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Catadores de recicláveis cobram retomada de ações no CMRR

Unidade do governo do Estado na região Leste da Capital já foi referência nacional em resíduos e palco de muitas atividades.

25/09/2023 - 15:12
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Catadoras e catadores de materiais recicláveis e representantes de suas associações cobraram, nesta segunda-feira (25/9/23), a retomada de atividades no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), na região Leste da Capital, que já foi referência nacional nessa área.

Eles participaram de visita da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e apresentaram suas demandas à nova coordenação do espaço.

Inaugurado em 2007, o CMRR abrigou muitas atividades, como oficinas de cozinha, seminários e outros eventos. Ele foi desativado no início da gestão Romeu Zema, mas a pressão de catadores e parlamentares evitou sua transferência para outra pasta do governo. Após reformas, a unidade foi reinaugurada há mais de um ano, mas permanece sem atividades.

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Cursos de capacitação e uso de novas tecnologias foram pedidos

Em reunião que antecedeu a visita, os catadores apresentaram demandas, como a volta dos cursos de capacitação. O local tem uma cozinha industrial com auditório para 28 pessoas. No início do funcionamento do CMRR, cursos de cozinha inteligente e aproveitamento de alimentos foram ministrados ali, conforme citado na reunião.

Cooperativas do interior também reivindicaram a instalação de uma espécie de entreposto onde elas possam juntar os produtos já empacotados para vender melhor, com maior escala, e evitar os atravessadores. “É melhor do que vender sozinho”, reforçou Anderson Viana, da associação de Nova União, na RMBH.

Pedro Eduardo de Oliveira, da Recicla Esplanada, pediu atenção às novas tecnologias e possibilidades de reaproveitamento do material reciclado, com agregação de valor. Ele citou como exemplo os cursos do CMRR para reaproveitamento de óleo, usado para fazer sabão. “Hoje já é possível fazer biodiesel”, afirmou. A compostagem de material orgânico também foi pontuada.

Nesse sentido, os catadores sugeriram a troca de experiências com quem já vem investindo na geração de valor. Itamar de Jesus Pereira, de Igarapé (RMBH), contou que na associação local, apenas o papelão é entregue a atravessadores. “Usamos o PET para fazer vassouras e trituramos alguns materiais que podem ser injetados para fazer rodos de pia, por exemplo”, disse.

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As dificuldades de quem ainda engatinha no negócio também foram expostas. Mônica Raque Ribeiro Souza, catadora autônoma, contou que ela e outras três mulheres trabalham num espaço sem água ou banheiro, fazendo a triagem de materiais no chão. Somente há pouco tempo, saíram do sol, porque conseguiram um recurso para colocar telhado na área. “Já tivemos que dividir R$ 76 por quatro, como renda mensal”, afirma.

Coordenação anuncia início de projetos

Na coordenação do CMRR há pouco mais de um mês, Ana Paula Gonçalves reiterou o desejo de retomar as atividades, a partir da escuta às associações de catadores e de moradores. “Queremos entender as demandas para fazer os projetos”, reforçou. Um dos focos, segundo ela, deve ficar na formação de catadores para gestão de projetos de coleta seletiva.

Kleynner Jardim, representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), responsável pelo CMRR, também reforçou a intenção de movimentar o espaço. Segundo ele, a equipe realizou visitas em cidades com experiências exitosas na área.

“Estamos finalizando alguns ajustes, como a instalação do sistema de gás na cozinha industrial. E já estamos em contato com o Servas e a Abrasel para retomar as formações”, afirmou. A Abrasel é a associação que reúne bares e restaurantes.

Máquinas de costura também já estão montadas no local, segundo Kleynner, para início de um curso de aproveitamento de retalhos para produção de artesanato. O CMRR tem ainda um anfiteatro com 300 cadeiras, biblioteca com publicações diversas sobre meio ambiente e um enorme pátio externo, além de outras salas.

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede), presidenta da comissão e autora do requerimento para a visita, reforçou o desejo de que o CMRR volte a ser a grande referência que foi para o tratamento de resíduo e atendimento aos catadores. Ela lembrou que instalações artísticas ao longo de toda a Avenida dos Andradas já chamavam atenção para o local.

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Para a deputada, as populações do entorno também devem ser trazidas para a iniciativa. Uma das ideias, segundo Kleynner, é a reinstalação de estrutura para voltar a receber a coleta solidária de materiais, feita por moradores da região. Essa estrutura foi desarticulada como o centro foi fechado.

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“Essa é uma pauta indispensável para quem tem compromisso com uma vida melhor para os que vêm. Sem a perspectiva da sustentabilidade, não teremos futuros.”
Ana Paula Siqueira
Dep. Ana Paula Siqueira

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