DEPUTADO RODRIGO LOPES (UNIÃO)
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/04/2025
Página 88, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas PL 2967 de 2024
22ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 23/4/2025
Palavras do deputado Rodrigo Lopes
O deputado Rodrigo Lopes – Deputada Leninha, presidente desta sessão, é uma alegria poder compartilhar, mais uma vez, este momento com todos os deputados e deputadas aqui presentes.
Eu venho justamente falar corroborando aquilo que o deputado Alencar trouxe no que diz respeito à Artemig, agência reguladora que vem para tratar da questão das concessões, sobretudo, das concessões rodoviárias, ou seja, de um drama que vivemos nos últimos anos que é a questão das rodovias pedagiadas. Então é fundamental que haja uma instituição de regulação. Não tenho absolutamente nada contra o processo de concessão ou de privatização se ele for para melhorar a vida das pessoas, levar as estradas a terem melhores condições, evitar acidentes e trazer uma melhor condição de tráfego às nossas rodovias, até porque são mais de 20.000km de rodovias pavimentadas no Estado e acredito que mais do que o dobro disso de estradas de terra não pavimentadas. Então, se o caminho é esse, precisamos ter um órgão que trate da regulação e da fiscalização, zelando pela modicidade tarifária e, acima de tudo, pela qualidade do serviço prestado à população. Essa pauta já vem sendo discutida por nós aqui desde o ano de 2023. Vejo isso como uma grande vitória, ou seja, uma grande vitória a construção de um entendimento entre a base do governo e a oposição para que conseguíssemos construir um tema tão relevante como este. A agência, enfim, aprovada hoje, em 2º turno, vai se tornar esse braço de uma gestão independente, sem ingerência governamental; além disso, uma agência que não deve ser captada pelas empresas concessionárias, mas que, de fato, cumpram o seu papel, zelando, acima de tudo, para atender o interesse da população que usa as nossas rodovias.
O transporte é algo fundamental que vai desde o deslocamento até a condução de cargas. Quando a gente fala de um pedágio alto, a gente fala de um preço que vai ser sobreposto aos produtos de consumo no supermercado. Isso é algo que nos preocupa. As pessoas se deslocam diariamente para trabalhar de uma cidade a outra e têm o ônus do pedágio para assumir dali em diante. Muitas são as questões que afetam o dia a dia das pessoas. O que não podemos é pagar tarifas abusivas e ter estradas ruins que não oferecem segurança e não trazem boas condições para os nossos cidadãos. Eu quero agradecer a todas as deputadas e a todos os deputados que participaram dessa construção. De modo especial, quero agradecer à deputada Maria Clara Marra, que travou essa luta desde 2023 conosco, no que diz respeito a todo o trabalho dentro da comissão, com audiência pública e construção dessa pauta. Foi uma grande vitória.
Sra. Presidente, eu quero também, neste momento, falar um pouquinho – ontem a gente teve um debate aqui nesta Casa – do falecimento do nosso papa Francisco. Eu pude falar na nossa comissão, mas faço questão de trazer esse tema aqui, não sob a ótica de que o papa tinha um posicionamento ideológico de direita ou de esquerda, mas que tinha um posicionamento de cristão batizado, com sua responsabilidade tanto com os princípios defendidos pela igreja quanto necessariamente com os compromissos sociais. E, quando a gente ouvia o papa dizer que não era a favor do aborto, que era contra o aborto e que condenava tal prática, muitas vezes isso soava como uma pauta conservadora. No entanto, defender a vida não é algo conservador; é um ato cristão. E essa foi a postura do papa. Quando dizia que a gente precisa ter liberdade e levantava a voz contra qualquer tipo de autoritarismo, ele não estava se posicionando como uma pessoa de esquerda, mas como alguém que defendia as liberdades. Como cristão que sou também, eu não acredito e não defendo o aborto. Mas eu também não defendo a postura armamentista, como cristão que sou. Então o posicionamento do papa Francisco, em momento algum, foi político-ideológico de direita ou de esquerda. Foi um posicionamento cristão daquele que defende a vida na sua integralidade e na sua plenitude, em todos os seus sentidos. A gente precisa, neste momento, ter essa voz de sobriedade. Por mais que a polarização e a concepção de que existem apenas dois lados possam render mais visualizações, mais likes e mais popularidade, nós precisamos ter a coragem de dizer que também podemos nos posicionar no centro, na ponderação, no diálogo, na construção de entendimento. E a gente vê isso acontecer aqui, dentro da Casa. Eu respeito o posicionamento ideológico de cada um dos parlamentares que aqui estão e o direito que eles têm de defender as suas bandeiras. Mas o que a gente mais vê nesta Casa é o consenso. Depois do debate, depois do enfrentamento, a gente se une para votar em defesa de algo que é importante para o Estado de Minas Gerais. Essa deve ser a nossa consciência. Nós precisamos sair do senso comum da discussão do dia a dia. Muitas vezes, a gente vai para um processo e trata as coisas de maneira muito simplista.
Outro dia eu ouvi aqui alguém falar do batom na estátua A Justiça. Eu sou um político de centro-direita. Já fui do MDB, mas hoje sou do União Brasil. Eu não acho que a cabeleireira que pichou a estátua com batom mereça 14 anos de cadeia, mas acredito que essa ação também não pode ser minimizada, porque não é uma simples estátua, mas uma estátua que representa a Justiça do País. Não é a estátua que representa o Alexandre de Moraes nem o Supremo Tribunal Federal. Eu sou católico, e se uma pessoa pegar um batom e pichar a imagem de Nossa Senhora, eu vou achar ruim, mesmo sendo de batom. Acredito que, para um evangélico, se alguém pichar a Bíblia de batom, ele também não vai gostar. Para quem é ateu ou não comunga de nenhuma religião cristã, se alguém rasgar a fotografia da sua mãe, do seu pai, da sua avó ou passar batom nessa fotografia, a gente também não vai gostar. Isso não merece 14 anos de cadeia, mas também não pode ser minimizado como se fosse algo insignificante. É essa posição que nós precisamos ter neste momento, a posição de sobriedade para poder compreender as coisas. É nesta política que eu acredito: de poder refletir, de poder compreender, de poder ter opinião própria e não simplesmente repetir aquilo que outras pessoas disseram.
Por isso venho dizer aqui, concluindo as minhas palavras, que sou um político de centro, defendo as convergências, as construções, e levo sempre comigo os princípios cristãos, e a gente precisa ter isso com muita tranquilidade. Encerro as minhas palavras dizendo que, como cristão, tivemos na Igreja Católica um grande líder, D. Helder Câmara, que tinha uma posição de acolhimento social, mas uma posição firme de cristão. Eu encerro minha fala com as palavras que D. Helder um dia disse: “Quando dou pão aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista”. Então nós precisamos entender que as nossas posições não podem ser de conveniência; elas precisam ser de convicção. Muito obrigado, Sra. Presidente.