80ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 2/12/2025

Palavras do deputado Doutor Jean Freire

O deputado Doutor Jean Freire – Muito boa tarde, presidente e colegas deputados. Boa tarde, público que nos assiste aqui, servidores desta Casa, quem nos assiste pelas redes sociais e pela TV Assembleia também.

Presidente, vejo aqui o deputado Leleco falar do momento de partilha que teve no mandato. Primeiro, gostaria de parabenizar o deputado Leleco Pimentel e o deputado Padre João com essa metodologia de reunir as pessoas, de discutir, de compartilhar. É assim que nós, no Partido dos Trabalhadores, aprendemos desde cedo – não é, deputado Ricardo? – a fazer plenárias, dialogar com as pessoas, conversar, ouvir e fazer autocrítica. Aprendi isso nos movimentos Fé e Política, na Teologia da Libertação e sou muito grato a quem, desde os meus 14 anos, dentre essas pessoas, a ex-deputada Maria José Haueisen Freire, que semana passada recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Sou muito grato a ela. O primeiro diploma que ela recebeu como suplente, na eleição de 1986, se não me engano, eu era adolescente e nem votava ainda, mas ela me chamou, bem como todos aqueles que participaram da campanha dela, pegou o seu diploma e o compartilhou conosco.

Na semana passada, eu estava dentro do avião para ir a essa homenagem prestada a ela pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – em nome do Prof. Heron e da Prof. Flaviana quero agradecer a todos por essa reconhecida homenagem. Na hora de partir, o avião teve uma pane elétrica, então tivemos que voltar e não pude estar lá com ela. Mas de onde está, com certeza absoluta, assim como anos atrás, ela pegou aquele diploma de suplente de deputado, cargo que depois ela viria a assumir, quando o Chico Ferramenta foi eleito como o segundo mais bem votado naquela eleição como deputado estadual, não é? Ele foi primeiro eleito como deputado estadual e depois como prefeito de Ipatinga. Com a eleição de Chico Ferramenta, a Maria José, que era suplente, assumiu o cargo dele de deputado estadual. E assim como ela dividiu o seu diploma com todos nós, eu imagino que, de onde ela estiver, estava pensando e enviando energia nesse momento em que recebia esse diploma de Doutora Honoris Causa. Com certeza ela compartilharia esse diploma com todos e todas também dos movimentos populares de tantas bandeiras que ela construiu pelo Vale do Mucuri e Vale do Jequitinhonha.

Então eu quero aqui mandar um abraço a toda a família da Maria José Haueisen Freire, que era a minha madrinha e foi uma das mães que eu tive e que me ajudou não só a me politizar, mas também a pagar os meus estudos como médico. Então quero aqui agradecer a toda essa família. Quando me formei, também dividi o meu diploma com a Maria José e com tantos outros que fizeram parte dessa minha formação.

De acordo com essa metodologia que eu dizia que o deputado Leleco Pimentel e o Padre João fizeram e, lembrando a Maria José e me espelhando nela, quando fui eleito deputado, também chamei os companheiros para uma grande plenária e dividi o meu diploma.

Nesse final de semana, Sr. Presidente, colegas deputados, com o nosso mandato, nós rodamos mais de 4.000km. Eu saí daqui na quarta-feira, no final dos processos na comissão desta Casa, e fui para o Triângulo Mineiro. Andamos por várias cidades ali e, no domingo, fomos ao Alto Paranaíba e ao Noroeste para ouvir as pessoas. Acordar todos os dias às 5 horas para sair com a caravana que a gente chama de Pé na Estrada – eu faço isso todos os finais de semana – é uma experiência maravilhosa. Eu costumo dizer que isso nos dá energia para voltar aqui, colocar esta gravata e este terno e subir aqui.

Hoje eu saí de João Pinheiro, terminando a nossa caravana, às 4h50min – ontem nós tivemos uma plenária maravilhosa no Sindicato dos Trabalhadores Rurais –, para chegar aqui, lutar e votar contra a entrega de uma empresa pública, um bem deste estado, no dia do aniversário de Minas Gerais. O Estado começa a perder um grande patrimônio – tivemos o 1º turno – no dia do seu aniversário. É muito importante chamar atenção para isso. Aniversário é um momento da gente dar presente, da gente reconhecer, abraçar, ser grato pelo quanto este estado, os mineiros e as mineiras fazem por todos nós, fazem para empoderar cada vez mais este estado; aniversário não é momento de retirar direito; aniversário não é momento de retirar um bem, um patrimônio tão precioso que cumpre um papel fundamental para os mineiros.

Mas neste dia de aniversário, eu quero também parabenizar um jovem, um cidadão da cidade de Felisburgo que chamou a população para comemorar o aniversário de uma ponte que caiu, de uma ponte que está pela metade. Por sinal, o governador já passou por lá. Talvez ele nem tenha baixado o vidro, só passou naquela região. No dia em que essa ponte caiu, eu passei lá exatamente pouco tempo depois. Ela caiu pela metade, ficando a outra parte. A gente passou com o carro na outra metade que ficou e passa por ali várias vezes ao ano. Já fiz várias filmagens, vários protestos, várias reivindicações em audiências públicas, através de requerimentos. Tenho sempre o cuidado, deputado Ricardo – se teclar o vosso nome na relação das lutas pelo Norte de Minas, com certeza vai aparecer muita coisa –, de procurar aqui… Agora, com a inteligência artificial, você pode colocar o nosso nome, o nosso mandato e relacioná-lo às lutas pelas rodovias do Vale do Jequitinhonha. Eu fico feliz quando aparece que sou o parlamentar que mais luta pelas rodovias do Vale do Jequitinhonha. E não poderia ser diferente. Eu sou o parlamentar que mais passa por aquelas rodovias. Todo mundo aqui, incluindo os servidores desta Casa, é prova viva disso. Eu repito que, independentemente do governo que lá esteja… Se der tempo – se não, vou fazer isso na Comissão de Participação Popular –, vou fazer uma fala sobre o descaso com a BR-367. A gente faz audiência, há promessas, a gente volta e faz, há mais promessas, e é preciso continuar nessa luta. Não sei se vai dar para ver a imagem e ouvir o som, mas quero mostrar dois vídeos que esse jovem fez. (- Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) Dezembro de 2021. Eu estava lá nesse momento, no dia em que a ponte caiu, cumprindo agenda. Vocês devem ter acompanhado uma enchente que chegou naquela região do Vale do Mucuri e do Jequitinhonha, pegando as cidades de Machacalis, Bertópolis, no Mucuri, Joaíma, Palmópolis, Rio do Prado, Felisburgo. Eu rodei toda essa região. Mas não foi só naquele momento, eu rodo todos os anos, várias vezes.

Esse jovem teve uma iniciativa fantástica também, que é preciso, inclusive, comemorar cada vez mais. Lembrando do aniversário de Minas, ele teve essa ideia fantástica, e eu quero, por sinal, parabenizá-lo. Por sinal, ele é meu xará: o Jean. (- Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.)

Quatro anos de descaso. Então quero parabenizar o Jean e os moradores que fizeram essa manifestação e dizer que é de fundamental importância a luta popular, deputado Ricardo, para avançarem as conquistas. E repito: independentemente de qual governo esteja no poder, o povo tem que se manifestar, independentemente de ter votado no governador ou não. Aliás, eu sempre gosto de fazer uns desafios. Ocorreu hoje a votação do projeto da Copasa. Eu votei contra; o deputado Ricardo está aqui e votou contra; a maioria de nós do Bloco Democracia e Luta também. Mas muitos deputados aqui votados, por sinal, no Vale do Jequitinhonha, votaram a favor.

Não era momento de chamar o governador, de chamar o secretário e dizer: “Olha, essa ponte aqui está há 4 anos fazendo aniversário. Nós vamos usar, como metodologia também, obstruir os trabalhos. Vamos chamar os deputados votados naquela região e vamos obstruir os trabalhos. Vamos sair daqui deste Plenário se não fizerem aquela ponte, se não reformarem as nossas estradas”. Então é um absurdo. É um absurdo isso. E as pessoas têm que saber muito bem a quem cabe isto: ao Poder Executivo. É ao Poder Executivo que cabe fazer isso. E a nós, cobrar: usar aqui a tribuna, usar todos os métodos, dentro da ética, que possamos usar para cobrar das autoridades, para cobrar o término dessa ponte. E digo mais: se passarem viajando por Joaíma–Felisburgo, Rio do Prado, Palmópolis, vocês vão ver mais descasos, crateras naquela estrada. É um absurdo. E o governador, para fazer bonitinho, andou passando por lá. Ele faz isso uma vez, para criar fatos, para criar fotos, imagens e vídeos.

Mas eu convido o governador do Estado, convido o vice-governador, que é pré-candidato ao governo, e todos os deputados… Eu, com muito orgulho, sou o mais bem votado naquela região, sou filho de lá e continuo morando lá, mas não sou o único votado lá. Então que todos os deputados possam usar esta tribuna e apontar o dedo: há um culpado; o culpado é o governador Zema, não é outro. O culpado é o governador Zema daquela ponte estar naquela situação, assim como eu não tenho medo de dizer que o culpado de as BRs estarem na situação em que estão é o governo federal, é o nosso governo. Ah, melhorou? Melhorou! Melhorou muito? Melhorou. Quem vai hoje de Itaobim a Araçuaí sabe que melhorou. Depois que o povo fechou a estrada entre Jequitinhonha e Itaobim, melhorou, taparam os buracos. Mas foi feita promessa de que a obra ia iniciar, e a obra ainda não iniciou. “Oh, doutor, mas o senhor é deputado do Partido dos Trabalhadores, o senhor vai falar isso?” Vou falar isso. Vou falar isso, porque eu sou de lá, eu vivo lá, eu passo lá. As mesmas cobranças que eu tinha em relação ao governo anterior, tenho em relação ao nosso governo. A mesma cobrança que eu tinha em relação ao governo Fernando Pimentel, eu tenho ao governo Zema, a mesma. É assim que nós temos que agir, é assim que nós temos que saber fazer. Temos que saber fazer a autocrítica, saber elogiar quando necessário for, quando possível for elogiar, mas também fazer as críticas verdadeiras, corretas, éticas, quando tivermos que fazer. Somente um povo… Eu falo isso com muita tranquilidade, porque eu aprendi com o presidente Lula que não devemos baixar a cabeça para ninguém, que nós temos que nos respeitar, que um povo que não o respeita, que a pessoa que não respeita a si própria, não vai ter o respeito dos outros.

Eu uso a tribuna hoje para cobrar do governo do Estado de Minas Gerais que, efetivamente, melhore as nossas estradas, principalmente no Vale do Jequitinhonha e no Mucuri, com obras boas, de boa qualidade, e não que saiam parecendo que foram feitas de farinha e que, dias depois, se esfarele todo o asfalto.

Para terminar, Sr. Presidente, fica mais uma cobrança em relação à BR-367. É um absurdo a situação que ainda se encontra a estrada entre Jacinto e Salto da Divisa. Neste momento, quando a chuva vem, as estradas ficam com terra e lama, e o Exército demora quase oito anos para fazer 6km de asfalto. Isso é um absurdo! E nós não podemos aceitar isso, independentemente do partido político a que somos filiados. Mais uma vez, fica essa nossa reivindicação em relação a essas duas situações.

Mais uma vez, Jean, cidadão de Felisburgo. Parabéns pelo vídeo. O nosso mandato se coloca à inteira disposição para lutarmos juntos, porque, quando o povo do Vale se junta, nós somos mais fortes. Muito obrigado, Sr. Presidente.