Proposta para facilitar privatização da Copasa tem aval da CCJ
Comissão apresenta novo texto que dispensa referendo, mas mantém quórum qualificado para aprovação de lei para venda da empresa.
Nesta segunda-feira (15/9/25), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, que tem o objetivo de facilitar a privatização da Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, recebeu o aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O parecer pela constitucionalidade, legalidade e juridicidade da matéria foi aprovado com quatro votos favoráveis e dois contrários.
De autoria do governador Romeu Zema, a PEC 24/23 originalmente suprimiria a exigência de referendo popular e de quórum qualificado para a aprovação de lei para autorizar a privatização de empresas estatais como Cemig, Copasa e Gasmig.
O relator, deputado Thiago Cota (PDT), apresentou o substitutivo nº 1, para limitar o escopo dessa alteração a empresas prestadoras de serviços de saneamento básico. Neste caso, trata-se da Copasa e de sua subsidiária Copanor, que atende municípios do Norte e do Nordeste de Minas.
Conforme essa redação, a autorização para desestatização ou federalização de empresa prestadora de serviço de saneamento básico, para fins de pagamento da dívida do Estado com a União, dependerá exclusivamente de lei específica de iniciativa do governador, dispensada a exigência de referendo.
Por outro lado, o substitutivo nº 1 preserva a exigência de quórum qualificado para a aprovação dessa lei. Assim, uma eventual desestatização ou federalização da Copasa precisaria dos votos favoráveis de 48 deputados.
Oposição critica proposta do governador
O parecer foi aprovado após muita discussão entre os parlamentares. Deputados da oposição tentaram obstruir a votação argumentando que a Copasa é uma empresa estratégica, por administrar o abastecimento de água, e, por isso, sua gestão deveria permanecer estatal.
O líder da Minoria, deputado Cristiano Silveira (PT), disse que a privatização da Copasa será danosa para o Estado. Ele lembrou que a empresa registrou lucro de R$ 1,32 bilhão em 2024 e reclamou que o governador Romeu Zema decidiu vendê-la por razões ideológicas. “As cidades mais pobres ficarão desassistidas. Não podemos cometer essa covardia”, alertou.
O deputado Doutor Jean Freire (PT) também questionou o risco de comprometer o atendimento em pequenas cidades dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. “São serviços deficitários, que devem ser compensados com o superávit oriundo dos grandes centros”, afirmou.
Já o deputado Hely Tarqüínio (PV) lembrou que a exigência de referendo para privatização da Copasa e da Cemig foi introduzida na Constituição Estadual em 2001, a partir de uma proposta apresentada pelo então governador Itamar Franco.
Por sua vez, o deputado Professor Cleiton (PV) criticou declaração do vice-governador Mateus Simões segundo a qual parte dos recursos da privatização da Copasa poderia ser destinada a investimentos em saneamento básico, contrariando, assim, a intenção original de abater a dívida do Estado com a União.
A venda da Copasa integra o pacote de medidas do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Para que Minas Gerais consiga as melhores condições para a repactuação de sua dívida, é preciso abater pelo menos 20% do saldo devedor por meio de privatizações ou com a entrega de ativos à União.
Depois de passar pela CCJ, a PEC 24/23 segue agora para a Comissão Especial, para receber parecer de 1º turno.
