DEPUTADA LOHANNA (PV)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 04/12/2025
Página 105, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 4380 de 2025
37ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 2/12/2025
Palavras da deputada Lohanna
A deputada Lohanna – Bom dia, presidente. Bom dia a todos os colegas deputados, a todas as colegas deputadas. Bom dia aos servidores da Casa e ao público que nos assiste.
Nesta manhã, presidente, a gente precisa tomar uma decisão muito importante sobre qual é a função do Poder Legislativo dentro do Estado de Minas Gerais nesse dia, presidente, em que o nosso Estado comemora 305 anos; nesse dia em que a gente fala da nossa história e da nossa importância dentro do cenário nacional, na política nacional, na economia nacional, nas discussões nacionais. Minas Gerais importa em qualquer aspecto da análise que seja feita, então, nesse dia, acho que é um dia também para a gente decidir, presidente, qual é a função do Parlamento de Minas nessa história toda do Estado de Minas Gerais.
E aí, gostaria de relembrar uma coisa que aconteceu na semana passada, deputado Betão. Na semana passada, o governador Romeu Zema recebeu, na Cidade Administrativa, representantes da XP. Ele recebeu representantes da XP, postou e escreveu que o assunto era a privatização da Copasa. Aí eu me pergunto, e queria perguntar aos colegas deputados da base do governo, com todo o respeito, deputado Enes Cândido, deputado Vitório, deputado Arlen: meus amigos, já foi votada a privatização aqui, na Casa? Porque até onde eu saiba, ela não foi votada. Se não foi votada, o que o governador Romeu Zema está fazendo, muito objetivamente, é passando por cima da coisa mais importante que um deputado e uma deputada têm, que não é emenda nem nada disso: é o nosso voto, a nossa opção de decidir como queremos que alguma coisa aconteça ou não aconteça a partir do mandato que a população nos deu.
O governador Romeu Zema tomou a decisão de, simplesmente, deputado Leleco, fingir que a Assembleia não existe. Presidente, o governador Romeu Zema fingiu que a Assembleia não existe porque está tratando da Copasa como se privatizada já fosse. Fico me perguntando se isso não vai ter consequência e se a gente não vai impor nenhuma ordem ou nenhum tipo de consequência ao governador Romeu Zema. A gente lutou muito pela democracia e pelo Parlamento respeitado. A força do Parlamento está na maioria. Então vou respeitar, como sempre respeitei, se aqui, na Casa, a maioria entender que o caminho é a privatização e que não é preciso dar uma resposta ao governador Romeu Zema, mas não vou fazer isso em silêncio. Não vou fazer isso sem, até lá, ter deixado muito claro que a minha posição é a de que é preciso uma resposta e a de que o governador Romeu Zema está desrespeitando a Assembleia.
Além disso, presidente, queria chamar a atenção para o desrespeito que está acontecendo com os prefeitos. Olha, gente, eu não fui prefeita; fui vereadora e hoje estou deputada estadual. Aqui, na Casa, a gente tem vários colegas deputados que já foram prefeitos. Os prefeitos, ao contrário do pessoal da XP e dos banqueiros da Faria Lima, não tiveram reunião com o governador. Os prefeitos estão recebendo uma notinha impressa da Copasa – Ctrl C, Ctrl V, muda-se o nome da cidade, muda-se o nome do prefeito. Mandam uma notinha informativa avisando como vai ser o trâmite, falando sobre o marco de saneamento e tratando disso como se a privatização já tivesse acontecido. Estão tratando disso, presidente, como se esta Casa não existisse e como se ainda não houvesse uma votação para acontecer aqui em 1º e 2º turnos.
Queria chamar a atenção especialmente para a posição do prefeito Falcão, de Patos de Minas, que inclusive é esposo da deputada Lud Falcão, que faz um grande trabalho aqui, na Casa. O Falcão disse que os prefeitos querem participar desse processo. Eu queria saber se o Falcão foi convidado, como presidente da Associação Mineira dos Municípios, para participar desse processo ou se ele está sendo ignorado, assim como todos os outros prefeitos. O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, já deixou muito claro que, sendo Belo Horizonte a principal cidade pela característica superavitária do contrato com a Copasa, ela precisa ser ouvida. Belo Horizonte também recebeu uma notinha. Ou, pelo menos, presidente, se o governador se reuniu com os prefeitos da região metropolitana, ele não postou. Ele escolheu postar, Leonídio, só a reunião dele com o pessoal da XP. Ele não se reuniu com a prefeita Marília, não se reuniu com o prefeito Heron nem com o prefeito Gleidson, de Divinópolis – todo o mundo sabe que estou na oposição e que não concordo com sua atuação política, mas ele tem que ser ouvido. Prefeitos têm que participar. Divinópolis é a 10ª maior cidade do Estado e uma das principais no contrato da Copasa. Os prefeitos, que são os principais cabos eleitorais do governador Romeu Zema – e o vice-governador conta que vão ser cabos eleitorais dele também –, não foram convidados para reuniãozinha no gabinete da Cidade Administrativa. Quem foi convidado foi banqueiro da XP.
Então acho que isso precisa ser colocado, porque na hora, presidente, em que a conta de água aumentar e o serviço piorar, vou lembrar todo o mundo de uma coisa que eu disse há muito tempo, meu colega deputado João Magalhães: ninguém vai à Faria Lima perguntar para o povo da XP por que a conta está mais cara e por que o serviço está pior, mas, prefeitos, o povo vai bater à porta do gabinete de vocês. Se a cidade for pequena, vai bater à porta da casa de vocês para reclamar do aumento da fatura e da piora do serviço. E aí vamos falar que o dia 2 de dezembro é mais um capítulo do dia do “eu te avisei”, do dia do “a gente falou que isso ia acontecer”.
E aí, gente, acho que existe uma escolha muito clara que precisa ser feita, que é em relação àqueles que efetivamente trabalham pelos mineiros, que têm o seu CPF na reta todos os dias, que são os prefeitos nas cidades, ou a escolha de agradar um monte de banqueiro e o governador Romeu Zema. O que o governador Romeu Zema hoje está fazendo é um grande vale-tudo. Ele está claramente muito desesperado, porque não aparece de forma relevante em nenhuma pesquisa nacional. Quando a gente escuta os podcasts nacionais da Folha de S.Paulo, do O Estadão ou quando assistimos à CNN, à GloboNews, e as pessoas falam sobre os presidenciáveis, deputado Carlos Henrique, ninguém cita o nome do Romeu Zema. O povo fala de presidenciável, o povo fala do Tarcísio, o povo fala do Flávio Bolsonaro, o povo fala do Ratinho Júnior – governador de um estado muito menor e menos importante que Minas Gerais –, mas não fala do Zema. E, como ele está completamente desesperado com essa obsolescência, esse esquecimento, essa irrelevância para a imprensa nacional e para as pesquisas de opinião, ele precisa apelar para coisas que vão agradar ao povo que vai bancar a campanha dele.
Não dá para a gente se esquecer de que o governador Romeu Zema custeou uma pesquisa de espionagem de R$7.000.000,00 e que o Tribunal de Contas do Estado pediu explicações sobre isso ao presidente da Copasa, que espionou parlamentares desta Casa. Espionou parlamentares desta Casa, espionou movimentos sociais, espionou ativistas contra a privatização, e a gente vai chamar isso de normal? A gente vai dizer que isso é uma coisa normal? Agora pode parlamentar ser espionado, ou pode só se for o desesperado do Zema, que tenta sair do seu ostracismo e da sua irrelevância, entregando para o mercado financeiro e os banqueiros da Faria Lima aquilo, que, em dois mandatos quase inteiros, ele não deu conta de entregar? Então acho que a gente tem uma questão muito clara: de qual lado o Parlamento mineiro vai ficar?
Todos aqueles que têm prefeito, que se relacionam com prefeitos, que têm amizade com prefeitos e que dizem respeitar a Associação Mineira dos Municípios precisam efetivamente colocar isso em prática, porque os prefeitos não estão sendo ouvidos nesse processo. E o que está acontecendo com quem fica falando na eleição que é municipalista é uma ótima oportunidade de provar que é municipalista de verdade. Ser municipalista, presidente, não se trata apenas de ficar implorando ao governador que ele libere isso ou aquilo para a cidade. Ser municipalista é ouvir quem está com o CPF na reta, cuidando da população todos os dias, respondendo às demandas locais e, inclusive, a todos os erros do Estado, que, no final das contas, caem nas costas dos municípios. Essas pessoas são os prefeitos e os vereadores. E eu não estou nem pedindo ao governador que se reúna com os vereadores, mas, no mínimo, com os prefeitos, ele precisa se reunir. Reúna regionalmente, faça blocos, uma reunião por tamanho da cidade, mas o importante é que o governador faça essa discussão, inclusive, na minha opinião, antes que qualquer questão de privatização seja feita, porque é o mínimo que os nossos prefeitos e as nossas prefeitas merecem.
O presidente – Obrigado, deputada Lohanna. Com a palavra, para encaminhar a votação, o deputado João Magalhães.