Moradores do Minaslândia questionam justificativa do governo para fechamento de escola
Em visita à Escola Alberto Mazoni, eles destacaram que falta de demanda por matrículas não procede.
Moradores do Bairro Minaslândia, na região Norte de Belo Horizonte, questionaram justificativa do governo estadual para o possível fechamento da Escola Estadual Professor Alberto Mazoni Andrade, situada no local. Como enfatizaram, o governo alega falta de demanda por novas matrículas.
Eles participaram, nesta sexta-feira (10/10/25), de visita técnica da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) à escola. A atividade foi um desdobramento de audiência pública na semana passada sobre o assunto.
Atualmente, a instituição conta com apenas uma turma com 13 alunos do 5º ano do ensino fundamental. Eles já seriam encaminhados para outra escola a partir do próximo ano. A Escola Alberto Mazoni está em processo de fechamento desde 2021, conforme representante do governo estadual enfatizou nessa audiência.
Mas, segundo a moradora Andréa Aguiar dos Santos, não é por falta de interesse da comunidade. Para ela, a alegação de não haver demanda por matrículas não procede.
Além de ter dois filhos adolescentes, ela é mãe de uma criança que frequenta a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) 1º de Maio, exatamente ao lado da Escola Alberto Mazoni. Andréa Aguiar tem interesse em matricular seu filho nessa última instituição quando concluir a educação infantil.
Para ela, o fechamento da escola na região já marcada por vulnerabilidade social e violência traz ainda mais prejuízos para a comunidade. E ainda gera preocupação com o fato de o imóvel ficar vazio e poder ser palco de criminalidade.
Alunos da Emei poderiam ser encaminhados para escola
Outras moradoras do bairro reforçaram o entendimento. Uma delas foi Kênia Costa que tem filho na instituição de ensino e outro na Emei. Ela também pretendia colocá-lo na escola estadual.
Kênia Costa ainda destacou o potencial da escola em atender crianças atípicas ou com alguma deficiência, pois conta com sala de recursos. Ela criticou a possibilidade de transferência dos seus alunos para a Escola Estadual Celmar Botelho Duarte, no Bairro Providência. A escola também recebeu visita da comissão nesta sexta (10).
Na opinião dela, embora as instituições sejam próximas, a Celmar Botelho já atenderia a muitos alunos e não contaria com sala de recursos.
“A Escola Alberto Mazoni é nosso patrimônio. Muita gente do bairro já estudou na instituição quando ela ficava numa casa de madeira. Trata-se da única escola estadual com horário integral”, acrescentou.
Diretora da Emei 1º de Maio, Carla Fernandes, defendeu a permanência da Escola Estadual Alberto Mazoni ou até mesmo sua municipalização.
Como contou, a Emei conta com cerca de 100 alunos de cinco anos, os quais poderiam ser atendidos pela instituição assim que fossem para o ensino fundamental. Para ela, o fato de se localizar ao lado da escola estadual até ajudaria na adaptação das crianças.
Visita à Escola Celmar Botelho
Durante a visita da comissão à Escola Estadual Celmar Botelho, Maria de Lourdes Fernandes Caldeira, diretora da instituição, relatou que a escola atende a 690 alunos nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, em 13 salas, nos turnos da manhã e da tarde, mas o limite máximo de vagas a serem ofertadas pela escola é de 770.
Nesse sentido, de acordo com ela, a instituição tem conseguido atender a todas as demandas por matrículas, não havendo fila de espera.
Ela ainda acrescentou que, normalmente, há muita solicitações para ingresso no 6º ano, mas, mesmo assim, conseguiria absorver os 13 alunos da Escola Alberto Mazoni, até porque é uma obrigação por se tratar de porta de entrada.
Segundo a diretora, a instituição tem recebido investimentos como reforma da biblioteca e da quadra, pintura e sala de informática. Apesar disso, não conta com sala de recursos.
Parlamentar vai continuar a acompanhar situação
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão e autora do requerimento para as atividades, enfatizou que vai continuar a acompanhar a situação da Escola Alberto Mazoni. Caso não haja um desfecho positivo, nova audiência será realizada em 13 de novembro.
Conforme disse, o governo já decidiu pelo fechamento, mas a decisão tem se mostrado equivocada. Ela disse esperar uma revisão dessa medida.
A diretora da Escola Alberto Mazoni, Isabela Presley, disse que o fechamento de uma escola representa uma perda. Mas, conforme disse, questões administrativas fogem da sua competência.
Já a superintendente Regional de Ensino da Metropolitana C, Cacilda Sobreira, explicou que todas as medidas são precedidas de análises técnicas. De toda forma, se comprometeu a levar os assuntos discutidos nesta sexta (10) até a Secretaria de Estado de Educação.

