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Cemig Agro melhora atendimento ao setor, mas ainda tem falhas

Maioria dos convidados elogia programa; já OAB critica atraso na ligação de usinas fotovoltaicas pela concessionária. 

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Lançado em 2024 com o objetivo de melhorar o fornecimento de energia elétrica para o produtor rural, o programa Cemig Agro já melhorou significativamente o atendimento a esse setor, mas ainda precisa avançar mais. Essa foi a principal conclusão tirada da reunião que as Comissões de Minas e Energia e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizaram na terça-feira (9/9/25).

Requerida pelos presidentes das duas comissões - os deputados Gil Pereira (PSD), e Raul Belém (Cidadania) -, a audiência pública reuniu gestores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), autoridades e entidades envolvidas na atividade rural. Afora o reconhecimento quase unânime do empenho da empresa em aprimorar a assistência a esse setor, ficou patente a necessidade de aprimorar processos, especialmente quanto à ligação de usinas fotovoltaicas.

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Marcos Montes Cordeiro, vice-presidente executivo da Cemig, destacou que o Brasil é hoje uma potência mundial no agronegócio: “O Brasil alimenta o mundo, com produção recorde de 345 milhões de toneladas”. Acrescentou que Minas é um dos principais responsáveis por esse desempenho, com o setor agropecuário superando a mineração pela primeira vez na participação no PIB estadual. Daí a importância de a concessionária priorizar o agro mineiro, afirmou o gestor.

Por outro lado, ele reconheceu que a infraestrutura não acompanhou todo esse incremento do agro brasileiro. “Nossa infraestrutura não conseguiu acompanhar o desenvolvimento do campo”, disse ele, completando que o Cemig Agro busca suprir parte dessa gargalo estrutural. Um dos objetivos é ampliar a rede trifásica atingindo 30 mil km (31% do total) e fortalecer também as redes monofásicas. 

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Extensão da rede corresponde a treze voltas na Terra

Cicéli Martins Luiz, superintendente de Desenvolvimento do Agro e Parcerias Sociais da Cemig, disse que o projeto é um vetor de desenvolvimento para o campo. “Temos 9 milhões de clientes, atendendo a uma área do tamanho da França, com uma rede correspondente a 13 voltas na Terra; é um desafio, principalmente no campo”, declarou.

Ela trouxe números que dão a dimensão da importância do setor agrícola: 61% dos municípios mineiro tem o setor como um dos três principais. Informou que dos 6,6 milhões de hectares plantados em Minas, só 17% são irrigados. O setor agropecuário tem mais de 1 milhão de clientes, ou seja, 12% do total, representando 30% do faturamento da empresa. 

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A Cemig teria implementado várias ações para agilizar o atendimento: ampliou suas equipes de manutenção; criou seis superintendências, seis gerências regionais; e implantou um telefone grátis (0800-7216600), “com equipe treinada para entender o produtor rural”. Além disso, foram entregues bases operacionais que facilitam o atendimento ao produtor em 76 municípios, para reduzir o tempo de deslocamento das equipes.

Foram convocados mais de 220 eletricistas em concurso público, o que levou a redução de 17% no tempo de interrupção médio no fornecimento de energia), redução da quantidade de quedas, e ainda, diminuição de 30% nas reclamações junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Outra ação em curso visa a ampliar o fornecimento de eletricidade para 723 municípios, que terão mais de uma fonte de energia. Das 200 novas subestações prometidas até 2027, mais de 140 já estão funcionando, de acordo com Cicéli Martins. Ela destacou ainda o programa Bônus Motor, em que a Cemig troca motores velhos por novos, oferecendo desconto de 40% na compra do produtor. 

OAB reclama do atraso na ligação de usinas fotovoltaicas

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Catherine Capdeville, da Comissão de Agronegócios da OAB-MG, reclamou dos problemas enfrentados por produtores rurais para obterem a ligação de suas usinas fotovoltaicas pela Cemig. Segundo ela, a empresa estabelece o prazo de 120 dias para que os solicitantes cumpram todas as etapas, que incluem, entre outras, o parecer de acesso, a instalação da usina, e por último, a autorização da ligação pela concessionária. Esse prazo, segundo a advogada, seria muito curto para o produtor realizar todo o processo.

“O produtor não vê a Cemig como aliada, mas como inimiga, que lucra com o atraso na ligação das usinas fotovoltaicas”, disse. Conforme acrescentou, se não for cumprido o prazo de 120 dias, o produtor é obrigado a requerer novo parecer de acesso e começar do zero todo o processo.

Em resposta, Cicéli Martins disse que a Cemig busca agir como a legislação prevê, mas que, diante das críticas, vai apurar melhor a questão.

Já Marcos Montes ponderou que parte dos atrasos surge porque são feitos embargos judiciais por produtores, o que atrasa ainda mais a instalação das usinas. “A OAB pode nos ajudar nessa conscientização dos produtores, para evitar que isso aconteça”, conclamou.

Catherine Capdeville replicou que a OAB já tem feito esse trabalho com os produtores, inclusive com a criação de grupo de estudos para buscar a melhor solução jurídica que atenda ao segmento, extrajudicialmente. 

Deputado defende melhoria da infraestrutura

O deputado Raul Belém reconheceu o esforço da Cemig em atender melhor o agropecuarista, como mostram os mais de 70 mil atendimentos em 2025. No entanto, lembrou a necessidade de ampliação da irrigação em Minas, o que só será obtido com maior oferta de energia elétrica e de infraestrutura. “É importante também o governo investir na melhoria das estradas, pois com o desenvolvimento do agro, a capacidade das rodovias tem que aumentar”, disse.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PL) lembrou que, como homem público, já lida com a Cemig há mais de 35 anos. “Antes, a dificuldade para as coisas avançarem era muito grande - em Jacuí, onde fui prefeito, qualquer ventania derrubava toda a energia e hoje, temos duas redes, em que foram investidos R$ 10 milhões”, elogiou. Citou também o caso de São Tiago, capital estadual do biscoito, onde eram frequentes as quedas de energia, e atualmente o problema foi superado com a instalação de uma subestação.

O deputado Gil Pereira anunciou a inauguração de outra usina fotovoltaica no Norte de Minas, de 85 MW, em Grão Mogol, que se junta à do Município de Montes Claros. Elogiou o quadro de funcionários da Cemig e considerou a empresa “a maior indutora do desenvolvimento de Minas Gerais”.

O deputado Arlen Santiago (Avante) também enfatizou o grande investimento da Cemig, depois que Zema assumiu o governo do estado. “Vemos grande quantidade de subestações sendo instaladas no Norte de Minas”, valorizou. E citou o avanço do programa Minas Trifásico na região, chegando à zona rural de São Francisco (Norte).

O deputado Grego da Fundação (PMN) destacou o investimento da concessionária na área cultural, dando o exemplo do patrocínio ao Festival de Viola Caipira, em São Lourenço (Sul).

Já o deputado Doutor Maurício (Novo) avaliou que os investimentos atuais da Cemig permitiram grandes melhorias no atendimento, reduzindo drasticamente os picos de energia.

Evacir de Oliveira Júnior, gerente estadual da Agricultura Familiar e Agronegócios do Banco do Nordeste do Brasil, informou que a instituição atende a 249 municípios da região mineira da Sudene, com 29 agências. Na opinião dele, os investimentos da Cemig vêm se somar aos esforços do BNB para fomentar a produção no Norte de Minas e Jequitinhonha.

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Deputados analisaram os resultados do programa que leva energia à zona rural de Minas TV Assembleia

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