As expectativas com relação aos rumos da política nacional após a posse de Lula na Presidência da República deram a tônica dos discursos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Na Reunião Ordinária de Plenário desta terça-feira (6/12/22), três deputados abordaram o tema sob diferentes prismas, dois na expectativa de concretização de propostas da equipe de transição, e um, na defesa da mobilização em favor de pautas da direita.

Em sua primeira fala após o segundo turno, o deputado Betão (PT) avaliou que a eleição de Lula fez prevalecer a vontade popular que enfrentou vários empecilhos: o bombardeio de fake news e a intimidação por parte dos militares, entre outros.

Por outro lado, Betão lamentou ver nas portas dos quartéis manifestações golpistas. Na sua opinião, o movimento é financiado por empresários fascistas que buscam incitar militares a impor novo regime autoritário no País. Ele defendeu a investigação e a punição dos envolvidos.

A mesma mentalidade fascista, segundo o parlamentar, está por trás das ameaças feitas por cidadão armado, em Moeda (Região Metropolitana de Belo Horizonte), ao bispo Dom Vicente de Paula Ferreira, conhecido por sua luta nas causas sociais. Betão informou que solicitou a inclusão do religioso no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

Betão concluiu que “quem pode enfrentar o golpismo é o povo”. E nesse sentido, colocou seu gabinete à disposição para organizar caravanas de trabalhadores e estudantes para a posse de Lula. "Estaremos junto com o movimento social. Força na luta!”, disse.

Mobilização da direita

O setor que se coloca no campo ideológico oposto foi objeto do discurso do deputado Cleitinho Azevedo (PSC), que conclamou a população que se identifica com a direita a se mobilizar.

Segundo ele, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) quer aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para dar mais poder ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

O parlamentar tinha em mãos várias páginas de processos judiciais contra Renan Calheiros. Recém-eleito senador, Cleitinho Azevedo também pediu que a população se mobilize pela eleição de novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

“Nos mandatos de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, várias pautas importantes ficaram engavetadas, como a da CPI da Lava-Toga; espero que surjam outros candidatos”, completou.

Por último, o deputado fez um apelo ao Governo do Estado e a sua base na ALMG para que destranquem a pauta do Plenário.

“Precisamos votar projetos importantes que estão parados desde agosto”, disse. Ele lembrou de projeto de lei de sua autoria que reduz a conta de água, ao retirar a tarifa cobrada pelo tratamento de esgoto em municípios onde esse serviço não é oferecido.

Brumadinho e Mariana 

Ao abordar a necessidade de promover a reparação dos danos causados pelo rompimento das barragens em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e Mariana (Região Central do Estado), o deputado Virgílio Guimarães (PT) destacou a importância da nova gestão federal no processo.

"Quase dois anos se passaram depois que foi assinado o acordo entre o Governo de Minas e a Vale, e nada foi feito”, criticou.

Nesse sentido, ele valorizou o trabalho que a Assembleia vem fazendo, de intermediar e fiscalizar a realização das obras previstas para compensar a “tragédia-crime de Brumadinho”.

E defendeu que a Casa atue também na reparação do crime em Mariana, já contando com a participação do novo governo federal, em que ele manifestou esperança de maior priorização.

Na avaliação de Virgílio Guimarães, é importante que algumas propostas sejam colocadas em prática, em vez de se aguardar grandes obras.

Ele propôs que sugestões defendidas na Comissão de Participação Popular possam ser concretizadas, especialmente nas áreas de saúde, desenvolvimento social e cultura. “Faço um apelo para que não se espere tudo, mas que se faça pelo menos uma parte, pois temos todos os recursos disponibilizados”, afirmou.