Durante o ciclo de debates, foram apresentadas diferentes experiências de Minas Gerais
Adriana Faria sugere que os governos criem outras formas de aportar recursos para o setor
O vice-prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Wander Chaves, falou sobre a experiência do município na incubação de empresas

Viçosa aposta em incubadoras e parques tecnológicos

Ciclo de debates apresenta experiências exitosas de apoio a empreendimentos de base tecnológica.

12/08/2014 - 20:01

Incubadoras e parques tecnológicos são meios de encurtar a distância entre as universidades e as empresas. A afirmação é da diretora executiva do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (CenTev-UFV), Adriana Ferreira de Faria. Ela participou do painel “Incubadoras: modelos e experiências”, dentro do do Ciclo de Debates Incubadoras e parques tecnológicos em Minas Gerais e sua contribuição para o desenvolvimento econômico do Estado. O evento foi realizado no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (12/8/14).

Segundo Adriana Faria, o maior desafio da entidade que dirige é “transformar a pujança científica e tecnológica da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em produtos e serviços que as empresas se interessem em produzir”. Ela informou que na UFV são defendidas por dia duas teses de mestrado e uma de doutorado.

O CenTev, conforme Adriana Faria, foi o meio encontrado para fazer a ponte entre a universidade e o mercado. Inaugurado em 1996, a entidade já graduou 33 empresas, incubou nove e outros 15 projetos estão pré-incubados. Esses projetos geraram um total de 500 empregos. O centro tecnológico, de acordo com a dirigente, é composto pela incubadora, pelo parque tecnológico de Viçosa, pelo Núcleo de Desenvolvimento Social e Educacional e por uma Central de Empresas Juniores.

Como contribuição para aperfeiçoar o funcionamento do CenTev e de outras entidades congêneres no Estado, Adriana Faria sugere que os governos criem outras formas de aportar recursos para o setor (atualmente isso é feito por meio de editais). Outra possibilidade é a destinação de recursos para o custeio das incubadoras e parques tecnológicos. “Praticamente todo o nosso custeio é feito pela UFV, com pequeno apoio da prefeitura de Viçosa”, informou.

Para ela, outra mudança importante seria o tratamento interdisciplinar da área de ciência e tecnologia pelo Estado. Atualmente, apenas a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia lida com o tema. Adriana Faria apelou aos parlamentares para que apresentem emendas destinando recursos para as incubadoras e parques tecnológicos. Também defendeu investimentos de forma a dar maior visibilidade às incubadoras e empresas incubadas. “Precisamos de políticas públicas que fortaleçam as incubadoras”, concluiu.

Fumsoft agrega 45 empresas

Quarenta e cinco empresas graduadas, com faturamento total de R$ 100 milhões, gerando 700 empregos. Esse foi o resultado atingido pela Sociedade Mineira de Software (Fumsoft) em 18 anos de atuação. O diretor de empreendedorismo da entidade, Daniel Diniz, considera fraco esse desempenho. “Somos capazes de muito mais, mas o fato é que caminhamos sozinhos nesses anos, sem qualquer apoio governamental”, destacou.

Daniel Diniz abordou a meta da Fumsoft contida no projeto MGTI 2022. O objetivo é aumentar o faturamento do setor de tecnologia em Minas Gerais, de R$ 2 bilhões para R$ 9 bilhões, ampliando o número de empregos de 22 mil para 72 mil. “Nosso sonho é tornar Belo Horizonte a capital nacional da tecnologia. Mas estamos longe disso: a cidade ainda está em 18º lugar no ranking nacional”, afirmou.

Na opinião dele, a meta só será atingida com “mais empresas incubadas, mais empreendimentos acelerados, com geração maior de negócios”. Segundo Daniel Diniz, atualmente há 5 mil empresas de base tecnológica em Minas, sendo 3.500 na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Do total de pessoas ocupadas nesse segmento, 96% estão em pequenas empresas. “Se não houver apoio governamental, essas empresas não terão a possibilidade de crescer”, afirmou.

Santa Rita do Sapucaí quer ser cidade criativa

Wander Wilson Chaves, vice-prefeito e secretário de Ciência e Tecnologia de Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), falou sobre a experiência do município na incubação de empresas. Ele informou que nas três incubadoras locais, 21 empresas foram hospedadas, gerando 1.460 empregos, com um faturamento de R$ 200 milhões.

O vice-prefeito lembrou que no início da década de 1980 surgiram as primeiras empresas. “Depois vieram as feiras tecnológicas. Tudo isso foi incentivando as pessoas a terem seu negócio próprio, gerando um ambiente informal de incubação, sem apoio do governo, só com a união de pequenas empresas”, explicou.

O dirigente municipal disse que a cidade está repensando seu modelo, fomentando a ideia de uma cidade criativa. “Nosso objetivo é conectar todas as culturas locais, buscando a inovação. Ao aproximar todas essas culturas, poderão surgir novos negócios. Estamos iniciando um processo para misturar todas essas áreas, usando nossa força na área tecnológica para aplicar nas áreas cultural e social”, completou.

Sebrae apoia incubadoras e parques tecnológicos

Ênio Duarte Pinto, gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae, tratou dos programas da entidade para apoiar as incubadoras e parques tecnológicos. Ele informou que o Sebrae apoia 152 incubadoras, de um total de 384 no País. São 2.234 empresas residentes nas incubadoras, o que equivale a dois terços do total. Em Minas Gerais, são 17 incubadoras apoiadas pelo Sebrae, com investimentos de R$ 2,5 milhões. Minas Gerais é o Estado que lidera em número de incubadoras apoiadas. Em seguida vêm Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Segundo ele, o objetivo do Sebrae é profissionalizar as incubadoras e transformar as empresas incubadas em empreendimentos de ponta. Para isso, o órgão investiu R$ 25 milhões por meio de um edital para atender as incubadoras, de acordo com Ênio.

Um dos programas é o Sebraetec, que busca atender a demanda do pequeno empreendedor criando uma rede de prestadores de serviços tecnológicos. “Fazemos a aproximação dos dois setores e subsidiamos o processo. O Sebrae financia 80% do projeto e 20% fica para as empresas, que podem financiar esse débito”, explicou.

Em 2013, foram 80 mil empreendimentos apoiados pelo Sebraetec, e a meta para 2014 é chegar a 100 mil, conforme o executivo. Por último, Ênio Pinto disse que o Sebrae atende cerca de 2 milhões de negócios por ano. “Uma em cada dez empresas brasileiras demandam serviços ao Sebrae na área de tecnologia e inovação”, concluiu.

Crítica ao governo - O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) criticou a falta de investimentos do Governo do Estado na área de ciência e tecnologia. “Os valores investidos em ciência, tecnologia e inovação são pequenos. Precisamos pensar em investimentos com mais ousadia, intensidade e celeridade. Estamos ficando atrasados em relação a outros Estados”, criticou.