Moradores do Barreiro cobram transparência em relação à Linha 2 do Metrô de BH
Eles demandaram participação no processo de implantação da via, durante visita à Seinfra na segunda-feira (4).
A cobrança por transparência pelo governo estadual e por participação da comunidade do Barreiro no processo de implantação da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte deu o tom da visita da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) à Secretaria de Estado e Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra) na segunda-feira (4/8/25).
De acordo com informações da concessionária Metrô BH, detentora do direito de operação da concessão do serviço de transporte metroviário na Capital e em Contagem (RMBH), a Linha 2 deve ser concluída em 2029. Ela terá 10,5 km de extensão, incluindo sete novas estações: Ferrugem, Barreiro, Vista Alegre, Nova Cintra, Nova Gameleira, Amazonas e Nova Suíça.
A presidenta da comissão, deputada Bella Gonçalves (PSOL), quem solicitou a atividade, e moradores da região demandaram informações sobre a obra, sobretudo, tendo em vista a possibilidade de implantação de uma linha singela, ou seja, uma única via de mão dupla a ser usada pelo trem na ida e na volta, com cerca de dois quilômetros de extensão, entre a estação Ferrugem e Barreiro.
A proposta, já debatida em audiência pela comissão, foi novamente criticada pelos participantes da atividade desta segunda (4). Eles temem atrasos nas viagens e transtornos para usuários da futura linha, uma demanda de mais de 40 anos.
Seinfra aguarda estudo
Conforme a superintendente de Logística de Transportes da Seinfra, Larissa de Albuquerque, a pasta ainda não aprovou a instalação da via singela. Como disse, a Seinfra demandou da concessionária Metrô BH estudo técnico aprofundado sobre a linha 2, incluindo a possibilidade de via dupla e da linha singela com os diversos impactos de cada uma das medidas.
O prazo para a entrega do documento termina em 27/8, segundo a superintendente. Como contou, técnicos da Seinfra vão se debruçar sobre o estudo, assim que o receberem, para embasar a decisão.
Segundo Larissa de Albuquerque e a engenheira da Seinfra, Sabina Augusta Kauark, a concessionária Metrô BH e a MRS Logística defenderam a linha singela em uma carta conjunta no ano passado.
De acordo com elas, a carta aponta locais de estreitamento preocupantes na pista entre as duas estações como na entrada do pátio da MRS e próximo a uma balança de precisão que funciona diariamente. Além disso, há áreas de ocupação e de desapropriação.
Moradores criticam linha singela
Para o morador do Barreiro José Mariano de Lana, a linha singela traria um tempo grande de espera para o usuário do metrô. Como contou, a região tem hoje mais de 300 mil habitantes, sendo um berço operário, no qual o transporte público é fundamental para que as pessoas cheguem ao trabalho.
Ele apontou para o risco de subutilização da linha, caso ela não se mostre vantajosa para o usuário. “Hoje você tem um sistema de transporte alternativo. As pessoas não vão abandonar o uber, a moto e o carro, mesmo com o trânsito caótico, para pegar um trem que não resolve os seus problemas”, disse.
Também segundo outro morador do Barreiro, Dilson José de Oliveira, a linha singela não resolve as demandas da localidade.
"O tempo de viagem vai ser longo e a gente ainda vai ter que fazer uma baldeação. Somos uma população grande, mas infelizmente mal servida com a questão viária. Por isso, nós esperamos o metrô de linha dupla para podermos ir e vir com tranquilidade”, ressaltou.
Moradores presentes na visita ainda apontaram o desejo de participar da discussão sobre a implantação da linha.
Para Sindimetro, governo estadual deveria ser mais ativo
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), Daniel Glória Carvalho, representantes do governo estadual deixaram claro durante a visita que vão aguardar dados referentes aos impactos da implantação da via singela em elaboração pela Metrô BH.
“Na visão do sindicato, o Governo do Estado deveria ser mais protagonista e ativo para estabelecer esses parâmetros, com a possibilidade, inclusive, de se criar uma agência reguladora do transporte metroferroviário para Minas Gerais”, defendeu.
Deputada defende participação da comunidade
Para a deputada Bella Gonçalves, embora a Seinfra não tenha autorizado a linha singela, o assunto merece atenção e acompanhamento porque declarações do vice-governador e outras divulgadas pela imprensa mostram que o Estado tenderia a aceitar a proposta.
No fim da visita, a parlamentar lamentou que, inicialmente, a equipe da ALMG tenha sido impedida de acompanhar a atividade. A situação, no entanto, foi revertida posteriormente.

