DEPUTADO DOUTOR JEAN FREIRE (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2025
Página 26, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023
32ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2025
Palavras do deputado Doutor Jean Freire
O deputado Doutor Jean Freire – Muito bom dia, colegas deputados, público que nos acompanha, Sr. Presidente. Deputado Hely Tarqüínio, eu quero começar a minha fala me dirigindo a V. Exa. V. Exa. disse que pensa diferentemente da maioria que aqui está, mas V. Exa. pensa igualzinho ao que pensava há mais de vinte anos. V. Exa. pensa igual ao que pensava no momento de votar para que o povo tivesse o poder de dizer se quer ou não que se venda a empresa do povo. Então, parabéns, Dr. Hely Tarqüínio. Parabéns.
Pessoal, primeiro eu quero que cada um e que cada uma daqui saibam… Aliás, nem preciso dizer isso a vocês. Vocês nos acompanham nas redes sociais, nas audiências públicas. Vocês sabem que quem vos fala aqui é um parlamentar que defende o referendo, que defende a Copasa, que defende que a água não pode ser privada. Ela tem que ser da iniciativa pública. Água e energia têm que ser uma questão de soberania.
Mas permitam, antes de entrar na minha fala, que eu dirija palavras ao presidente. Há várias maneiras de chamar V. Exa. Poderia, apesar da idade, dizer, por uma questão de respeito, “o senhor”. Posso dizer, como nós tratamos cada colega daqui, “vossa excelência”. Mas me permita quebrar o protocolo e chamá-lo de “você”. Porque você, presidente Tadeu, entra, muitas e muitas vezes, pela mesma porta pela qual nós entramos. Pela mesma porta. Você, presidente Tadeu, está, em todos os ambientes desta Casa, dialogando de igual para igual, em muitos momentos, com todos nós, seja de oposição, seja de governo.
Você, presidente Tadeu, e é bom que cada um daqui saiba disto… Quando eu era líder da Minoria, e o deputado Ulysses, líder de bloco, você esteve conosco, iniciando o trabalho em relação ao Propag em Brasília, junto com o senador Rodrigo Pacheco. Você, presidente Tadeu, esteve por outras vezes lá. Inclusive, muitas vezes foi ao governo federal tentando estabelecer diálogo e procurava a nós, do Bloco Democracia e Luta, mostrando toda essa angústia. A vida nos pede coragem. E eu nunca me acovardei em defender o que eu acho correto. Nunca me acovardei. Como nunca me acovardei em combater o que acho errado.
Eu quero dizer a V. Exa. que tenho orgulho de ter votado em V. Exa., por duas vezes, para presidente desta Casa. Eu o faria novamente, se fosse presidente. E quero parabenizá-lo pelo trabalho que, muitas vezes, nós sabemos… Só nós que estamos aqui sabemos como muitas vezes V. Exa. conduziu os trabalhos, fazendo com que, em projetos que não fossem interessantes para o nosso povo, demorássemos mais, dialogássemos mais. Eu quero aqui dizer – e é bom que as pessoas… Acho que todo mundo sabe disto: o Presidente Tadeu não vota. Ele não vota. Ele tem conduzido este trabalho da melhor maneira, ouvindo todos os lados. Inclusive, eu tenho certeza absoluta de que ele nunca fugiria do diálogo. Tenho certeza absoluta.
Feita essa fala – e a farei quantas vezes for necessário… Eu tenho orgulho de estar no terceiro mandato. Cheguei a esta Casa, e V. Exa. já estava nela. Temos amizade, respeito. Então, me permita tê-lo chamado de você, porque é assim que você nos trata.
Dito isso, eu quero dizer a vocês que chegamos a um dia emblemático, o dia em que se completam 10 anos do crime de Mariana, que, de uma certa maneira, tem a ver com esse bem maior que é a água. Tem a ver com o bem maior que é a água. Até hoje as comunidades ribeirinhas sofrem. Até hoje as comunidades ribeirinhas sofrem com o que foi feito com o Rio Doce. Até hoje. Nós temos projetos. Eu, inclusive, tenho um projeto que determina que o Rio Santo Antônio seja de preservação permanente, tentando reparar um pouco, porque nunca vai haver reparação. Nunca vai haver. Só quem perdeu um ente querido, perdeu um familiar, perdeu um amigo próximo, só quem viu aquela lama chegar e, até hoje, fazer o que está fazendo com a saúde do nosso povo – muitos adoeceram e permanecem assim – sabe o que foi e o que será para sempre o crime de Mariana.
Inclusive eu acho que hoje, mantendo o direito do nosso povo, o referendo do nosso povo, o direito do povo de dizer se quer ou não… Para mim, é tão primordial, é tão simples dizer ao povo se deve ou não vender o que é seu. É também uma pequena resposta, é também uma pequena resposta que se dá a esse triste aniversário de 10 anos desse crime. É muito importante que aqui nós possamos falar para vocês, falar também para cada um que ainda está nos assistindo dos lugares mais longínquos desse estado que o que está em jogo aqui não é vender a Copasa. Eu acho que é bem pior do que vender a Copasa. Pior do que vender a Copasa, que faz um trabalho exemplar… Nós temos visto nos últimos dias como o ataque foi maior ainda à Copasa. Basta entrar no Instagram, nas redes sociais, para ver como nos últimos dias o ataque foi mais frontal, mais frontal. Publicações colocavam as condições da água e muitas outras questões até reais. A gente tem a coragem de falar e definir o porquê disso. Por que precarizar e bater tanto numa empresa que dá tanto lucro para este estado, que dá tanto lucro para este estado?
É importante que nós possamos dialogar com o nosso povo. O que está em jogo é pior do que privatizar, é tirar um direito. E para que tirar esse direito? Por que não deixar o povo escolher, já que falam que ele está insatisfeito com a Copasa? Esse é o primeiro passo para vender a Copasa, esse é o primeiro passo para colocar a Copasa na mão de quem tem sede. Olha bem: o governo Zema quer colocar a Copasa na mão de quem tem sede, mas não de quem tem sede de água, e sim de dinheiro, de lucro.