Comissão dá prosseguimento a sabatinas de indicados ao Conselho Estadual de Educação
Paulo José de Araújo afirma que recursos para o Ensino Superior
Para Oderli Aguiar, programas de acesso ao Ensino Superior devem ser acompanhados de políticas para permanência dos alunos nas universidades

Indicados para Conselho defendem investimento em pesquisa

Comissão Especial aprova indicação de Paulo José de Araújo e Oderli de Aguiar para Conselho Estadual de Educação.

21/03/2012 - 19:17

Mais investimento em pesquisa e implantação de medidas que aperfeiçoem os critérios de acesso às universidades foram algumas das propostas defendidas na tarde desta quarta-feira (21/3/12), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pelos professores Paulo José de Araújo e Oderli de Aguiar. Os dois estão entre os indicados para compor o Conselho Estadual de Educação na Câmara de Ensino Superior. Eles consideram que o País só vai melhorar os seus indicadores econômicos e sociais se investir maciçamente em educação.

Paulo José e Oderli foram sabatinados pela Comissão Especial de Indicação para o Conselho Estadual de Educação (CEE). A comissão deu parecer favorável à indicação dos dois nomes, destacando a experiência e o currículo dos professores. Eles discorreram sobre assuntos pertinentes à educação de Ensino Superior, no Estado e no País, e sobre o desempenho de suas atividades como conselheiros, função que já ocupavam anteriormente e para a qual foram reconduzidos por indicação do governador.

Arguídos pelo presidente da Comissão Especial, deputado Duarte Bechir (PSD), e pelos deputados Duilio de Castro (PMN) e Rômulo Viegas (PSDB), os dois conselheiros abordaram diversos temas relacionados às suas funções no CEE. Entre outros assuntos, falaram sobre o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), o alto grau de evasão escolar nas instituições de ensino superior, os programas de democratização do acesso às universidades, como o Prouni, e os investimentos necessários à pesquisa, ensino e extensão.

Mudanças
- O professor Paulo José de Araújo afirmou que, em seu último mandato como conselheiro, um dos momentos mais difíceis foi a transferência, para a esfera do Ministério da Educação (MEC) de 36 fundações estaduais, criadas pelo Governo e mantidas pela iniciativa privada. A medida foi determinada em razão de Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), acatada pelo Supremo Tribunal Federal, que obrigou as instituições particulares de educação de nível superior do Estado a migrarem do sistema estadual de ensino para o federal. Apesar da dificuldade, a migração, segundo o conselheiro, foi feita “de forma tranquila e sem solução de continuidade”.

Em resposta a uma pergunta formulada pelo presidente da comissão, o professor comentou sobre as mudanças de critérios, por parte do MEC, para a criação e manutenção de cursos superiores, como a exigência de um maior número de cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Paulo José reconheceu que em algumas áreas é difícil encontrar docentes qualificados, porque o processo de implantação de determinados cursos é muito oneroso. Ele acredita, entretanto, ser possível atingir os objetivos propostos, considerando que o MEC deu prazo para que as instituições se adaptem às novas exigências.

À pergunta sobre que motivos teriam sido decisivos para que as instituições brasileiras ficassem fora do ranking das 100 melhores instituições de Ensino Superior do mundo, Paulo José afirmou que a resposta está ligada à falta de vontade política de se destinar recursos para a pesquisa. “Temos excelentes cientistas e grandes instituições, como Embrapa, Epamig, Fapemig, entre outras, mas os recursos são parcos”, disse.

Ele reconheceu, também, que é grande, em todo o País, o número de estudantes que deixam a universidade sem concluir o curso e atribuiu essa evasão a dificuldades econômicas e sociais, acrescentando que as instituições, tanto públicas quanto privadas, vêm se empenhando para motivar os alunos a permanecerem até o fim do curso.

Lacuna - A exemplo de seu colega Paulo José, o professor Oderli Aguiar também foi reconduzido à função de conselheiro estadual após quatro anos de exercício. Em sua sabatina, foi indagado se concordava com projeto de lei do senador Cristóvam Buarque, que propõe o desmembramento do MEC em dois ministérios, um englobando especificamente as questões do ensino básico. Ele reconheceu que existe, de fato, “uma grande lacuna na educação básica”, desde há décadas, e que a vinculação do ensino superior a um ministério mais voltado para a pesquisa científica poderia surtir bons resultados. Contudo, observou que a criação de uma nova Pasta não pode favorecer o inchaço da máquina administrativa, sem resultados práticos.

Sobre a massificação do acesso à universidade durante o governo Lula, afirmou que teve aspectos positivos, uma vez que atendeu a uma parcela maior da sociedade, mas criticou o fato de que a medida “não veio acompanhada de uma política positiva de retenção dos alunos”, o que acaba gerando aumento da evasão escolar. Da mesma forma, entende que o Enem contribuiu para uma ocupação mais integral das vagas universitárias, mas acha que o modelo deve ser aperfeiçoado, de forma a valorizar mais a capacidade argumentativa dos alunos.

Oderli declarou-se favorável a todo tipo de avaliação, dentro e fora das instituições universitárias, e acha positivo uma interação entre as universidades e órgãos de classe que promovem avaliações, como a Ordem dos Advogados do Brasil e os Conselhos de Medicina.

Currículos – Formado em Direito pela Universidade Católica de Minas Gerais, Paulo José de Araújo já foi deputado estadual em Minas, na 10ª Legislatura (1983-1987). Desempenhou também a função de secretário adjunto da Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração, de agosto de 1991 a março de 1994, diretor da Carteira Agrícola e Industrial e diretor da Carteira Habitacional da Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais, entre outros cargos.

Oderli de Aguiar é licenciado em Física pela Universidade Federal de Minas Gerais e Mestre pela Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa desde 1976, já ocupou diversos cargos de coordenação na instituição.

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