Votações continuam sendo realizadas por meio da plataforma Silegis, por causa da pandemia de coronavírus
O líder do bloco de oposição pontuou que a discussão da matéria em tempos de pandemia compromete a participação
Em nova rodada de debates, deputados aprovam mudanças nas alíquotas

PLC da reforma da previdência passa no Plenário, em 1º turno

Projeto aprovado prevê alíquotas de contribuição progressivas, entre 11% e 16%, e cisão do Ipsemg.

02/09/2020 - 15:40

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou em 1º turno, em Reunião Extraordinária de Plenário nesta quarta-feira (2/9/20), o Projeto de Lei Complementar 46/20, do governador Romeu Zema, que integra a reforma da previdência dos servidores públicos estaduais.

A proposição prevê, entre outras medidas, alíquotas progressivas de contribuição, cisão do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) e criação de nova autarquia para gerir a previdência, a MGPrev. Ela foi aprovada por 50 votos a favor e 20 contrários.

A aprovação foi na forma do substitutivo nº 2 da Comissão de Administração Pública, apresentado na noite de terça-feira (1º) pelo relator, deputado João Magalhães (MDB). A principal mudança em relação ao texto original é que as alíquotas de contribuição previdenciária ficaram entre 11% e 16%, por faixas salariais, como havia sido proposto anteriormente também pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia. No projeto do governador, as alíquotas eram de 13% a 19%

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Pela maioria dos votos, o Plenário também rejeitou uma série de emendas que haviam sido apresentadas por deputadas e deputados. Agora, o PLC segue novamente para a Comissão de Administração Pública, para parecer de 2º turno, antes de retornar ao Plenário e ser votado em definitivo.

Entre as emendas rejeitadas, havia sugestões retirando a possibilidade de cobrança de nova alíquota extraordinária, se houver deficit nas contas da previdência, e sua incidência sobre os salários dos aposentados e pensionistas que recebem um salário mínimo ou pouco mais. O novo texto prevê essa incidência nas aposentadorias e pensões a partir de três salários mínimos.

Também foram rejeitadas emendas que pretendiam excluir as carreiras policiais, os agentes penitenciários e socioeducativos e os policiais legislativos do Regime de Previdência Complementar (RPC). 

No entanto, a incidência de contribuição sobre aposentadoria e pensão das pessoas com deficiência só deve ocorrer sobre valor que supere o dobro do limite para benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), por causa de uma emenda que havia sido acatada e incorporada no subsitutivo nº 2. Foi também resguardado o piso de um salário mínimo quando a pensão se tratar de única fonte de renda auferida pelo dependente.

Assim ficou definida a cobrança da contribuição previdenciária, de acordo com as faixas de salários:

  • até R$1.500 - 11%;
  • de R$1.500,01 até R$2.500 - 12%;
  • de R$2.500,01 até R$3.500 - 13%;
  • de R$3.500,01 até R$4.500 - 14%;
  • de R$4.500,01 até R$5.500 - 15%;
  • de R$5.500,01 até R$6.101,06 - 15,5%;
  • e acima de R$6.101,06 - 16%.

O texto aprovado pelo Plenário mantém diversas determinações do projeto original do governador, como a cisão do Ipsemg e a consequente criação de nova autarquia para gerir a previdência no Estado, a MGPrev. Com isso, o Ipsemg passará a se encarregar apenas da assistência à saúde dos servidores.

Deputados destacam avanços em parecer

Apesar de ter feito críticas aos projetos de reforma do Executivo, o deputado Sargento Rodrigues (PTB) considera que melhorias foram conquistadas durante a tramitação na Assembleia. Ele destacou como um avanço a definição de novas alíquotas pelo substitutivo nº 2. O deputado esclareceu que a cobrança será progressiva, assim como no caso do Imposto de Renda, e todos terão um desconto total um pouco menor do que se imagina.

Ou seja, na prática, quem ganha R$ 4.000 brutos por mês, por exemplo, terá um desconto efetivo total menor do que 14%. Porque, desse salário, até R$ 1.500, ele pagará 11%; no intervalo entre R$ 1.500,01 e R$ 2.500,00, pagará 12%. Entre R$ 2.500,01 e 3.500,00, pagará 13%. E somente nos R$ 500 restantes, entre 3.500,01 e 4.000,00, é que incidirá a alíquota de 14%.

A deputada Laura Serrano (Novo) e os deputados Gustavo Valadares (PSDB), Delegado Heli Grilo (PSL) e Carlos Pimenta (PDT) se manifestaram favoravelmente à aprovação do projeto. 

Parlamentares contrários justificam posição

O deputado André Quintão (PT), líder do Bloco Democracia e Luta, e outros parlamentares posicionaram-se de forma contrária ao PLC 46/20. Eles enfatizaram que a discussão é inadequada para este momento, em que a pandemia de Covid-19 exige distanciamento social, o que compromete a participação popular.

“É um absurdo esse processo decisório, que vai afetar muitos servidores, ocorrer neste momento”, afirmou André Quintão. Ele voltou a defender que apenas as alíquotas deveriam ser revisadas agora, para atender exigência do governo federal, e destacou o trabalho do bloco para minimizar danos aos servidores.

Também justificaram seus posicionamentos contrários à proposta as deputadas Beatriz Cerqueira, Leninha, Marília Campos, e os deputados Betão, Ulysses Gomes e Doutor Jean Freire, todos do PT, e as deputadas Andréia de Jesus (Psol) e Ana Paula Siqueira (Rede).

Entre os pontos levantados pelos parlamentares, estão a falta de diálogo do Executivo com os servidores para a construção das propostas e de dados que justifiquem as medidas, a rapidez com que os textos estão tramitando na ALMG, o aumento da idade para aposentadoria das mulheres e de professores e o desmembramento do Ipsemg.

“Todo o processo é político e não técnico”, afirmou Beatriz Cerqueira. Ana Paula Siqueira enfatizou que é preciso buscar mais avanços nos projetos para a votação em 2º turno. “O deficit do Estado não é responsabilidade do servidor”, afirmou.

Tramitação – O PLC 46/20 e a Proposta de Emenda à Constituição 55/20, que também compõe a reforma da previdência, foram recebidos pela ALMG em 23 de junho deste ano. Em seguida, ele recebeu parecer pela constitucionalidade da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que desmembrou o projeto, retirando as questões administrativas e mantendo a proposta do Executivo no que diz respeito aos aspectos previdenciários.

Depois, teve parecer pela aprovação da Comissão de Administração Pública, na forma proposta pela CCJ; parecer pela rejeição da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social; e parecer pela aprovação da FFO. De lá, o projeto seguiu para o Plenário, onde foi emendado, e voltou para a Comissão de Administração Pública, que apresentou o substitutivo nº 2.