DEPUTADO LELECO PIMENTEL (PT)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/10/2025
Página 156, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PEC 24 de 2023
66ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 21/10/2025
Palavras do deputado Leleco Pimentel
O deputado Leleco Pimentel – Queria eu que essa palavra de vocês fosse profetizada ainda hoje. Mas ela será; mas ela será. Sem dúvida alguma, esta tarde já marca esta primeira sessão, esta plenária de hoje, esta reunião plenária que os abutres – abutres: aqueles que seguem Zema não podem ter outro nome – desejam que se some para que eles sumam. É assim que funciona. Por isso, vou pedir à própria TV Assembleia que não privilegie a minha fala, mas que possa mostrar ao povo mineiro estas palavras aqui: “Sem referendo, sem democracia”. Vamos repetir juntos: “Sem referendo, sem democracia”! Sem referendo! (– Manifestação nas galerias.)
Agora nós estamos aqui no frontispício, nessa platibanda. Atacar o referendo é atacar o povo mineiro! Com vocês: atacar o referendo!
E como o rito daqueles que pedagogicamente preparam essa luta com a própria história, eles trazem um triste fim para aqueles… Esse recado aqui não é para os deputados, não. Esse recado aqui é para o povo mineiro, que o pode interpretar, porque o poder do voto está na mão de quem acompanha a luta. Por isso está escrito aqui: “Deputados, 2026 tem eleição”. Não se esqueçam. Vamos lá? Deputados, 2026 tem eleição! (– Manifestação nas galerias.)
Mas eu peço a vocês que transmitam esse recado não para os deputados, nem para as deputadas da base de Zema. Transmitam esse recado como uma cantilena, aquela que não vai sair dos ouvidos dos eleitores de Minas Gerais. Eles é que têm o poder de transformar esta frase, e não permitir que o próximo governo tenha essa base que vergonhosamente apoia a privatização da Copasa. Isso é uma vergonha, é uma vergonha.
Quero dizer mais. Como professor de história que sou, a aula está dada. A aula está dada, e quem é o professor aqui não sou eu, não; é a história. Sou de Ouro Preto, onde o prefeito que já foi condenado ao lixo da história resolveu enganar o povo. Ele e alguns vereadores não foram reeleitos. Olhem o exemplo que dou de casa. Sabe o que fez aquele ex-prefeito? Primeiro, quis o idiota enganar o povo, precarizando o trabalho daquela autarquia de água que nós tanto defendíamos, que era o sistema autônomo de saneamento de Ouro Preto. Deixou que fosse precarizado, não fez concurso, não pagava salário justo para poder fazer o que, gente? Privatizar. E foi enganando, enganando, de tal modo que, às vésperas de ele criar o processo de privatização, levou meia dúzia de vereadores para seu gabinete e encheu o bolso deles de recurso de emenda, recurso público, e também de cargos. Ou seja, a corrupção é feita com o próprio recurso público. Pior: aquele idiota – não há outro nome para quem quer privatizar o saneamento, para quem quer tirar a soberania do povo em relação ao direito à água – não sabia que o povo já sabia que ele queria colocar a água e a soberania na mão da mineração. Mineração e agronegócio são os maiores beneficiados com a privatização que Zema quer fazer da Copasa e da Copanor.
Segundo, quando foi se aproximando… Eu quero contar essa história do jeito mais popular, como ela é, para que, quem sabe no final, os que nos acompanham não precisem de muito desgaste para interpretá-la. Pois bem, aquele prefeito de Ouro Preto que tudo privatizou, porque conseguiu comprar vereador, conseguiu encher de cargo, mostra-nos agora, nesta Assembleia Legislativa de Minas, que nós temos que contar essa história para o povo mineiro.
Infelizmente, a gente chega à conclusão, deputado Betão, de que a maioria dos deputados não representam base política nenhuma; representam exatamente bancadas que fazem negócios, a partir da vida pública. Há bancada de tudo quanto é jeito, mas eu vou falar da grande bancada dos bestas: é a BB. Essa bancada é grande, é uma bancada que não existe aqui. Estou contando uma história. É a bancada dos bestas, porque eles acham que o povo tem memória curta.
Quero lembrar que Ouro Preto também teve uma campanha nos idos de 1930, quando a cidade estava por ruir. Uma campanha foi levantada para que não se deixasse o patrimônio nem a memória morrerem. Ela começava assim: “Meus amigos, meus inimigos, salvemos Ouro Preto!”. E hoje a gente tem que vir contar a mesma história, repetindo estes versos: “Meus amigos, meus inimigos, salvemos a Copasa, salvemos o patrimônio soberano do povo!”.
É por essa razão que a gente tem que desmascarar essa ideia de Zema, que faz propaganda pelo Estado, alegando que a taxa de esgoto, ou que a taxa de água, ou que o serviço vai melhorar com essa privatização, que nada mais é do que ele pagando a dívida para a Faria Lima, para o BTG Pactual, e entregando o patrimônio do povo mineiro. Ele é uma vergonha!
Claro que nós estamos contando uma história com a didática da denúncia que o povo já conhece. Mas é preciso contar a história a partir daqueles e daquelas que sabem que, para ter acesso à água para sobreviver, você não pode passar a decisão para quem você nunca viu, para o capital estrangeiro, para que ele, de longe, às vezes, não coloque nenhum funcionário, minta, coloque agências virtuais, a fim de enganar o povo quando faltar água de qualidade e em quantidade na sua torneira. É claro que eles estão mentindo para o povo mineiro. A iniciativa privada não tem outro interesse senão o de lucrar – lucrar. E eles não estão nem aí se há água na torneira. Então é claro que o povo não pode dar bobeira. Se o povo bobear, o canalha que está a governar vai levar a água, a soberania e a vida do povo mineiro junto com essa privatização.
Eu quero contar também, a partir daqui, que não foi apenas Ouro Preto que caiu nesse engodo. E quero chamar a atenção para um grande investimento: a repactuação do Rio Doce está fazendo com que o governo federal e o governo de Minas Gerais façam aportes bilionários de recursos. Por que Zema quer privatizar a Copasa e a Copanor, incluindo a Bacia do Rio Doce inteira, assim como já fez com a Bacia do Rio São Francisco, no território de Minas Gerais? Porque o recurso do investimento vai cair no bolso de empresas que não vão aplicar nenhum valor para melhorar a vida do povo; o recurso da repactuação vai para o bolso daqueles acionistas estrangeiros que frequentam o palácio. Só bobo não percebeu que Zema se faz de bobo para tentar enganar o povo mineiro. Por isso, é fora Zema mesmo! A Copasa é do povo!
Agora nós temos outro capítulo que é preciso ficar claro também: desde quando chegou aqui o decreto que aumentou o prazo para 2026, nós pensamos que os deputados desta Casa, incluindo o presidente, teriam sensibilidade para retirar de pauta essa vergonha dessa PEC nº 24. Nós não compactuamos com isso. O Bloco Democracia e Luta… Se eu não puder falar pelo bloco, direi por mim mesmo: não concordamos com essa pauta no Plenário, porque é um tiro, é um punhal cravado nas nossas costas. Nós não podemos permitir que, depois de tanto exigir do governo federal que fizesse a prorrogação do prazo, não haja sensibilidade do presidente e de todos os deputados para que essa pauta não venha aqui. Nós não concordamos com a pauta da PEC nº 24 no Plenário da Assembleia. Vamos dizer que debaixo do guarda-chuva da democracia tudo cabe, mas não cabe traição. Não cabe traição.
Portanto, se nós conseguirmos, de fato, que as pessoas tornem a voz do povo… Aí eu quero dizer para os deputados da base que vocês não sabem ler pesquisa, porque a pesquisa foi clara. O povo foi enganado porque foi utilizado muito dinheiro para fazer campanha contra a Copasa, para fingir que ela não presta, para que eles pudessem vendê-la a preço de banana. Mas as pesquisas foram claras. Uma pesquisa qualitativa da envergadura da que nós recebemos nesta semana disse que o povo reconhece que água não é mercadoria. Para o povo, a coisa é simples assim: água não é mercadoria! Água não é mercadoria! Água não é mercadoria! Água é soberania! Água é soberania! Água é soberania!
Eu quis falar bem devagar para que vocês, que já estão cansados, que estão enchendo as galerias e estão mobilizados, não achassem que foi para vocês que eu dirigi cada palavra. A vocês a nossa gratidão por permitirem que o Bloco Democracia e Luta e alguns outros deputados evitem que 48 assinem essa PEC. (– Manifestação nas galerias.) Toda mobilização – toda mobilização! – e toda luta deixam um recado para nós: nunca mais deixem de ocupar essas galerias e as ruas, porque, quando a gente cochila, o gambá cuida do ovo. Fora, Zema! (– Manifestação nas galerias.) Fora, Zema! Fora, Zema! (– Manifestação nas galerias.) Força na luta! A Copasa é do povo!