Sabatinas dos indicados aconteceram em reuniões na manhã e na tarde desta terça (20)
Conselheiro de Educação por dois mandatos, José Eustáquio Coelho foi indicado para atuar na Câmara de Ensino Fundamental
José Carlos Cirilo da Silva, indicado para atuar na Câmara de Ensino Médio, defendeu o Programa de Educação Profissional
Também indicado para a Câmara de Ensino Médio, Edmar Fernando de Alcântara disse que o ensino técnico deve ser uma política de Estado, e não de governo
Para Carlos Antônio Bregunci, o terceiro indicado para a Câmara de Ensino Médio, problemas na formação dos professores e na gestão escolar têm reflexo na relação professor-aluno

Comissão aprova nomes de indicados a Conselho de Educação

Ao todo, nesta terça-feira (20), foram sabatinados sete candidatos, quatro à tarde e três pela manhã

20/03/2012 - 18:31

A Comissão Especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para ouvir candidatos ao Conselho Estadual de Educação (CEE) aprovou, em reunião na tarde desta terça-feira (20/3/12), quatro nomes. Os deputados aprovaram pareceres favoráveis a indicação de José Eustáquio Machado Coelho, José Carlos Cirilo da silva, Edmar Fernando de Alcântara e Carlos Antônio Bregunci. Em outra reunião pela manhã, a comissão já havia aprovado três indicações das seguintes pessoas: Andréa Pereira da Silva, Maria do Carmo Menicucci Oliveira e monsenhor Lázaro de Assis Pinto (atual presidente do conselho).

Já no cargo de conselheiro do CEE por dois mandatos, José Eustáquio Coelho foi indicado para atuar na Câmara de Ensino Fundamental do conselho. Ele é graduado em Geografia pela Unimontes e pós-graduado em Educação e em Metodologia do Ensino Superior. Tem 47 anos de experiência na educação, sendo 28 como diretor da Fundação Educacional de Montes Claros, que atua no ensino técnico e superior.

O relator da indicação, deputado Bosco (PTdoB), questionou o conselheiro quanto à crescente violência nas escolas e sobre formas de tentar solucionar o problema. José Eustáquio relatou uma experiência bem sucedida realizada na Fundação Educacional de combate à violência. Foi criado o projeto ‘Juventude Cidadã’, em que alunos da entidade iam para bairros carentes da cidade para ensinar a crianças e jovens, tendo sido construída inclusive uma biblioteca em um dos locais atendidos. “Foi um sucesso na recuperação de crianças”, lembrou ele, acrescentando que “é na escola que deve ser exercitada a cidadania”.

Sobre a escola em tempo integral, o conselheiro avaliou que ela “é a salvação da educação no Brasil”. Para ele, os grandes problemas da área estão no ensino básico e o País não tem investido o suficiente nem nessa faixa nem na educação como um todo. “Tanto que hoje, somos a sexta economia do mundo, mas na educação, estamos em 57º lugar”, lamentou.

PEP - Graduado em Ciências Contábeis, com especializações em Auditoria Externa e em Finanças, José Carlos Cirilo da Silva foi indicado para a função de conselheiro na Câmara de Ensino Médio. Com atuação por 16 anos no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), ele tem maior experiência no ensino profissional. O presidente da comissão especial, Duarte Bechir (PSD), perguntou se o Programa de Educação Profissional (PEP), do Governo do Estado, representava uma política eficaz nesse setor. José Cirilo avaliou positivamente o PEP, afirmando ser um projeto muito dinâmico, a partir do qual as escolas oferecem os cursos e o Estado fiscaliza a execução. “Estamos na quinta edição do PEP, com muito sucesso”, afirmou.

Já o deputado Ulysses Gomes (PT) citou pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, mostrando que 40% dos alunos de 15 a 17 anos abandonam a escola. Por outro lado, ressaltou, no caso de egressos dos cursos técnicos, 72% conseguem empregos, sendo 65% na área de formação. Comentando esses dados, José Cirilo analisou que o apagão de mão de obra vivenciado no País é reflexo da falta de investimentos em cursos técnicos. “Só assim, investindo na formação de mão de obra é que vamos acabar com esse gargalo”, concluiu.

“Ensino técnico tem que ser política de Estado e não de governo”

Também com experiência no ensino profissionalizante, Edmar Fernando de Alcântara é graduado em Administração de Empresas com especialização em Gestão Escolar e foi indicado para a Câmara de Ensino Médio. O deputado Duarte Bechir voltou à questão da formação técnica no País, afirmando que hoje há uma rede diversificada para atender a essa demanda. Ele perguntou o que seria necessário para que essa rede funcione bem e não haja sobreposição de atividades.

Com experiência de 22 anos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), como professor, supervisor e agora diretor, Edmar analisou que “a política do Brasil para o ensino técnico tem que ser de Estado, e não de governo”. Na opinião dele, os últimos governos estimularam a educação de nível superior, deixando a formação técnica de lado. Uma mudança nesse rumo estaria sendo feita agora, segundo ele, pela presidente Dilma Roussef, ao criar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), em que as ações na área são unificadas. Outra medida importante a ser adotada, na opinião de Edmar, seria investir na formação de professores qualificados para os cursos técnicos.

Relação desgastada - Por último, foi ouvido Carlos Antônio Bregunci, também indicado para a Câmara de Ensino Médio. Ele é formado em Psicologia e pós-graduado em Psicologia Educacional, sendo atualmente o diretor do Colégio Imaculada, na Capital. Relator da indicação de José Carlos Cirilo e de Edmar Alcântara, o deputado Duílio de Castro (PMN) abordou “a relação cada vez mais desgastada entre alunos e professores nas salas de aula”. Ele inquiriu Carlos Bregunci sobre aspectos desse quadro: “por que chegamos a este ponto e o que pode ser feito para mudar?”.

Na opinião de Carlos Antônio Bregunci, as maiores causas desse quadro se situam na formação dos professores e na gestão escolar. Para ele, a falta de monitoramento sobre os conteúdos que o professor passa aos alunos em sala faz que o primeiro, não tendo a formação adequada, torne as aulas desinteressantes. Isso tem como consequência a falta de motivação do aluno, levando-o muitas vezes à anarquia nas salas.

O deputado Bosco pediu a Bregunci que falasse sobre as barreiras enfrentadas pelos alunos pobres para continuarem estudando e maneiras de superá-las. Para o candidato a conselheiro, o caminho para esses estudantes seria o curso profissionalizante. “Fica muito desigual a disputa entre alunos de escolas particulares com os da escola pública”, destacou.

Por último, o 2º secretário da ALMG, deputado Dilzon Melo (PTB), exortou os candidatos a utilizarem seus mandatos para defenderem investimentos no ensino profissionalizante. “Se o País tivesse investido na educação técnica, estaríamos hoje num outro patamar; que vocês, como conselheiros, façam tudo para que isso seja mudado”, insistiu. Por fim, pediu aos candidatos que agissem para que o Conselho de Educação atuasse para acabar com as desigualdades sociais, "e não a serviço da iniciativa privada".

Consulte o resultado da reunião.