Hospital do Ipsemg sofre com deficit de trabalhadores e ala abandonada
Em visita ao local, deputada Beatriz Cerqueira cobra melhoria no atendimento. Direção promete novos servidores já em setembro e retomada de obras em setor fechado há dez anos.
Dezenas de leitos fechados, demora para realização de consultas, exames e cirurgias, deficit e baixa remuneração dos trabalhadores de saúde e obras paralisadas em uma ala inteira há cerca de dez anos. Esses são alguns dos problemas do Hospital Governador Israel Pinheiro, do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), situado no Centro de Belo Horizonte.
Soluções urgentes para todos eles foram cobradas pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), em visita técnica ao local, realizada pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta segunda-feira (28/8/23).
Os problemas enfrentados pela instituição, tanto na Capital quanto no interior, já haviam sido denunciados em audiência pública realizada pela mesma comissão no dia 30 de maio deste ano. As duas atividades aconteceram atendendo a requerimentos de Beatriz Cerqueira.
Antes de percorrerem as dependências do Hospital do Ipsemg, como é mais conhecido, a parlamentar e uma comitiva de representantes dos usuários e servidores se reuniram com a direção da unidade para cobrar explicações.
Os problemas teriam começado, segundo relatado no encontro, com a transferência do instituto da alçada da Secretaria de Estado de Governo (Segov) para a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e se agravado com as mudanças operacionais feitas na pandemia.
“O fortalecimento do Ipsemg passa por nomeações do concurso e uma política salarial e de carreira atraente para todos os servidores. Caso contrário, os profissionais de saúde optarão por trabalhar em outras instituições. O servidor paga mensalmente o Ipsemg, um patrimônio dele que o governo Zema vem tentando desmontar”, criticou Beatriz Cerqueira.
Servidores e pensionistas contribuem com 3,2% de sua remuneração para o plano de saúde gerenciado pelo instituto, o Ipsemg Saúde, que tem o hospital como unidade de referência. Eles podem incluir seus dependentes como beneficiários e o Estado recolhe uma contribuição patronal para sustentar os atendimentos, que podem ser feitos na rede própria ou na conveniada.
Dos 374 leitos atuais, 88 estão fechados
A Rede Ipsemg tem três unidades na Capital (além do hospital, o Centro de Especialidades Médicas e a Gerência Odontológica) e outras 56 unidades regionais pelo interior.
No ano passado, somente no Serviço Médico de Urgência, foram 93 mil atendimentos. E mesmo com todas as dificuldades, o instituto também computou, em 2022, 11,5 mil internações, 5,7 mil cirurgias, 68,5 mil exames de imagens e 800 mil exames laboratoriais.
Segundo informações fornecidas pelos gestores da instituição, o Hospital do Ipsemg tem atualmente 374 leitos, mas 88 deles estão fechados por falta de pessoal. E a capacidade instalada supera os 500 leitos, caso a Ala B estivesse funcionando. Essa ala fechou para reforma há cerca de dez anos, mas a obra nunca foi concluída.
Segundo o diretor de Saúde do Hospital do Ipsemg, Samar Musse Dib, que está no cargo há pouco mais de um mês, as maiores carências são de profissionais de enfermagem e de médicos anestesistas. Neste último caso, segundo ele, a carência desse tipo de profissional atinge todo o setor hospitalar e não apenas a instituição.
Ao responder aos questionamentos da deputada, ele informou que o último concurso realizado deve ser homologado nos próximos dias e nomeações vão começar já em setembro, o que deve permitir reabrir parte dos leitos fechados até o fim do ano. São 280 vagas previstas no edital, mas segundo Samar Dib, as nomeações devem aumentar para 500 aprovados.
Segundo ele, a licitação para a retomada das obras na Ala B já está sendo preparada e a expectativa é de que as obras comecem em 2024.
Embora não saiba precisar prazos, ele admitiu que para alguns procedimentos há uma espera necessária mas, com a reabertura de leitos e mais profissionais, a tendência é que ela seja reduzida.
Samar Dib ainda reconheceu que o êxodo de trabalhadores de saúde no Hospital do Ipsemg é alto, em busca de maiores remunerações, mas alegou que a política de remuneração é uma decisão que cabe à direção do Ipsemg e do Executivo estadual.
Ala destruída para reforma que nunca acabou
Beatriz Cerqueira cobrou da direção do hospital para que envie para a Comissão de Administração todas as medidas que estão sendo implementadas para aprimorar o atendimento, com datas de execução e responsáveis.
Também anunciou que vai atuar para que o Hospital do Ipsemg possa receber diretamente recursos de emendas parlamentares, a exemplo do que já acontece com o hospital ligado ao Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais (IPSM).
Por fim, a parlamentar também conversou com pacientes e ainda conferiu o estado precário em que foi deixada toda a Ala B, com salas e corredores demolidos para a reforma e hoje cobertos por tapumes. O edifício do Hospital do Ipsemg tem o formato de uma letra T e a ala fechada representa a base do T em todos os andares.
Atrás deles, um cenário desolador, com muita poeira, entulho, tijolos e ferragens expostos, além de macas, mobiliário e equipamentos abandonados.


