O primeiro painel da tarde tratou do povoamento dos parques científico-tecnológicos de Minas Gerais

Brasil precisa transformar conhecimento em negócios

Para especialistas, incubadoras e parques tecnológicos favorecem inovação científica e novos empreendimentos.

12/08/2014 - 18:37

O desafio de transformar o conhecimento tecnológico em crescimento econômico foi temática dominante no primeiro painel da tarde do Ciclo de Debates Incubadoras e parques tecnológicos em Minas Gerais e sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do Estado. O evento foi realizado nesta terça-feira (12/8/14) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Estavam presentes à mesa de debates os deputados Ulysses Gomes e Adelmo Carneiro Leão, ambos do PT.

O painel tratou do “Povoamento dos parques científico-tecnológicos de Minas Gerais: empreendimentos tipo e políticas de atração”. Sobre o assunto, o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da PUC-RS, Jorge Luis Nicolas Audy, explicou que o Brasil tem falhado em transformar o conhecimento produzido nas universidades em produtos de alta densidade tecnológica e valor agregado. O resultado, frisou, é a dependência da economia brasileira da área agroindustrial. “Precisamos criar um mix de desenvolvimento diferente. Continuamos sendo quase irrelevantes na obtenção de patentes em nível mundial”, afirmou.

O pró-reitor destacou também a necessidade de ambientes favoráveis para novos negócios e uma economia mais “plural”. Para serem bem sucedidos, segundo ele, esses ambientes - os parques tecnológicos e as incubadoras - precisam de: parcerias universidade-Estado; acesso a capital; apoio à comercialização dos produtos; e espaços de infraestrutura adequados. “Os parques precisam reunir gente com conhecimento mais gente com ideias e gente com dinheiro. Para conseguirmos isso, precisamos aprender a lidar com os obstáculos e observar as experiências que não deram certo”, complementou.

BH-Tec tem espaço para cresccer

O diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), Ronaldo Tadeu Pena, falou sobre as alternativas para viabilizar economicamente a ocupação do parque tecnológico. Ele sugeriu, em nível municipal, redução do ISS e isenção do IPTU e, em nível estadual, a redução ou isenção do ICMS. “Temos uma área de mais de 8 mil metros quadrados e espaço para a construção de mais 12 prédios. Seria interessante a migração de empresas vindas de incubadoras e de empresas de novos negócios, com a expansão de nossos residentes”, defendeu.

Ele também deu destaque à queda de Minas Gerais no ranking nacional de gestão e competitividade, feito pela revista The Economist. O Estado, que estava em terceiro lugar em 2011, passou para a sexta posição em 2014. “A ocupação dos parques tecnológicos passa necessariamente por uma postura mais agressiva do Estado, visando à maior competitividade. O desenvolvimento econômico precisa ser uma política com participação de todos”, afirmou.

MG terá novos parques tecnológicos

Para a diretora de Fomento ao Empreendedorismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Marina Brandão Dutra, o investimento em inovação é uma questão de sobrevivência. “Quem não acompanhar as tendências de mercado ficará de fora”, afirmou. Ela também falou do desafio de converter a produção científica em produto de alto valor agregado. “Por que investir em parques? Para facilitar a integração dos atores desse processo. A missão dos parques é prover inteligência e infraestrutura para os atores de inovação”, explicou.

A diretora informou que em Minas Gerais já existe um arcabouço institucional para a promoção de ambientes de inovação, citando editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) como o Proptec, que dá até R$ 2 milhões para empresas localizadas em parques tecnológicos. Ela deu destaque, ainda, aos investimentos feitos pelo governo na infraestrutura dos parques de Viçosa (R$ 7 milhões), Itajubá (R$ 12 milhões) e Belo Horizonte (R$ 30 milhões). “Está prevista a construção de novos parques em Juiz de Fora, Lavras e Uberaba. E estão em estudo de viabilidade parques em Montes Claros, Diamantina, Teófilo Otoni, Brumadinho, Araxá e São João del-Rei”, finalizou.