Médicos estão preocupados com precarização do trabalho
Problemas de infraestrutura e falta de financiamento são outras queixas levantadas por sindicato da categoria.
24/03/2015 - 20:14Dando sequência à série de visitas a entidades médicas que tem como objetivo ouvir as principais demandas da categoria, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitou, na tarde desta terça-feira (24/3/15), o Sindicato dos Médicos do Estado (Sinmed). Os deputados ouviram como principais reclamações a precarização do trabalho médico e a falta de infraestrutura de hospitais, causada pelas dificuldades de financiamento das instituições.
A diretoria do sindicato expôs aos parlamentares os maiores problemas identificados pelos profissionais de saúde. A exigência de que médicos constituam uma pessoa jurídica para prestar serviços por meio de contratos foi uma queixa unânime. Dessa forma, a administração pública se livra de encargos trabalhistas e os profissionais perdem direitos como férias e 13º salário.
Para a presidente do sindicato, Amélia Maria Pessôa, as condições de trabalho também estão entre as principais preocupações, umas vez que constantemente os médicos reclamam da falta de máquinas, leitos, medicamentos e itens básicos.
Amélia Maria Pessôa também citou os problemas de financiamento enfrentados pelos hospitais públicos, que não recebem o suficiente do Sistema Único de Saúde (SUS) nem mesmo para arcar com o custeio dos serviços oferecidos. Para melhorar esse quadro complicado, ela classifica como muito importante a profissionalização da gestão das entidades de saúde, que precisam aproveitar da melhor maneira os recursos oferecidos e buscar parcerias para novas fontes de renda.
A sindicalista ainda destacou a importância da visita dos deputados, pela oportunidade de participar das discussões e propor soluções. “Temos que ter vontade política para mudar essa situação”, afirmou.
Deputados destacam importância de ouvir a categoria
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Arlen Santiago (PTB), que requereu a visita, fez severas críticas ao sistema de saúde nacional e ressaltou a importância de se criar um grupo de trabalho com as entidades médicas para encontrar soluções.
O parlamentar comunicou que a comissão está de portas abertas para receber o sindicato e apontou alguns dos gargalos encontrados na saúde. Ele citou como exemplos a insuficiente participação do Governo Federal no custeio do SUS e a necessidade de atualização da tabela de serviços do sistema, a grave crise financeira que atinge as Santas Casas e a importância de se investir nas carreiras médicas. “Estamos no apagão da saúde”, ressaltou o parlamentar.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) enfatizou o caráter suprapartidário das visitas da comissão e também fez críticas ao que ele considera um quadro dramático. Ele ainda trouxe ao debate a judicialização da saúde, que na sua opinião tem afetado médicos que, sem estrutura de trabalho e amparo, acabam sendo responsabilizados pelas carências de todo o sistema.
O deputado Doutor Jean Freire (PT), por sua vez, lembrou que, apesar das deficiências de infraestrutura e serviços das instituições hospitalares, houve muitos avanços. Ele ainda defendeu a inclusão do bem-estar físico e mental dos próprios profissionais que cuidam da saúde nos debates e o cuidado para que sejam tratadas questões de interesse não só dos médicos, mas de todos aqueles que contribuem no trabalho diário com os pacientes.