Discriminação Étnico-racial: a discriminação e o preconceito nosso de cada dia
A discriminação étnico-racial será tratada a partir da sensibilização dos alunos por meio de músicas relacionadas ao tema, seguida pela leitura de relatos de episódios de preconceito étnico-racial e síntese destes.
Após isso, os alunos elaborarão, em grupo, textos com base na leitura e no debate de outros relatos de discriminação étnico-racial. Os textos prontos serão apresentados e comentados.
Ao final, os alunos farão um breve relato sobre a atividade vivenciada e o aprendizado obtido.
Informações gerais
Recomendado para
- Alunos do ensino médio
Objetivo
- Sensibilizar sobre a relevância do tema Discriminação étnico-racial (tema do Parlamento Jovem de Minas 2019) a partir da discussão de notícias divulgadas em alguns veículos de comunicação sobre casos de preconceito de origem étnica e racial.
Elaborado por
- Equipe do Parlamento Jovem de Minas
Duração
- 1 hora e 40 minutos
Infraestrutura
- Notícias diversas impressas (três sugestões em materiais complementares)
- Letra impressa da música Somos todos iguais
- Lápis ou canetas
- Papeis em branco
- Equipamento de som ou multimídia
O Brasil é um país cuja população possui diversas etnias. Contudo, em meio ao cotidiano da sociedade brasileira, é evidente a distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na cor ou na origem étnica, fato que é chamado de discriminação étnico-racial.
Sua origem no país se deu pelo contexto histórico e político que levou à composição social atual e à busca pela supremacia por alguns grupos que compõem a sociedade.
Partindo disso, esta atividade abordará o tema por meio de músicas a ele relacionadas e relatos de episódios de discriminação étnico-racial a fim de provocar a sensibilização dos alunos sobre essa forma de preconceito.
1. Sensibilização e preparação (10 minutos):
O espaço da atividade deverá ter som ambiente ou projeção de clipes de músicas que remetam ao tema geral do projeto: discriminação, preconceitos, desigualdades de origem étnico-racial. Exemplos:
- Identidade (samba, 1999) – Jorge Aragão
- Sá Rainha (MPB, 1999) – Maurício Tizumba
- Olhos Coloridos (música soul, 1982) – Sandra de Sá
- A carne (MPB, 2002) Elza Soares
Informar aos participantes sobre os objetivos da atividade e como será a sua dinâmica:
- Organização de grupos de leitura e discussão (de 3 a 8 pessoas) de pequenos textos que relatam exemplos de preconceito e discriminação étnico-raciais
- Leitura, discussão e elaboração, nos grupos, de uma pequena síntese do texto lido e da discussão produzida no grupo para apresentação e debate coletivo. Informar que, para a etapa de leitura, discussão e elaboração do texto, serão dados até 30 minutos
Leitura, discussão e elaboração de texto em grupo (30 minutos):
- Distribuir aos grupos de trabalho cópias de textos que relatem casos de preconceito/discriminação a negros, estrangeiros, judeus, indígenas, ciganos, etc (no item Material de apoio, há sugestão de três textos sobre negros, ciganos e indígenas)
- Se não for possível, selecionar um tipo de texto diferente para cada grupo, sugere-se trabalhar com textos repetidos, desde que haja pelo menos três textos diferentes – uma forma de diversificar o debate.
- Oriente para que cada grupo escolha um relator, um jovem que será referência para organizar o trabalho e apresentar o texto a ser elaborado.
- Distribuir lápis/canetas e papeis.
O texto que será produzido não precisa ser muito elaborado, já que não será recolhido ou avaliado. É possível que seja no formato de tópicos ou notas. Seu objetivo é orientar o relator durante a sua exposição.
Nesse tipo de atividade, é comum que haja grupos de trabalho mais rápidos do que outros. Essa diferença deverá ser observada e administrada para evitar dispersões dos demais participantes.
A sugestão é que se oriente os grupos que encerrarem antes do tempo previsto a revisarem o texto e a retomarem pontos que tenham ficado pouco desenvolvidos. Também deve se orientar os grupos que estiverem um pouco atrasados a simplificar a elaboração do texto.
Socialização e debate (40 minutos):
Encerrado o prazo dos trabalhos em grupo, peça que os relatores exponham uma síntese do texto recebido pelo seu grupo e dos pontos mais importantes discutidos.
Caso outros grupos tenham trabalhado com o mesmo texto, pode ser interessante pedir que um grupo (à escolha deles) faça a exposição inicial e que os demais façam apenas complementações e observações que considerarem necessárias, na sequência. A depender do número de grupos, combine um tempo de apresentação de 3 a 5 minutos para que haja um bom tempo para o debate coletivo.
Faça comentários e tente fomentar a reflexão sobre o tema, ressaltando sua complexidade e urgência e articulando as apresentações feitas. Se possível, destaque os pontos mais interessantes da fala para documentação e registro posterior da atividade. Esse registro também poderá auxiliá-lo a pensar em temas e dinâmicas interessantes de trabalho para os subtemas.
Fechamento
Para o encerramento da atividade, colocar a música Racismo é Burrice, de Gabriel o Pensador (5 minutos de duração). Distribua letras impressas para o grupo acompanhar e observar a riqueza da letra. Ao final, estimule os jovens a relatarem sobre os pontos mais interessantes da atividade do dia, das aprendizagens construídas.
Você poderá avaliar o desempenho individual dos alunos no debate.
Avalie, por exemplo:
- O argumento geral do aluno e como ele o fundamenta
- A pesquisa apresentada durante o debate na forma de fatos e exemplos
- A apresentação geral do aluno durante o debate
Comunidade cigana brasileira sofre com preconceitos e restrição de direitos”, diz relatora da ONU
Nações Unidas Brasil - 2016
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Preconceito racial e racismo institucional no Brasil
Márcia Pereira Leite - Le Monde. 2012
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Desigualdade racial no Brasil – 2 minutos para entender
Superinteressante - 2016 (2m35s)
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Preconceito racial e discriminação racial são duas coisas diferentes
Luíz Fernando Veríssimo - Geledés. 2009
(conteúdo acessado em 123/2020)
“Não é privilégio, é dívida histórica”, diz professora indígena sobre demarcação de terras no Brasil
Luiza Garonce - Globo. 018
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Indígenas nas cidades e o direito à própria cultura
TV UFMG - 2018 (3m37s)
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
“Pensam que deixo de ser indígena por usar smartphone”: jovem Xavante cria canal no YouTube para combater preconceito
BBC New Brasil. R7. 2018
(conteúdo acessado em 12/3/2020).
Realidade indígena em Minas (em dois blocos)
TV Assembleia - 2018
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
O Pardo é negro? Colorismo, Passabilidade, Eugenia: O que é ser negro de pele clara no Brasil
Santiago Spartakus - 2019. (8m07s)
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Notícia 1
''Ele disse: “Você prefere maçã? Não, né?'', relata agente que acusa advogado de injúria racial.
João Henrique do Vale - Estado de Minas. 2017
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Notícia 2
Preconceito é o principal problema enfrentado por ciganos no país
Isabela Vieira - UOL
(conteúdo acessado em 12/3/2020
Notícia 3
Povo Xakriabá enfrenta preconceito para garantir atendimento básico à saúde em Itacarambi (MG)
Conselho Indigenista Missionário - CIMI - 2016
(conteúdo acessado em 12/3/2020)
Letra da música: Racismo é Burrice (Gabriel o Pensador)
Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constroem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não para pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.
GABRIEL O PENSADOR. Racismo é Burrice. (4m52s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c4lbIDBWr3g>. Acesso em: 12 mar. 2020