SR. JORGE REBELO DE ALMEIDA, fundador e presidente do Grupo Vila Galé
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2025
Página 4, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 4622 de 2023
11ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 22/5/2025
Palavras do Sr. Jorge Rebelo de Almeida
Muito boa noite a todos. Eu não gosto muito de protocolo, mas hoje tem que ser assim mesmo, não é? Até me deram aqui uma ajuda.
Exmo. Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Tadeu Leite; Exmo. Deputado Mauro Tramonte, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem; Exmo. Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos; Exmo. Procurador de Justiça Marco Antônio Borges, subcorregedor-geral do Ministério Público de Minas Gerais, representando o Ministério Público de Minas Gerais; secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas José de Oliveira; prefeito de Ouro Preto e presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, Angelo Oswaldo; presidente do Sebrae-Minas e da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva. É um prazer enorme estar aqui hoje com os senhores. Eu estou um bocadinho sem fala, porque peguei muito pó na obra e caminhei muito ali com o meu amigo Marcelo Tostes, que me deu o prazer de me acompanhar nessa luta para acabar uma obra, o que é sempre um desafio grande.
Eu quero dizer que é muito agradável receber este reconhecimento, mas devo dizer ainda que o maior prazer que nós temos é o de fazer as coisas. Somos uma empresa que vai fazer um dia desses 40 anos de vida, com bastante imagem, com prestígio, com duas coisas que eu acho que são muito importantes nas empresas. Hoje, para ser boa, não basta a empresa ter performance econômica e financeira boa, o que nós temos felizmente. Mas é também importante que seja uma empresa que tenha responsabilidade social, que seja solidária e que desenvolva projetos que tenham interesse no local onde se insere. E nós procuramos ter isso tudo. No nosso caso, procuramos, ao longo desses anos todos, ter um prazer redobrado em fazer hotéis que tenham qualidade e recuperar o patrimônio histórico. O Vila Galé, próximo de seus 40 anos de existência, já recuperou mais de 18 edifícios históricos, o que nos dá um prazer redobrado. Eu acho que todos nós temos a obrigação de fazer isso nos nossos países ou nos países estrangeiros. Temos feito recuperação de patrimônio não só em Portugal mas também aqui, no Brasil. Já recuperamos vários edifícios.
Neste momento, temos outros projetos em curso no Brasil: no Maranhão, em Belém do Pará, em Coruripe. Temos muito mais projetos ainda para fazer no Brasil, onde já temos 12 projetos. Somos hoje a principal rede de resorts no Brasil, que é uma das áreas que nos dá muito prazer. Nós somos uma empresa que aposta. O que fizemos, desde muitos anos, foi apostar em hotéis para famílias, para crianças, com muita animação. É evidente que temos outros setores, temos hotéis de cidade, mas o nosso grande prazer é, de fato mesmo, a animação, a diversão, grandes resorts de praia. Esse vai ser um resort de campo. Não é o primeiro, já temos um em Portugal, no Alentejo, que é o Vila Galé Clube de Campo, onde temos três hotéis, um deles para crianças exclusivamente, que é o Galé Nep Kids, que foi talvez uma das obras que mais prazer me deu na vida ao imaginar aquilo.
Eu tive cinco filhos, tenho sete netos, ainda não parei para aqui. Espero que os meus filhos me deem mais uns netos. Alguns já estão retirantes. O meu filho Gonçalo hoje está aqui comigo. Ele já tem três. A minha filha Joana já tem quatro. E ainda tenho outros filhos com potencial produtivo grande. Espero que me venham a dar mais algumas alegrias.
Eu acho que, no mundo em que se vive hoje, o turismo talvez seja… Num mundo beligerante como o de hoje, incomoda vermos que, numa situação em que se está em polvorosa, muitas vezes não há uma voz que apregoe paz e que diga: sim, queremos a paz. Devíamos pregar a paz, devíamos promover a paz e não falar, como tanto se fala, em reforçar a defesa, em reforçar a guerra. Não devíamos fazer isso. O mundo hoje está a atravessar uma fase tão complicada, tão litigante, tão difícil, e o turismo, deixem-me que eu diga, é seguramente uma daquelas atividades econômicas que, para além de gerar riqueza e desenvolvimento, gera bem-estar social para o povo.
Nós, aqui no Brasil, temos feito muito isso, temos desenvolvido projetos em regiões onde havia uma juventude enorme, com um potencial grande, e que não tinha oportunidades de vida, não tinha nenhuma oportunidade. Nós viemos oferecer-lhe uma carreira, a possibilidade não só de ter um emprego transitório, precário, acidental; não, nós lhe oferecemos formação. Nós, quando abrimos um hotel, procuramos não só dar formação àqueles que vamos empregar; buscamos dar uma formação alargada, para que alguns possam trabalhar em outras atividades. Nós, naturalmente, vamos procurar, inteligentemente, escolher os melhores para ficarem conosco, entre aqueles que vamos formar, mas vamos também formar gente que vai trabalhar nos setores em geral.
Agora, se há um país no mundo, entre os que eu conheço, que tem um potencial turístico incrível, esse país é o Brasil, mas o Brasil, como é um país que tem muita riqueza, que tem minas, que tem petróleo e tem agronegócio, não tem dado ao turismo a atenção que ele merece, e o turismo é uma atividade que tem o potencial de criar desenvolvimento social para as pessoas. As pessoas que trabalham na hotelaria evoluem socialmente muito rapidamente em razão dos contatos que têm. Imaginem um hotel nosso. Nós temos hotéis com 500, com 600 quartos, em áreas muito grandes. Não são hotéis apertados, não. Pelo contrário, são hotéis em que ninguém se sente sequer… O hotel é muito grande.
Mas são os nossos colaboradores que ajudam a fazer do Vila Galé uma grande empresa. A primeira regra de uma empresa, para ser grande, é que ela tem que dar dignidade ao seu pessoal. Ela deve ter consciência de que, numa atividade de serviços, ela pode fazer o hotel mais maravilhoso do mundo, com as instalações mais perfeitas, mas, se não tiver uma equipe profissional boa, o hotel não valerá nada, porque num hotel, o maior componente da prestação de serviços é de pessoas para pessoas. Por isso é muito importante que tenhamos muita atenção em dar dignidade ao nosso pessoal, oferecendo-lhe uma carreira, oferecendo-lhe, acima de tudo, dignidade, atenção, relevância e importância. São esses os valores que nós procuramos criar e dar às pessoas no Vila Galé.
Hoje me sinto muito, como dizem, vaidoso. Sei lá, vamos nos lembrar, de repente, de quando inauguramos um hotel em Alagoas, nós o construímos numa altura… Eu fui o criador das novas fardas do Vila Galé. Deu-me imenso prazer estar a desenhar as novas… Eu não tenho jeito para desenho, mas sei passar a limpo, com alguma imaginação que tenho, não só os projetos de arquitetura e expressão, como também as fardas do próprio pessoal. Se vocês vissem o prazer que o nosso pessoal teve na festa de inauguração do hotel com o governador que estava de saída, Renan Calheiros, e com o novo governador Paulo Dantas, que estava para tomar posse! Mas a satisfação daquelas pessoas, o orgulho e a vaidade… Nós tínhamos que dar isso às pessoas; as pessoas não têm grandes vidas e têm que ter algumas alegrias. Temos que ensinar a eles. Essa a função das empresas.
Agora, hoje, nós temos que ter responsabilidade social e nos preocupar com as pessoas e com a região à qual nos integramos, porque é aí que vamos colher grandes benefícios. Hoje o mundo precisa, de fato, de mais calma de modo geral, porque parece que alguns dirigentes que estão à frente de alguns países de grande relevância foram atacados por algum instinto terrífico de guerra, conflitos e litigâncias. Acabou-se a diplomacia, acabou-se o convívio, acabou-se o diálogo, acabou-se a convivência entre os povos. Parece que tudo é à base de violência, o que é um mau caminho para todos. Mas nós também temos voz e temos que nos opor a essa situação, porque isso não nos leva a lugar nenhum, o caminho não é esse. É, sim, um retrocesso na história do mundo, na história da evolução do mundo andarmos para trás com guerras, com complicações que não são de proveito para ninguém. Mesmo aqueles que ganham uma guerra têm um prejuízo tremendo em termos de vidas humanas, em termos de sacrifícios, em termos de desgaste. Isso sem falar daqueles que não morrem, mas ficam perturbados mentalmente, com um desgaste tremendo. Tudo isso devia ser evitado.
E o mundo hoje também precisa de outra coisa. Eu não me vou alongar muito mais, mas queria só dizer que o mundo está precisando de um grande banho de ética, de ética republicana, o que faz muita falta a todo o mundo, porque não vale tudo. O que vale são os valores, são os princípios. Todos nós temos de fazer força para que ressurjam alguns valores tradicionais que são fundamentos da sociedade.
Estou muito agradecido ao Estado de Minas. Foi muito agradável vir aqui. Aliás, viemos aqui até a convite do governo, inicialmente, para ver um projeto em Inhotim, que não está fora de mão. Acabamos por arrancar mais rapidamente porque também encontramos um prefeito muito agitado, tal como eu, frenético e que nos incentivou muito a avançar. Também não é difícil ficar encantado com Ouro Preto. Ouro Preto é uma cidade fabulosa! Ela está cuidada e é um patrimônio da humanidade. Não é favor, não é dessas coisas que aparecem do nada, mas, sim, de fato, um grande patrimônio que vocês têm aqui. Nós estivemos, em primeiro lugar, em Inhotim. Devo dizer aqui, em primeira mão, que ainda não desistimos de fazer, naquela região de Inhotim, também um projeto, que, aliás, está em fase de organização, não é, Bárbara? A Bárbara nos acompanhou também em algumas dessas iniciativas, e temos a previsão de avançar ali. Quero dizer também que o meu amigo Leônidas me empurrou para Poços de Caldas. Fomos lá com algumas pessoas que também já me falaram sobre isso. Mas esse processo ainda não evoluiu.
Nós também não conseguimos chegar a todo o lado porque a luta é grande. O mundo está a atravessar uma fase também complicada em termos de compromisso. Nós procuramos ter metas e objetivos, fazer as coisas rapidamente, cumprir prazos. Desunhamo-nos para não falhar com os objetivos, mas está cada vez mais difícil. Devo confessar que, às vezes, fico até preocupado, porque parece que as pessoas estão menos comprometidas. Essa história vem, sobretudo, desde a pandemia que enfrentamos. O que muita gente faz, sobretudo na Europa mais do que aqui, é o teletrabalho. Nós até já tivemos um caso de um diretor hoteleiro. Já é difícil tomar conta de um hotel estando lá 12 horas por dia quanto mais fora de lá. E um diretor de hotel, a certa altura, perguntou se podia trabalhar em casa. Eu disse: “Se já é difícil trabalhar aqui, não sei como você em casa consegue tomar conta de um hotel, situação que exige de você estar lá em cima, estar cara a cara com os clientes”. Mas o mundo, às vezes, parece que deu uma volta, e perdemos um bocadinho do juízo com a pandemia e não temos noção da realidade das coisas. Nós temos que continuar a “dar o litro” para que as coisas corram bem.
Meus amigos, foi um prazer estar aqui. Eu me esqueci de falar de um amigo, um querido amigo, que é um mineiro fervoroso. Até brincamos com ele dizendo ele é “doente de Minas”. Onde está o nosso amigo? Está ali. É o Bruno, presidente da Trend, uma empresa do grupo CVC, o maior operador do Brasil de turismo, que ficou muito satisfeito por virmos para Minas. Eu também estou muito satisfeito. Eu até pensei: darei um desconto à conversa e à propaganda que ele faz de Minas. Mas hoje tenho que reconhecer que ele tinha razão porque, de fato, em Minas é fácil criar amigos. Nós já criamos, no período em que aqui estamos, bastantes amigos, e isso tem sido muito produtivo e muito agradável.
Eu quero finalizar agradecendo ao nosso querido deputado que propôs a entrega desse prêmio e dessa distinção para nós. É sempre agradável. Nós não trabalhamos por isso, volto a dizer. Nós, no Vila Galé, trabalhamos porque nos dá um gosto tremendo de fazer coisas e chegar ao fim fazendo coisas bonitas. Sobretudo, eu acho que, ao fim dos anos, com a experiência que vamos ganhando, temos cada vez mais responsabilidade. Obter prêmios e obter mais distinções só nos dá mais responsabilidade para fazermos mais e melhor. E é sempre muito agradável receber o premiozinho. Eu agradeço muito o prêmio. Muito obrigado a todos. Foi um prazer estar aqui.