DEPUTADA BEATRIZ CERQUEIRA (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 07/11/2025
Página 13, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023
32ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 5/11/2025
Palavras da deputada Beatriz Cerqueira
A deputada Beatriz Cerqueira – Bom dia. Um bom-dia muito especial aos trabalhadores da Copasa que estão em greve; bom dia aos trabalhadores da educação, em paralisação hoje, na luta contra a privatização e a terceirização do serviço das ASBs; bom dia ao Sindieletro, também parando no dia de hoje, na luta; bom dia à CUT, que chamou os seus sindicatos para essa paralisação geral nesse dia tão importante; bom dia à CSP-Conlutas, que está presente também; bom dia aos atingidos do crime da Vale, da Samarco e da BHP – a gente tem sempre que falar o nome das criminosas –, que estão em luta rememorando os 10 anos de um crime que assassinou 20 pessoas e toda a Bacia do Rio Doce e que fazem um ato na parte externa da Assembleia neste momento. Quero dar um bom-dia ainda ao Sindágua, que tem uma jornada de lutas difícil. Cumprimento os servidores do meio ambiente, do Sindsema, que estão em greve há 66 dias; o movimento popular e o movimento social, que estão sempre presentes. É uma característica de Minas Gerais ter uma luta forte e uma atuação dos movimentos populares e sociais, além do movimento sindical. Bom dia, colegas deputados; bom dia, presidente, bom dia a toda a Mesa da Casa.
Pessoal, primeiramente, eu queria dizer que se alguém está achando que é uma corrida de 100m, e, portanto, vamos fazer rápido… Cumprimento a vereadora Cida, de Ipatinga, presente na luta. É uma maravilha ver vereadoras do lado certo, que é o lado do povo! Obrigada, Cida, pela presença e pelo trabalho lá em Ipatinga. Ela é a mulher mais votada na cidade e vem fazendo uma luta gigante. Eu dizia que se alguém acha que é uma corrida de 100m, pode respirar, tomar um copo d'água, enquanto a gente tem água de qualidade da Copasa, porque não será uma corrida de 100m. Nós vamos fazer toda a luta. E não adianta… A gente não diminuiu o ritmo da luta no 1º turno da votação, quando o governo conseguiu colocar aqui um placar de 52 votos. Eu sou deputada estadual há sete anos e perco a maioria das lutas que faço, das emendas que apresento aqui, neste Plenário, mas isso não diminui a minha disposição de, no dia seguinte, fazer a mesma luta ou fazer uma luta ainda mais importante. Essa não é a pauta que a população mineira esperava do Parlamento, essa não é a pauta que a população mineira quer que o Parlamento entregue a ela, que é retirar o seu direito de decidir sobre um patrimônio. Não é nem sobre ainda a privatização, como bem alertou o deputado Professor Cleiton. É sobre o direito da pessoa de decidir sobre algo que é dela, não é meu individualmente. E essa insistência em pautar algo impopular…
Seria tão bom se a TV Assembleia pudesse – não pode porque tem que ficar aqui, no Plenário – mostrar, primeiro, as galerias completamente tomadas pelo povo, e depois, o entorno da Assembleia! Nesse momento, nós devemos ter, do lado de fora, 5 mil, 10 mil pessoas. Como a Assembleia avança com uma pauta impopular, uma pauta que não interessa à população mineira? Essa é a pauta do governo Zema. Eu queria fazer essa observação importante, porque, quando a pauta vem para a Assembleia, de fato, há um giro de responsabilidade e de luta política no Parlamento. A quem interessa a gente parar de falar do governador Romeu Zema e do seu vice? É assim que o vice se apresenta, não é? É um vice desconhecido e rejeitado. Então a propaganda é assim: vice do Zema. Que político é esse que precisa se apresentar como vice do Zema? A quem interessa que nós paremos de falar do governador?
Eu queria deixar esse debate, que é de conjuntura do nosso estado… Se nós nos esquecermos do responsável que assinou essa PEC, faremos um jogo que pode beneficiar muitos grupos políticos, deixando o vice do Zema – é assim que ele se apresenta – livre para tentar construir uma imagem. Essa PEC só está em debate… Isso também não quer dizer, gente, tirar a responsabilidade do Parlamento. Na hora que a gente vota, a gente está colocando a nossa digital. De um lado ou do outro, não há como fugir. O governador Romeu Zema, que precisa se posicionar numa disputa nacional, e o seu vice, que precisa se fazer conhecido e amado, pois é o mais rejeitado numa disputa estadual, precisam ser lembrados da sua responsabilidade. Só existe a PEC nº 24 porque há um governador, com o seu vice, que querem essa privatização. A insistência nessa pauta está revelando muitos interesses econômicos, está demonstrando como a privatização é lucrativa para alguns, como a privatização é lucrativa para alguns na véspera do período eleitoral. Então essa insistência demonstra que, mesmo com uma pauta tão impopular, uma pauta que é rejeitada pela população… Eu não encontro ninguém que defenda essa retirada do referendo, além desses (– Inaudível.) 52, além do governador e do seu vice. É a pauta mais impopular do último período. Desde o período em que eu estou aqui como deputada estadual, é a pauta mais impopular. Então, é preciso tentar compreender aquilo que a gente não vai ver, porque não vêm para a tribuna, não colocam a cara na galeria, não colocam a sua bandeira: os grupos e interesses econômicos que estão jogando muito pesado para que essa votação aconteça.
Mas o primeiro recado da minha primeira intervenção aqui é: essa pauta não passará sem luta nesta Casa. Nós lutamos com todas as nossas forças e com todo o Regimento Interno, como conseguimos fazer a discussão, pelo tempo que for necessário. Existem pautas que o povo não esquece. Querer fazer essa agenda neste ano para, em 2026, quando se fica mais perto do período eleitoral, as pessoas já terem esquecido isso, principalmente pelos benefícios que são levados aos municípios via emendas parlamentares… Há pautas que o povo não esquece. Há pautas que carimbam um desgaste que fica para sempre, por aquilo que se decidiu.
Estamos fazendo os alertas, fazemos o debate, fazemos as discussões porque nós vamos fazer toda a luta. E a luta parlamentar é uma luta necessária. Uma luta necessária. A luta popular, sindical, a ocupação das ruas, é uma luta fundamental. E a luta parlamentar também é uma luta necessária. Então, nessa minha primeira fala de encaminhamento de obstrução, eu quero trazer um pouco do que vai ser este nosso período de lutas.
Eu estou vendo o pessoal do MAM. Então, deixem que eu cumprimente o pessoal do MAM, presente nesta luta importantíssima e fundamental. Eu vi o MST, então também quero cumprimentar as companheiras e os companheiros do MST. Ao finalizar, eu quero fazer um cumprimento porque, na manhã de hoje, nós recebemos nesta Casa o ministro do governo Lula Guilherme Boulos. Ele esteve conosco e esclareceu que essa pauta não tem nada a ver com o Propag, e achei muito importante a fala dele, que eu quero compartilhar com todos os colegas e com todos que acompanham este debate. Ele disse de forma muito objetiva: o governo Lula não defende privatização de saneamento básico. (– Manifestação nas galerias.)
Então, essa agenda não é uma agenda que tenha a ver com o Propag, que tenha a ver com o pagamento de dívida com a União. É uma decisão política fazer avançar a privatização da Copasa. E nós vamos fazer a luta e a resistência. Obrigada, presidente.
O presidente – Obrigado, deputada Beatriz Cerqueira.