DER-MG anuncia R$ 96 milhões para recuperação da MGC-452
Anúncio foi feito em audiência pública nesta quinta (2) em Tupaciguara. Em estado precário, trecho que será recuperado de rodovia estratégica para o agronegócio liga esta cidade a Araporã, na divisa com Goiás.
Um edital que deve ser publicado nesta sexta-feira (3/10/25) no Diário Oficial de Minas Gerais promete encerrar o drama para quem precisa da MGC-452, entre Tupaciguara e Araporã (Triângulo Mineiro), para se locomover ou viabilizar seu negócio.
Esse ato vai garantir R$ 96 milhões para a recuperação da estrada e a expectativa é de que a obra, que deve durar um ano, comece no ano que vem, após a temporada de chuvas.
Bastante comemorado, o anúncio foi feito pelo diretor-geral do Departamento de Estrada de Rodagens de Minas Gerais (DER-MG), Matheus Guimarães Novais, em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) realizada nesta quarta-feira (2/10/25), na Câmara Municipal de Tupaciguara.
A reunião atendeu a requerimento da deputada Maria Clara Marra (PSDB), que também comandou uma visita, antes do debate, a alguns trechos da estrada.
Segundo o diretor do DER-MG, a expectativa é de que o contrato para a realização da obra seja assinado ainda em 2025, o que permitiria o início imediato da restauração da MGC-452. Juntamente com Maria Clara Marra e lideranças da região, Matheus Novais participou da visita aos trechos mais precários da estrada, sobretudo de Araporã no km 29, sentido Tupaciguara.
Às margens da rodovia estão instaladas dezenas de propriedades que exploram a agropecuária, o setor sucroenergético e, claro, há ainda muitos quilômetros com plantação de cana-de-açúcar. Na pista, o cenário é mais desolador, com buracos, remendos se desmanchando e, na maior parte, não há sequer acostamento.
“As intervenções tapa-buracos não resolvem mais. A rodovia recebe tráfego pesado e isso exige uma solução complexa e definitiva”, reconheceu o diretor do DER. Conforme explicou, o projeto já está pronto e prevê intervenções diferenciadas.
Em muitos pontos o asfalto será refeito, inclusive com obras de drenagem para evitar alagamentos, além de novos acostamentos e troca de sinalização. “Além de beneficiar a economia local, vamos salvar vidas”, completou.
Segundo Maria Clara Marra, entre as rodovias estaduais mineiras, com um total de 22 mil quilômetros, a MGC-452 é a oitava rodovia em números de acidentes e a sexta mais letal, apesar de viabilizar o transporte de cerca de R$ 1 bilhão anualmente em produtos devido à localização estratégica.
“São R$ 96 milhões carimbados. Esse compromisso assumido agora pelo governo estadual da publicação do edital não foi mais uma promessa, mas sim resultado de uma luta longa e árdua. Afinal, a vida não acontece só em Belo Horizonte ou Brasília, mas nas ruas, nas cidades menores, junto com a população”, lembrou Maria Clara Marra.
“Essa vitória nasceu de uma discussão que nasceu aqui na Câmara de Tupaciguara, no Poder Legislativo municipal”, comemorou Maria Clara Marra, ao lembrar que a audiência foi pedida pelo Movimento Renova 452.
Rodovia mata e também agoniza sem obras
“Eu vi essa rodovia nascer e agora estou vendo ela morrer”. A frase foi dita pelo comerciante Lione Martins Diniz, 81 anos, que nasceu em uma fazenda da família na altura do km 29, que coincidentemente marca o início do pior trecho da MGC-452, no sentido Araporã.
Ele lembra que presenciou a abertura da primeira trilha que deu início a implantação da estrada, em 1972. O asfaltamento mesmo só chegou, segundo ele, em 1979. Em 1994, ele abriu um pequeno restaurante às margens da estrada, que abriu e fechou ao longo dos anos conforme o movimento de veículos variava em sintonia com os piores momentos de degradação da estrada.
Agora, ele comemora o anúncio de recuperação da rodovia para tirar do papel um plano antigo de negócio: montar um posto de gasolina para atender muitos dos cerca de 1.450 veículos que trafegam diariamente por ali. Esses dados, segundo Leone, foram coletados por uma câmera instalada no seu comércio a pedido do próprio DER-MG.
Ele foi um dos participantes da audiência realizada pela ALMG na Câmara de Tupaciguara, assim como o presidente do órgão, o vereador Moacir Júnior, que ao lado de outros vereadores comemorou bastante o anúncio da recuperação definitiva da estrada.
“A gente só vai parar de lutar quando virmos as máquinas na pista, mas a gente também vai fiscalizar as obras depois disso. Nossa cobrança sempre foi para que o problema seja resolvido de forma definitiva”, disse Moacir Júnior.
Seu colega de Araporã, o vereador Valdivino José, presidente da câmara local, também não escondeu a felicidade com o anúncio do DER-MG. “Essa luta é das duas cidades, Tupaciguara e Araporã, e é com muita alegria que agora temos uma nova esperança de acabar de vez com o problema”, definiu.
Rodovias estaduais coincidentes, ou MGC
MGC é a sigla para rodovias estaduais coincidentes. O Sistema Rodoviário Estadual mantém, em seu cadastro, um rol de rodovias estaduais coincidentes com vias federais planejadas (não implantadas pela União) ou incorporadas pelo DER-MG.
Até então nomeadas “Rodovias Estaduais Transitórias – MGT”, parte dessas vias teve sua nomenclatura alterada para “Rodovias Estaduais Coincidentes” por uma Resolução de 2006 do Conselho de Administração do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).


Duas cidades, uma luta
Apoiador do Movimento Renova 452, o deputado federal Zé Vítor (PL-MG) destacou que a mobilização da população reforça o senso de urgência do caso. “Não foi o acaso que nos trouxe aqui. A recuperação do trecho é uma prioridade da região. Afinal, essa rodovia não foi feita para morrer, mas temos que fazer com que ela renasça”, resumiu.
A presidente do Sindicato Rural de Tupaciguara, Kátia Moreira de Moura, definiu o anúncio das obras na MGC-452 como um “presente” também para as localidades rurais da região que cresceram muito nos últimos anos e também dependem da estrada.
O diretor da empresa Bioenergética Aroeira, Gabriel Junqueira, lembrou que a duplicação da BR-365, na mesma região, fez a MGC-452 perder fluxo de veículos, mesmo representando um trajeto mais curto. “A reforma dessa estrada será bom para os negócios e bom para os moradores de Araporã e Tupaciguara, que eram uma única cidade até a década de 1990”, lembrou.
Seu colega de negócios, o diretor-jurídico da Araporã Bioenergia, Renato do Vale, também celebrou a notícia. “Essa rodovia nos une em um propósito único. Carimbar esse recurso vai trazer benefícios sociais e econômicos para a região”, finalizou.
