual, que inclusive teriam atingido também o parlamentar. Essas notícias falsas, de acordo com o deputado, teriam impedido a população mineira de resistir à iniciativa, por acreditar que a Copasa não teria mais capacidade de investir na melhoria e ampliação dos seus serviços.
“Mas recorreremos à Justiça para mostrar as mentiras do Governo Zema e de seus apoiadores. O que o Bloco Democracia e Luta defende é mais investimento público, mais subsídio cruzado, para garantir água de qualidade a quem mais precisa. Eu estou do lado certo da história, ao lado do povo mineiro e dos trabalhadores da Copasa”, destacou.
Bella Gonçalves (Psol) também criticou a proposta de privatização da Copasa sob risco de proliferarem várias doenças que atacam os mais pobres e que estão diretamente ligadas à má qualidade da água. “Água limpa e tratamento do esgoto são direitos fundamentais sobretudo da população mais pobre, mas isso o pessoal da Faria Lima não quer”, afirmou.
Em contraposição às posições supostamente defendidas pelo mercado financeiro, a parlamentar prestou solidariedade ao Padre Júlio Lancelotti, que defende os mais pobres nas ruas de São Paulo e teria sofrido censura por parte dos seus superiores na Igreja Católica. “Mas é assim, todas as vozes que incomodam precisam ser caladas”, disse.
Investimento hospitalar e isenções fiscais também foram comentados
O deputado Arlen Santiago (Avante) priorizou um tema diferente em seu pronunciamento. Ele destacou a aprovação de duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs), das quais foi primeiro signatário, para garantir mais recursos para instituições públicas de saúde. A primeira delas, no ano passado, garantiu que instituições como Santa Casa e Hospital da Baleia recebessem recursos de emendas parlamentares.
Contudo, instituições como o Hospital Clemente de Faria, da Unimontes, em Montes Claros (Norte), sob a alçada da educação, ainda ficaram de fora desse benefício, situação que deve ser revertida agora após a aprovação da PEC 42/24. “Essa medida foi finalmente aprovada ontem em 2º turno com 61 votos”, comemorou.
Por fim, Lohanna (PV) elogiou a disposição do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em apurar a dimensão das isenções fiscais mantidas pelo governo estadual, que devem totalizar R$ 26 bilhões em 2026. “No último dia 8 de maio, o vice-governador Mateus Simões veio à ALMG e se comprometeu a apresentar todas as isenções, mas até agora nada”, apontou.
“Não sou contra as isenções para setores como o de transição energética. Só assim para forçar, pela via do capitalismo, esse tipo de mudança. Mas quem recebe isenções têm que devolver alguma coisa para a sociedade e elas precisam ser revistas de tempos em tempos. Quando se é rico, deixar de pagar impostos é chique, mas pobre não pode nem receber Bolsa-Família”, emendou.