DEPUTADO MARQUINHO LEMOS (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 29/10/2025
Página 54, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 459 de 2019
PEC 24 de 2023
26ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 24/10/2025
Palavras do deputado Marquinho Lemos
O deputado Marquinho Lemos – Sr. Presidente, mais uma vez, boa noite. Boa noite aos nossos colegas deputados e às nossas colegas deputadas. Agora já é bom dia, não é? Bom dia. Bom dia aos trabalhadores da Copasa. Bom dia àqueles que ainda acreditam que o patrimônio de Minas é dos mineiros e não será nunca de uma meia dúzia que acha que vai poder se apropriar daquilo que foi construído ao longo dos anos.
Já que estamos falando de privatizações, quero recordar que, há um tempo, em 2019, na legislatura passada, entrei com um projeto aqui, quando percebemos que a proposta do governo Zema era privatizar tudo o que ele acha que é de interesse dos empresários e quando percebemos que as estradas estavam sendo a primeira opção do governo Zema para a privatização. Eu entrei aqui e protocolei um projeto, o Projeto nº 459/2019, e esse projeto foi aprovado pela maioria nesta Casa, em 1º e em 2º turnos, sem nenhum voto contrário. Para a nossa surpresa, o governador vetou o projeto – vetou o projeto! –, e esse veto veio a esta Casa para ser apreciado. E o que previa esse nosso projeto? Justamente fazer com que, naquelas estradas que fossem privatizadas e pedagiadas, as pessoas que passassem pelas praças de pedágio pagassem pedágio só uma vez no mesmo dia. Muitas pessoas moravam e ainda moram perto de onde foram instaladas as praças de pedágio. Elas precisam ir à cidade uma, duas, três, quatro vezes ao dia e tinham que pagar o pedágio todas as vezes que passavam por ele. Infelizmente, esta Casa resolveu acompanhar o desejo do governador e manteve o veto. Nós não conseguimos derrubar, naquele dia, o veto a esse meu projeto.
Eu tenho certeza de que muitos deputados vieram do Sul de Minas, são do Sul de Minas, onde o governador privatizou mais rodovias. Dos cinco blocos que já foram privatizados, a maioria se encontra ali, na região do Sul de Minas, com praças de pedágio onde um carro de passeio paga R$15,50 e, às vezes, até mais. É este o projeto do governador Zema: privatizar, estar de mãos dadas com uma meia dúzia de empresários, de grupos empresariais, e deixar a população mineira pagando por isso, conforme ele já vem fazendo nos últimos anos.
Eu quero lembrar que, com essa ganância toda e com esse desejo todo de privatizar, quase nada aconteceu nas estradas que foram privatizadas. Mas o pedágio está lá! Ele começou a ser cobrado muito cedo, sem que houvesse benfeitoria alguma. O Zema acabou com o DER. Na minha região, como eu sempre falo, na nossa região do Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, estradas estão abandonadas. Nós temos cidades que ainda estão ligadas por estradas de terra, por estradas sem pavimentação, e nós não temos a quem recorrer. Inclusive o DER que, até pouco tempo, ficava situado ali, na Avenida dos Andradas, num prédio grande, apesar de já estar bem sucateado, porque também, nos últimos anos, o governador Zema foi tirando todos os privilégios e tudo aquilo que podia existir para o bem da população, até o DER foi levado lá para a Cidade Administrativa, para ocupar a metade de um andar, o que mostra o desprezo que o Zema tem com as nossas rodovias. Ele está mais preocupado, cada vez mais, em privatizar.
Eu quero fazer uma comparação com a Copasa. Em relação à privatização de estradas que têm maior trânsito, como acontece no Sul de Minas, como acontece aqui, na região metropolitana, e como também acontece no Triângulo, como é o desejo, vai haver muitos interessados. Mas quem vai querer as nossas estradas de cidades distantes umas das outras, com população pequena, com pouco trânsito e abandonadas?
Aí a gente vai ver a questão da Copasa, porque ela está indo para o mesmo caminho. Na hora em que privatizarem a Copasa – espero que isso não venha a acontecer –, qual empresário vai querer investir em cidades que hoje são deficitárias e que têm muita dificuldade de acesso à água? Onde vai estar essa exigência de que essa empresa, de quem vier a ser dono da Copasa, terá de investir lá no Norte de Minas, no Jequitinhonha, no Mucuri, onde há, além da dificuldade do acesso à água, uma população pequena na maioria das cidades; onde a zona rural ainda nem possui água tratada, água encanada; onde a Copanor para nós é um desastre? Criaram a Copanor, mas se esqueceram de que é preciso haver investimentos. Como que nós vamos fazer? A quem vamos recorrer? Os moradores, quando estiverem em dificuldade com água, vão reclamar onde? Lá na Faria Lima? É lá que vamos reclamar? A quem vamos recorrer?
Aí que está a dificuldade, é disso que temos de nos lembrar, porque tenho certeza de que nós todos, deputados, no ano que vem, estaremos pelo interior de Minas, fazendo campanha, pedindo votos, e nós vamos ser lembrados. Nós vamos ser lembrados principalmente nessas regiões onde a Copasa, com todo o esforço, na maioria das vezes sacrificando os próprios funcionários, é que ainda tem mantido o serviço de água atendendo à comunidade. Gente, estou aqui hoje muito mais para dizer a vocês que nós vamos ficar aqui até a hora que for preciso, mas não vamos deixar que essa PEC nº 24 seja empurrada goela abaixo do povo mineiro.
O presidente (deputado Tadeu Leite) – Obrigado, deputado Marquinho.