DEPUTADO BRUNO ENGLER (PL)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 08/08/2025
Página 18, Coluna 1
Aparteante AMANDA TEIXEIRA DIAS, EDUARDO AZEVEDO
Indexação
47ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 6/8/2025
Palavras do deputado Bruno Engler
O deputado Bruno Engler – Obrigado, Sra. Presidente. Uma boa tarde para a senhora, todos os colegas presentes e todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão acompanhando a nossa reunião. Antes de iniciar o meu discurso, eu gostaria de parabenizar os deputados Sargento Rodrigues, Eduardo Azevedo, Coronel Henrique e Amanda Teixeira Dias, meus colegas de bancada, pela paciência. Tem que ter muita paciência para ouvir tanta besteira, tanta abobrinha sendo falada da tribuna desta Casa. Então é preciso pontuar algumas coisas que foram ditas.
O deputado que me antecedeu veio aqui e sequer percebeu a antítese do que ele mesmo falava. Num primeiro momento, ele diz: “Olha, não foi Eduardo Bolsonaro” – a quem ele chama de “Bananinha” – “o responsável pela exclusão de diversos itens do tarifaço”. Segundo ele, os responsáveis foram o chanceler brasileiro, que não foi recebido por ninguém da administração Trump, e os senadores que foram recebidos pelo senador Tim Kaine, democrata ferrenho, de oposição ao governo Trump, que conseguiram. Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo, aqueles que têm trânsito com a administração Trump não conseguiram nada. Trazendo aqui para o Brasil, seria a lógica de vir um grupo de senadores dos Estados Unidos, sentar-se com Flávio Bolsonaro e dizer que conseguiu medidas favoráveis do governo Lula. Segundo esse deputado, foi isso que aconteceu. O Eduardo Bolsonaro não tem mérito nenhum. Mas depois ele questiona: “Ah, o Eduardo disse que foi ele. Então por que ele não tirou o café de Minas Gerais?” Eu devolvo a pergunta: se foram o governo Lula e os senadores de oposição, por que não tiraram o café de Minas Gerais? Ou por birrinha política, por diferença com o governador, o Lula deixa Minas Gerais sofrer, como aliás já falou em diversos discursos.
Então eu queria saber, deputado: não foi Bolsonaro, não foi Eduardo. Ele é o “Bananinha”, não tem competência nenhuma. Foi o grande governo Lula. Por que vocês esqueceram de Minas Gerais? O senhor não tem o telefone do Lula, não? Não tem o telefone dos ministros, para dar uma ligada, para dar uma cobrada? Ora, você mesmo entra em contradição, deputado. Faça-me o favor!
Depois tem que ouvir outro deputado: “Ah, o Zema é muito burro de brigar com a China”. Poxa, tranquilo, a China é importante para ser comercial. O Lula que é inteligente para caramba de brigar com os Estados Unidos. E não é só em questão tarifária; é em tudo, desde de navio iraniano atracado no Rio de Janeiro até apoio institucional ao estado terrorista do Irã, contra Estados Unidos e Israel. Isso que é de suma inteligência. Então é absurdo o nível das besteiras que nós temos que ouvir aqui.
Mas quero dar um recado para o pessoal da soberania, que fica falando: “Ai, soberania, soberania, soberania…”. Engraçado que o Mike Benz esteve hoje na Credn – Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional –, da Câmara dos Deputados, e apresentou provas de que a Usaid – United States Agency for International Development – injetou milhões de dólares no Brasil para contrapor o governo Bolsonaro. Comprovou que a Usaid financiou a agência Lupa, que a gente carinhosamente chama de agência Lula, porque só faz checagem de fatos a favor da esquerda. Aliás, há até um termo que eles usam nos Estados Unidos para isso. Não são os fact-checkers, são os left-checkers. São checadores de fatos pró-esquerda. Isso não fere a soberania nacional, não? Isso está tranquilo, não é? Então é engraçado que esse pessoal é contra o imperialismo Yankee se for contra os interesses deles. Agora, se for para financiar agência de esquerda, dê-me, papai! O dinheiro norte-americano é muito bem-vindo. Hipócritas, hipócritas, hipócritas! Deveriam tomar vergonha na cara.
Mas vamos falar aquilo que interessa, gente? Eu quero brevemente falar do que o Alexandre de Moraes não quer que você veja, que são estes documentos aqui, os arquivos do 8 de janeiro, a Vaza Jato 2. Para falarmos desse tema, precisamos relembrar a Vaza Jato, que ocorreu há um ano, em agosto do ano passado, quando a matéria da Folha denunciou, através de vazamentos de conteúdos de celulares, que Alexandre de Moraes, para dar ares de legitimidade às suas medidas solitárias, autocráticas e inconstitucionais, criou um sistema de maquiagem. O gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal encomendava as denúncias do gabinete que ele comandava no Tribunal Superior Eleitoral para fingir que foi o TSE que acionou o STF e o fez tomar essas medidas, numa clara e ilegal ação de tentar enganar e ludibriar o povo brasileiro.
É isso que esses documentos que estão aqui trazem. Eu recomendo a todos que leiam, porque são documentos públicos. São 38 páginas. Eu vou me ater somente ao principal. É completamente absurdo! Alexandre de Moraes montou uma organização em que a Cristina Kusahara, seu braço direito no Supremo Tribunal Federal, que não tinha cargo no TSE, mas tinha autoridade direta sobre aqueles do TSE, dava ordens e fazia as exigências requeridas pelo ministro lá no STF. Esse esquema todo foi montado de maneira a promover a perseguição política e o encarceramento injusto de diversas pessoas, indo frontalmente contra a democracia e as nossas liberdades e garantias constitucionais.
Eles criaram um sistema para ver quem o ministro ia soltar e quem o ministro ia manter preso. Era um sistema de certidões. Você tinha as certidões positivas e as certidões negativas. As certidões eram positivas quando essa equipe encontrava alguma coisa nas redes sociais que desagradava o ministro. Então essa pessoa tinha que permanecer presa. As certidões eram negativas quando não se encontrava nada. Então, se, por acaso, tivessem prendido erroneamente uma pessoa de esquerda, poderiam soltá-la.
Vejam só um exemplo de certidão positiva, lembrando que essas certidões não foram apresentadas à defesa, não foram apresentadas ao Ministério Público, não foram apresentadas a ninguém! Eram documentos internos, sigilosos e criminosos. O Sr. Ademir Domingos da Silva teve uma certidão positiva por ter um perfil pessoal com postagens antigas que exprimem aversão à Lula e ao Partido dos Trabalhadores. Ele teve uma certidão positiva e não poderia ser solto porque, em 2018, ele postou contra o Lula e o PT. Aparentemente ser antipetista é motivo para ficar preso na “democracia xandônica”. Esse é um dos absurdos existentes nas 38 páginas dos documentos.
Depois eles criaram um grupo para tratar das audiências de custódia. O juiz Airton Vieira, auxiliar de Alexandre Moraes, mandou a seguinte mensagem: “Que, nas audiências de custódia, possamos dar a cada um o que lhes é de direito, a prisão.” Antes mesmo de realizar as audiências de custódia, antes mesmo de ouvir os argumentos dos presos e de suas defesas, ele já tinha dado o seu veredito: a prisão. É isso que é democracia? É isso que é o devido processo legal? Ou isso é um teatro de uma ditadura disfarçada de democracia? Isso é a prova de que temos no Brasil, hoje, o que eu chamo de democracia trans, porque, de democracia, não tem nada, mas se sente uma democracia. E ai de quem falar que não é!
A deputada Amanda Teixeira Dias (em aparte) – Obrigada, deputado Bruno Engler. Boa tarde a todos. Ontem o Lula, em meio ao tarifaço de Trump, disse que quer ser cada vez mais esquerdista e socialista. Ou seja, é mais um tiro no pé, e quem sofre com isso é o povo brasileiro. Nós ouvimos muitos absurdos dos deputados que nos antecederam. Com essa de ser mais socialista, Lula vem se aproximando de ditaduras e tentando romper, a qualquer custo, com os Estados Unidos.
A gente tem que lembrar que, antes do tarifaço, o Lula também criticou o dólar. Ele disse que, no mundo, tem que haver uma moeda alternativa. O cara não consegue cuidar nem do próprio País, mas quer dar pitaco no mundo, no que tem que ser feito no mundo. Parece piada! Com essa tarifa imposta, Minas Gerais, que é a maior produtora de café, sofre muito, bem como os pecuaristas. A economia mineira sangra. E a gente acha que o Lula está preocupado, ou então, que deveria estar – só que não. Ele diz que vai ligar para o Trump para convidá-lo para a COP 30, que já tem investigação que aponta licitações fraudulentas, ou seja, corrupção.
Com isso tudo, a gente pode concluir que o Lula não se importa com o povo mineiro, que hoje sofre com a tarifa. Ele quer ser mais socialista. Ele quer romper com os Estados Unidos, que é o berço do capitalismo. Isso é uma tremenda burrice, porque a gente sabe que o Brasil é uma República Federativa, cuja economia é capitalista. Muito obrigada.
O deputado Eduardo Azevedo (em aparte) – Obrigado, deputado Bruno Engler. Como V. Exa. mesmo falou, nunca vi tanta asneira sendo falada pelos deputados do PT que nos antecederam. Parece que eles vivem, literalmente, no mundo da lua e não sabem nem o que estão falando. Mas, enfim, mostra-se agora que estamos apenas a uma assinatura no Senado para que o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes realmente seja pautado e o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, tenha peito suficiente para pautar esse projeto, esse pedido de impeachment, porque tudo indica que ele está com o rabo preso e com medo de pautar. Mas vamos ver se ele realmente agora vai representar o anseio dos senadores. Por que eu estou falando isso agora? Porque o que mais tem movimentado o Brasil nos últimos dias é justamente esse anseio da população de que esse pedido de impeachment seja pautado.
Lembrem-se: em Minas Gerais, nós temos três senadores: Cleitinho Azevedo, meu irmão; senador Carlos Viana e Rodrigo Pacheco. Sabe-se que Cleitinho e Carlos Viana já assinaram o pedido de impeachment. Agora eu quero perguntar ao senador Rodrigo Pacheco. Será que realmente ele vai assinar esse pedido de impeachment, já que se mostra aliado ao presidente Lula e já esteve até aqui, em Minas Gerais, falando asneira em relação ao projeto da anistia? Então, senador Rodrigo Pacheco, a fala hoje é para V. Exa., é para o senhor. O senhor já se apresenta como um pré-candidato ao governo de Minas. E os mineiros agora precisam saber que, até agora, até o momento da minha fala, o senhor não teve sequer a autenticidade e a representatividade dos mineiros que o elegeram ao não assinar o pedido de impeachment. Quem sabe agora o senhor comece a reverter a sua história em Minas Gerais, sendo esse único pedido e essa única assinatura que está faltando para que possamos levar esse pedido à frente e representar os anseios da população, em vez de ficar alinhado, representando o governo Lula, que não traz nada de relevante para o nosso estado.
Foi falado também por um deputado que me antecedeu da segurança pública de Minas Gerais. Ele deveria é lavar a boca antes de falar da segurança pública. Nós sabemos muito bem que o governo deixa a desejar no quesito de valorização dos profissionais da segurança pública. Mas, deputado, nós temos a melhor segurança pública do Brasil. E o senhor, antes de subir à tribuna para falar que a segurança pública está um caos, está uma bagunça – não sabe nem o que está acontecendo na segurança pública –, deveria lavar a sua boca e respeitar todas as forças da segurança pública. Obrigado, deputado Bruno Engler pela cessão da palavra.
O deputado Bruno Engler – Sou eu quem agradeço ao deputado Eduardo Azevedo. Inclusive, aproveito a oportunidade para mandar um abraço ao seu irmão, o senador Cleitinho, que tem feito um papel brilhante na defesa das nossas liberdades no Senado Federal.
Neste minuto que me resta, vou fazer uma cobrança: senador Romário, meu artilheiro, tetracampeão mundial, ninguém pode dizer que o senhor tem medo de decidir; muito pelo contrário, é uma das pessoas mais frias na frente de um goleiro que o futebol já viu. O senhor é do nosso partido, do PL. O PL tem que dar exemplo. Não dá para parlamentar nosso ficar em cima do muro. Honre os votos que você recebeu da população fluminense e assine o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. São essas as minhas palavras. Muito obrigado, Sra. Presidente.