Pronunciamentos

DEPUTADO LUIZINHO (PT)

Discurso

Elogia a condução democrática do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Leite. Critica o governador Romeu Zema pela intenção de privatizar a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa – e apresenta argumentos contra a privatização da empresa.
Reunião 32ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2025
Página 22, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023

32ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2025

Palavras do deputado Luizinho

O deputado Luizinho – Bom dia a todas e todos. Quero saudar os trabalhadores e as trabalhadoras da Copasa, os 10 mil trabalhadores da Copasa que estão aqui resistindo. Isso faz parte da democracia. A democracia pressupõe o confronto, o conflito de ideias. E é nesse confronto, nesse conflito, que a gente acaba achando um caminho de meio termo, que a gente acaba se encontrando. A democracia é assim.

Quero também saudar o presidente desta Casa. Tenho dito que o grande responsável por esse projeto é o governador Zema. É o governador, que está aí passeando, que está na internet e caçando like no TikTok, o grande responsável. Os 50 deputados que estão aqui, lógico, pressionam majoritariamente a presidência da Casa, e a Casa tem que fazer o seu papel de atender a maioria. O presidente é presidente de todos, mas atua democraticamente, conduzindo os trabalhos pela maioria. É a legitimidade da democracia. Se a sociedade elegeu os deputados que estão aqui, assim deve ser respeitada a democracia e assim o presidente faz a condução. Ou seja, a condução da presidência desta Casa é tão somente no sentido de conduzir de acordo com o retrato que há da sociedade aqui, que são 50 deputados, que, claro, pressionam a presidência, e a presidência faz o seu papel. É bom a gente falar isso sempre, porque esse é o papel da presidência desta Casa. E devemos respeitar a democracia.

Também gostaria de dizer aos colegas deputados e às colegas deputadas que essa luta dos trabalhadores e das trabalhadoras da Copasa é porque são 10 mil trabalhadores – todos sabem e nós também. E a primeira vítima das privatizações são os trabalhadores. A metade deles será demitida; não há como segurar isso. Podem pôr na lei, podem por onde quer que seja, mas não se segura isso. Privatizou-se, demite-se; privatizou-se, reduzem-se salários. Cinco mil serão demitidos, e a outra parte, que não será demitida, terá salários reduzidos com o tempo. Isso é o que acontece em toda empresa que é privatizada. O capital, os fundos de investimentos, não terá nenhum sentimento, nenhuma preocupação com a vida das famílias desses trabalhadores e dessas trabalhadoras.

Então a angústia dos trabalhadores é essa; é o Zema; é o governador. Ele está tirando o sustento das famílias. O trabalhador da Copasa sabe que vai perder o emprego, sabe que a família vai passar necessidade, sabe que, provavelmente, pelos anos que tem na Copasa, não terá outra atividade na sociedade para sustentar a família. Por isso essa privatização é diferente de uma privatização de uma rodovia, de que nós reclamamos e por que lutamos, mas são R$15,00 que se paga lá. Você vai pagar uma vez, duas vezes, mas não se está mexendo no sustento de nenhuma família. É por isso que os trabalhadores e as trabalhadoras da Copasa estão mobilizados. Eles sabem que a primeira vítima são os trabalhadores e a segunda é a população. Todas as vezes que se privatizou qualquer empresa de saneamento neste país ou no mundo, piorou o serviço, ficou mais cara a tarifa, mais alta, e não há transparência. Eles falam: “Olha, o capital vai entrar, vai fazer…”. Não vai. São fundos de investimentos. Vão pegar a nossa empresa, vão extrair todo o lucro possível, e depois podem dizer: “Ah, quebrou, faliu, entrou em concordata”. Como aconteceu agora com as Lojas Americanas, supersólidas. Um dos acionistas, majoritário, é o homem mais rico do Brasil – Lemann, dono da maior fortuna deste país. E falou que quebrou. Deu um prejuízo de R$50.000.000.000,00. Eles não têm escrúpulos. Companhias aéreas já quebraram, telefonias já quebraram. O povo brasileiro; nós, políticos, deputados; e o governador deste nosso estado não podemos deixar que o povo mineiro seja tratado dessa forma para o grande capital. Não há nenhuma vantagem. Eu vejo colegas falando: “Fiz uma pesquisa, todo o mundo reclama da Copasa”. Mas não é isso que está em jogo. Não é o reclame da Copasa, não é o fato de a população reclamar do serviço. É claro que todo serviço tem críticas, assim como todo deputado é criticado, e ninguém pede ao deputado que deixe o seu mandato. Imaginem se a gente fosse tirar os deputados ou o governador por reclamação da população. Não haveria nenhum governador que ficasse sentado na cadeira. Então não é porque reclamam da Copasa que nós vamos dar o remédio que mata a Copasa, mata o serviço. O remédio não é esse. O remédio é fazer uma gestão democrática da empresa. Não há nenhuma empresa neste nosso país, Dr. Hely, que dê 20% de lucro líquido. Uma empresa dá 3% ou 4% de lucro. A Copasa dá 20% – de R$7.000.000.000,00, lucrou R$1.380.000.000,00. Em três anos e meio, o lucro da Copasa vai pagar a Copasa, vai pagar o valor estimado de R$5.000.000.000,00. Não vai melhorar o serviço. Vai pegar o patrimônio do povo brasileiro e entregar para a iniciativa privada, especialmente para os fundos de investimento, sejam lá quais forem. Isso piora o serviço. Não podemos nos iludir com esse capital; não podemos ser tolos, ingênuos, inocentes. Não vou dizer o que o Zema parece ser na internet, com este TikTok, de ficar se vestindo de herói, comendo banana com casca; fazendo bobagem e palhaçadas na internet para ter visualização e likes – o caçador de likes. Ele pode ser o que quiser na internet, mas não tem o direito de entregar um serviço essencial à iniciativa privada sabendo que vai prejudicar o nosso povo.

Quando nós questionamos aqui a privatização das rodovias – entramos com ação no Tribunal, na Justiça –, era outro debate. Era pela forma como foi privatizada, pelo valor da tarifa de R$15,00, muito alto – na Fernão Dias, são R$3,00. Era outro debate. Poderiam até privatizar, mas que colocassem uma tarifa acessível de R$5,00. Mas aqui não pode porque é essencial. E os países que privatizaram – Alemanha, França, Itália, na Europa, e Estados Unidos – reverteram o processo, porque não deu certo quando se privatizou o saneamento, que é essencial à vida. Então aqui não se trata de tarifa, não se trata de o serviço ser esse ou aquele. Trata-se de um bem essencial à vida e de uma empresa que precisa, como eu disse da outra vez, ser uma autoridade das águas em nosso estado, que tem tanta água. E nós não temos uma autoridade das águas em Minas Gerais que tome conta das nossas águas – não temos. O maior patrimônio que nós temos é água, ouro líquido, e nós temos muita.

Então, Zema, se você tivesse um pouco de estatura estadista, se fosse um governante com estatura da democracia, se parasse de ficar falando bobagem, passeando e se metendo em assuntos que não tem nada a ver com Minas Gerais, como ir para o Rio de Janeiro se meter em assuntos que não tem a ver com o povo mineiro, pegava a metade do lucro da Copasa e investia em tecnologia, melhorava os serviços, diminuía as tarifas. Essa é a solução, esse é o remédio; e não entregar para o capital privado, que vai piorar os serviços. Certamente, como o Itamar previu lá atrás, e já estamos prevendo aqui, se privatizar, daqui a 10, 15 anos, veremos a Copasa com dificuldades financeiras, pedindo concordata, pedindo apoio do governo – este é o futuro –, com os funcionários demitidos e com a diminuição de salários. Infelizmente, o governador Zema, esta aventura em que o Estado se meteu, não tem estatura política para entender essas coisas e quer mesmo é fazer bonito para o capital, entregando o patrimônio do povo mineiro. É lamentável. Nós queremos que se arquive e que o povo mineiro continue com direito a dar a sua opinião. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O presidente – Obrigado, deputado Luizinho, querido amigo.