Pronunciamentos

DEPUTADA LOHANNA (PV)

Discurso

Cumprimenta os presentes nas galerias do Plenário em manifestação com a Associação dos Docentes da Uemg - Aduemg. Manifesta posição favorável ao Projeto de Lei nº 3.731/2025, do governador do Estado, que autoriza o Estado, por intermédio do Poder Executivo, a aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados - Propag -, nos termos da Lei Complementar Federal nº 212, de 13/1/2025, e dá outras providências. Critica, no entanto, algumas das federalizações de bens imóveis de propriedade do Estado para fins de pagamento da dívida, propostas pelo governo de Minas Gerais.

12ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 28/5/2025

Palavras da deputada Lohanna

A deputada Lohanna – Salve, salve, Movimento Estudantil da Universidade do Estado de Minas Gerais! Boa tarde a todos. Boa tarde à galera da Aduemg, que está presente também. Gente, vou falar muito rapidamente, porque precisamos votar.

Acho que é importante deixarmos algumas coisas explicadas para que todos entendam. O que está acontecendo? Hoje estamos votando a adesão ao Propag. Não estamos votando a privatização da Uemg, até porque eu jamais votaria a favor disso, e não estamos votando a federalização. É muito importante que o movimento estudantil esteja organizado e mobilizado a todo momento para que, em circunstância nenhuma, cheguemos perto de votar isso. O Propag foi defendido pelo bloco de esquerda aqui da Casa. A gente foi atrás do Propag. Por que é importante sabermos disso? A única forma que existia no Estado para o pagamento dessa dívida, que é uma dívida de 30 anos e que piorou muito, porque o Zema ficou seis anos sem pagá-la, era por meio do Regime de Recuperação Fiscal, que era horroroso, penalizaria demais os professores de vocês, os servidores estaduais e não deixaria que acontecessem concursos públicos. Seria um terror. O bloco de esquerda passou, na última legislatura… Eu não estava aqui, pois era vereadora em Divinópolis. Divinópolis está aqui ou ainda não chegou? Divinópolis está aqui. Que bom! E tem mais gente chegando.

À época eram outros deputados que estavam aqui, e alguns foram reeleitos. Eu era vereadora em Divinópolis e, a partir de 2023, quando entrei para a Assembleia, continuamos essa luta. O Zema, desde o início, quis o Regime de Recuperação Fiscal, que era horroroso, prejudicaria muito o Estado, colocando nele uma mordaça, e impediria que avançássemos rumo a qualquer direção. A gente disse que não aceitaria isso, e o presidente Tadeu abraçou a nossa proposta. Fomos até o Rodrigo Pacheco, que era o presidente do Senado à época.

Então ele estava numa posição de muito poder para negociar com o governo federal, que é para quem a gente está devendo mais de R$100.000.000.000,00. O Pacheco conseguiu construir, junto com a gente e com o Lula, um projeto melhor, bem melhor para pagar a dívida. O Propag é muito melhor do que o Regime de Recuperação Fiscal. No Propag foram construídas umas faixas. Alguém aí tem pai e mãe com casa financiada, irmão com casa financiada, cunhado que paga o financiamento da Caixa todo mês? Há um negócio de a gente amortizar uma parte da dívida. Se a gente paga um tanto a mais… Por exemplo, se a pessoa é professora e pega o seu 13º salário e o coloca inteiro para amortizar de uma vez, ela deixa de pagar um monte de juros. É muito vantajoso quando a gente consegue fazer isso.

O que o Estado tem de possibilidade? Amortizar 20% do valor da dívida total, que dá R$34.000.000.000,00. Se se amortizar isso, a gente vai pagar um juro muito baixo, e o Estado vai economizar muito. Ocorre que o Zema está chantageando a Assembleia; está dizendo: “Ah, não, só vamos aderir ao Propag se a gente conseguir R$34.000.000.000,00 de amortização, senão para o Estado não compensa”. É mentira do Zema! Se se amortizar 10%, ainda é muito melhor do que o Regime de Recuperação Fiscal; se não se amortizar nada, ainda é muito melhor do que o Regime de Recuperação Fiscal.

De novo, fazendo uma comparação com uma casa financiada, quando a gente financia pelo Minha Casa, Minha Vida, mesmo se a gente não der conta, se não sobrar dinheiro para amortizar nem um mês, ainda compensa muito mais do que financiar num banco privado. Porque o Minha Casa, Minha Vida tem juro subsidiado no programa todo. Deu para entender essa questão dos juros? Deu, não é? A gente concorda com a entrega das estatais; a gente concorda. E há diferença entre alguns deputados. Alguns concordam em entregar a Cemig, entregar a Codemig, entregar a Codemge, mas, no geral, há uma concordância sobre entregar as estatais. Muda a opinião sobre qual a gente acha que deve ser entregue, mas a gente concorda sobre entregar. A gente não concorda – nenhum de nós – é com a entrega da Uemg, com a entrega da Unimontes, com a entrega das escolas estaduais, com a entrega do Risoleta. Gente, ele está querendo entregar a Ceasa. Esse povo fica falando que defende o agro e quer entregar a Ceasa? Como é que se vai fazer para vender as verduras e as frutas do povo? Quer entregar a delegacia, quer entregar a Prefeitura de Patos de Minas – aliás, a Prefeitura de Lagoa Santa –, a Secretaria Municipal de Educação de Patos de Minas. Está tudo na lista. Para quem é de Divinópolis, quer entregar o Lagoa dos Mandarins inteiro. Além da Uemg, quer entregar a Lagoa dos Mandarins toda. Isso não faz o menor sentido, e a gente vai brigar contra esse processo.

A votação de hoje, referente ao Propag, é boa. É importante que a gente vote favorável, porque nós fomos atrás do Propag. O nosso bloco, o bloco de esquerda, quis o Propag, que é muito melhor do que o Regime de Recuperação Fiscal. A gente vai votá-lo hoje. A gente é contra a federalização da Uemg, da Unimontes. Ele não propôs isso, mas está querendo entregar os terrenos. A gente é contra entregar o Risoleta, entregar a escola estadual, entregar a delegacia, entregar a Ceasa, entregar esses prédios históricos. Há alguém de Pitangui aí? Ele quer entregar o Fórum de Pitangui, gente. Eu acho que ele não avisou ao Poder Judiciário que ele está entregando o Fórum de Pitangui, que é um prédio histórico, inclusive, tombado pelo Iepha e pelo Iphan. Esse é o cenário que a gente tem, um cenário para o qual a gente vai votar favoravelmente hoje, votando uma coisa boa para o Estado. E a gente vai fazer o enfrentamento a essas pautas com as quais a gente não concorda. Hoje não está na pauta o projeto da Uemg.

Por último, eu queria registrar uma coisa muito importante. É preciso que o movimento estudantil se mantenha mobilizado, para que o Estado não tente chantagear a Assembleia dizendo para a gente: “Se não nos deixarem entregar todas as estatais, todos os imóveis, a Uemg, a Unimontes e tudo mais que a gente quer, nós não vamos aderir ao Propag”. Por isso, gente, a defesa do Propag é importante, bem como a defesa da manutenção das nossas universidades estaduais.

Lembro que a gente não está fazendo essa defesa à toa. O Zema adora puxar saco do Tarcísio. Vocês já viram isso? Ele adora ir para São Paulo puxar saco do Tarcísio. Em São Paulo, há a USP, há a Unicamp, há a Unesp, há um monte de universidade pública estadual de qualidade. Elas são de qualidade porque a água lá é mais abençoada do que a daqui? As nossas universidades também são de qualidade, mas vá ver a diferença de investimento, vá ver a diferença de salário dos professores, vá ver a diferença de apoio para os estudantes, para restaurante universitário, para moradia, para creche, para mãe universitária, vá ver tudo isso. A gente tem uma perspectiva muito clara de que defender que as universidades continuem estaduais é defender que Minas Gerais não pode virar as costas para sua obrigação de fazer ensino de qualidade, pesquisa de qualidade e extensão de qualidade no território do Estado.

Eu me formei na UFSJ, em Divinópolis – há um campus em Divinópolis. Quase no mesmo bairro, temos o Cefet, a UFSJ e a Uemg, todas coladinhas. Inclusive, no passado, eu tinha o sonho de fazer a Universidade Federal de Divinópolis – você não é dessa época, não. Esse era um sonho que a gente tinha. No movimento estudantil, nós defendíamos muito isso. Na época, o Cefet e nós, da UFSJ, tínhamos todo o apoio. Eu entrei em 2015, então ainda havia dinheiro na universidade. A gente tinha todo o apoio, a gente tinha RU, a gente tinha bolsa, eu fiz intercâmbio, a gente teve tudo, tudo, tudo. Eu via que o povo da Uemg passava um aperto danado, e, quando fui candidata a vereadora e ganhei, a coisa que eu mais sentia é que, como vereadora, eu não podia ajudar a Uemg. Então falei: “Se eu virar deputada estadual, vou apoiar a Uemg”.

A gente conseguiu muita conquista importante nestes últimos dois anos. A gente conseguiu a criação do restaurante universitário; o bloco aqui… A deputada Beatriz faz a defesa permanente dos servidores, e a gente tem ido lá junto, com a Comissão de Educação; o deputado Cassio foi o segundo autor, junto comigo, do projeto do RU. E a gente tem vários nomes que defendem a Uemg aqui dentro. Acho que o Leleco foi muito sábio quando disse: “Vamos escolher os nossos inimigos direitinho. Vamos ficar com os nossos amigos juntos e de mãos dadas”. Não se enganem: o Propag foi uma grande conquista para que a gente tratasse os nossos professores com o respeito que eles devem ser tratados, assim como os nossos servidores. O que a gente não pode, como disse a minha amiga deputada Bella, é escorregar na casca de banana e deixar que entreguem a nossa Uemg, que entreguem a nossa Unimontes.

Para fechar, presidente, fico pensando no que o governador acha que vai fazer. Vamos supor que entregue a unidade de Ituiutaba, que é enorme. Vamos supor que entregue a unidade de Frutal. Vamos supor que entregue o Hospital Universitário da Unimontes. Onde o povo vai trabalhar e estudar, gente? Onde vocês vão estudar? Vocês vão para a rua? O que vai acontecer? Ele está efetivamente tentando ter autorização da Assembleia para federalizar, sabendo que isso é impossível e sabendo que o que ele quer de verdade é vender esses terrenos depois e acabar efetivamente com o nosso patrimônio. Mas a gente não vai deixar isso acontecer. Essa briga vai ser grande aqui, na Casa, e eu acredito que, pela via do convencimento, os próprios deputados e as próprias deputadas vão segurar esses projetos e dizer ao governador que não aceitamos chantagem. Parabéns pela luta, parabéns pela mobilização. Vamos em frente em defesa da nossa universidade!

A presidenta – Obrigada, deputada Lohanna.