Pronunciamentos

RAFAEL CICCARINI NUNES, Reitor do Centro Universitário d Belo Horizonte - UniBh

Discurso

Agradece homenagem recebida pelo transcurso do 60º aniversário do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBh.
Reunião 22ª reunião ESPECIAL
Legislatura 20ª legislatura, 2ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/06/2024
Página 5, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 5873 de 2024

22ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 3/6/2024

Palavras do Sr. Rafael Ciccarini Nunes

Boa noite. Boa noite a todos e a todas. Exmo. Sr. Deputado Alencar da Silveira Jr., 2º-secretário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nosso egresso também, muito obrigado pela deferência de ter vindo presidir a sessão. Exmo. Sr. Deputado Sargento Rodrigues, autor do requerimento que deu origem a esta homenagem. Sargento Rodrigues, obrigado pelas palavras, obrigado por esta noite muito especial, obrigado por proporcionar isto para a nossa instituição. E como ex-aluno duplamente das nossas instituições, a gente tem uma honra muito grande por ter este momento, que é altamente simbólico. E eu vou falar um pouco disso. Muito obrigado.

Exmo. Sr. Vereador Braulio Lara, professor da casa e também representando a Câmara dos Vereadores, obrigado. Sr. Daniel Faccini Castanho, sócio-fundador e presidente do conselho da Ânima Educação, muito obrigado. Vou citar os três de uma vez, são os três fundadores da Ânima: Daniel Faccini Castanho, Marcelo Battistella Bueno e Maurício Escobar. Agradeço a vocês três, de coração, porque hoje, mais cedo, falávamos com o Maurício sobre a palavra confiança – e vou voltar a falar disso quando falarmos um pouquinho do UniBH, de educação e da história dessa instituição, mas, se não fosse a confiança de vocês, por óbvio, eu não estaria aqui. E eu sou capaz de me lembrar de detalhes com cada um de vocês, dos momentos que me trazem, aliás, que nos trazem até aqui. Estou vendo um tanto de gente especial, estou vendo um monte de gente com camisa do UniBH, estou vendo muito professor, muito coordenador de curso, e é sobre isto: educação, educadores, a Casa do povo, que é a Casa Legislativa, abraçando a comunidade acadêmica. Isto aqui é lindo e agradeço demais por ter-nos proporcionado essa confiança.

Prof. Fogaça, fundador da Fundac, sem ela, sem o senhor, sem a sua visão, representando aqui todos os membros da Fundac, aliás, muitíssimo bem representada, a gente, evidentemente, não estaria aqui. E o senhor, o educador Fogaça, foi professor de tanta gente aqui, inclusive meu, ainda que não formalmente em sala de aula, ensinou tantas pessoas que estão aqui e foi professor de algumas pessoas que se encontram nesta Mesa. Até hoje aprendo com o senhor, todos nós aprendemos com o senhor. Para quem não sabe, além de ter sido presidente – hoje não é presidente –, foi fundador da Fundac. Daqui a pouco a gente vai falar um pouquinho sobre isso. O UniBH foi fundado por professores para atender uma demanda de também formar professores. O professor é a essência dessa instituição. O Prof. Fogaça faz hoje doutorado em teologia, mas não só doutorado em teologia; também estuda o filósofo Kierkegaard. Até hoje eu batalho para entender esse filósofo, Prof. Fogaça, Daniel Castanho, entusiasta da filosofia, Prof. Ricardo Cansado, Prof. João Batista. Kierkegaard, um dos mais difíceis filósofos, fala sobre o salto de fé, não é isso, Prof. Fogaça? Aprendi direitinho? E a educação, a vocação do educador é um salto de fé; é alguma coisa que a gente precisa e deve fazer, que pressupõe uma confiança, que pressupõe um senso de dever e que é o correto. A gente não sabe de que maneira, mas sabe que é a partir dela que as coisas se transformam e que tudo se transforma em qualquer sociedade, qualquer nação, qualquer povo. Esse foi o seu salto de fé junto à Fundac ao criar essa instituição há 60 anos. Uma salva de palmas para o Prof. Fogaça, para a Fundac.

E, aqui, o deputado João Leite, nosso ex-aluno, que se formou também em história. Eu sou graduado em história. Perguntaram-me se eu fiz história e respondi: “Não, sou graduado em história”. Fazer história é um dever, é um to be continued, é um work in progress. A gente acaba falando muito inglês trabalhando, mas é um verbo no gerúndio: a gente vai trabalhando, fazendo. Eu cursei, com muita honra, história e vou me ater aqui, mas não consigo deixar de dizer: o primeiro emprego que tive, quando a quando a gente faz ou cursa história… Meus pais, a quem homenageio aqui – não sei se a minha mãe chegou… Eu fico preocupado com o fato de minha mãe ter chegado ou não, se alguém já ligou para ela, se está tudo bem. Minha mãe não vir aqui é algo raríssimo para quem conhece D. Lucia Ciccarini, a quem homenageio, além de meu pai, Sr. Edson Tadeu Ciccarini, aliás, Sr. Edson Tadeu Nunes.

Meu pai briga se eu coloco Ciccarini, pois chama toda a atenção, porque Ciccarini é da sua mãe e o Nunes fica ofuscado. Se chamo o meu pai de Ciccarini aqui, vou ter problemas em casa, mas minha mãe é uma educadora e é dela que trago essa pulsão da educação na essência e no coração. O meu pai, Sargento Rodrigues, é um militar de carreira e por isso tantos símbolos aqui. Deixou, acho que quando ele era capitão, enfim, falta-me o detalhe, para empreender. O meu pai é um militar que resolveu empreender. Quando eu tinha seis meses ele falou: “Lúcia, tenho uma oportunidade”. Formou-se na PUC, foi o primeiro da família a fazer o curso de superior, em engenharia. Foi lá para a Acesita. Depois deixou a Acesita para empreender. Houve todo esse capítulo. Minha mãe cuidou de mim sozinha, claro com todo o carinho do meu pai, mas foi tentar ganhar a vida. Depois saiu da Acesita e tentou empreender. Teve 16.326 comércios diferentes. Acho que o meu pai, em síntese, tinha um coração bom demais para empreender. Estávamos falando isso esse dia, Paula Harraca, membro do conselho de administração do Uni, muito obrigado pela presença. Ele me ensinou, Marcelo Bueno, coisa que você me ensina muito, vocês todos, que, às vezes, a gente pode não dar certo, mas a gente faz o certo. Meu pai pode não ter dado certo nos empreendimentos deles, em alguns deles, mas vários deles deram também, pois estou aqui formado, estou aqui em cima falando para vocês, me deram a educação que tenho. Mas ele preferiu, muitas vezes, seguir o caminho certo e, eventualmente, não dar certo, no entanto me ensinou esses valores na polícia, ao correr atrás da sua carreira, ao fazer um curso superior vindo de uma família humilde e a tentar sempre ir atrás do sonho. Meu pai e me minha mãe, quando falei que iria fazer história, não ficaram preocupados e não disseram “Esse menino vai viver do quê?”. Não era exatamente o curso superior mais promissor do mundo em futuro, mas não era a preocupação dos meus pais. A preocupação deles era fazer sentido para mim. E a gente está falando aqui de educação na Ânima, não é, Daniel, Marcelo? É uma coisa que tem de fazer sentido para o sujeito, para a pessoa, para cada um na sua individualidade. O resto acontece. Por que estou falando isso aqui, gente? Vou passar a ler para a gente não demorar muito, presidente.

Caro presidente do Minas. Queria falar o nome de todo mundo aqui, gente. Estou muito emocionado com a presença da Maria Eugênia, nossa coordenadora de curso, praticamente todos vocês sei de nome, seja por trajetória, seja por conhecer da comunidade de Belo Horizonte, de Minas Gerais. Cumprimento ao professor João, colega coordenador de curso, obrigado pela presença. Coordenador de curso a gente não deixa de ser não é, Prof. João? Isso fica dentro da gente, assim como ser professor.

Cumprimento o Prof. João Batista, presidente da Milton Campos, que esteve aqui recentemente recebendo uma homenagem também. Aqui estamos juntos, magnífico, presidente da Milton Campos. É muito orgulho termos a Milton Campos conosco também. Vamos fazer a pós-graduação lá, Sargento Rodrigues? O Sargento Rodrigues falou que iria fazer uma pós-graduação lá, Daniel.

Meu primeiro emprego foi aqui, como estagiário, pesquisando nos Anais desta Assembleia Nélson de Senna, Milton Campos. Me deu um lapso e não me lembro do nome do terceiro político. Eram três políticos mineiros num projeto da Fundação João Pinheiro. Eu fui estagiário. Era para fazer um livro sobre esses políticos da história política mineira. Era Nélson de Senna, do Serro, Milton Campos e depois vou me lembrar do outro. O que eu não me esqueço é de que copiei à mão discursos, discursos e discursos proferidos aqui nesta Casa Legislativa. Depois acabei não recebendo o livro. É coisa de estagiário. Sou doido para falar com o pessoal da Fundação João Pinheiro para quem tiver o livro. O meu sonho era ter acesso a ele, mas isso faz parte. Nunca me esqueci do meu trabalho braçal de ler, buscando menções. Lia todos os pronunciamentos, buscando menções a esses três para passar para os professores, Prof. Cléber. Tenho muito orgulho de ter feito esse projeto. Como é o destino, não é, Prof. João Batista? Estava lá pesquisando Milton Campos, como meu primeiro emprego, nesta Assembleia. Agora a gente está aqui, com o privilégio de estar reitor desta instituição.

Queria cumprimentar todos que passaram por lá, como o Ricardo Cançado. Estávamos falando aqui sobre os reitores que passaram pelo UniBH como o Prof. Pe. Magela, o Prof. Ricardo Cançado que chegou a ser reitor. Há vários, como a Profa. Sueli Baliza que estaria aqui, não sei se está. Prof. Fogaça, transmita a ela os nossos cumprimentos e a todos os reitores que passaram pelo UniBH. Hoje estou nesta posição, mas eu queria dizer que estou aqui representando toda essa comunidade.

É com imensa alegria e gratidão que me dirijo a esta Assembleia Legislativa em um momento tão significativo para a nossa instituição de ensino. Hoje celebramos os 60 anos do UniBH em uma trajetória marcada pelo compromisso com a excelência, a inovação e a dedicação ao desenvolvimento educacional da nossa comunidade. Fundada há seis décadas por um grupo de professores dedicados – foi fundada por professores –, a nossa instituição nasceu de um sonho: oferecer educação de qualidade para transformar vidas e contribuir para o progresso da nossa cidade e do nosso Estado. Ao longo dos anos, vimos esse sonho se concretizar e expandir, guiado por valores sólidos e pelo trabalho incansável de docentes, colaboradores e estudantes que, juntos, construíram uma história de sucesso e tradição.

Nossos cursos sempre foram sinônimo de qualidade e relevância, formando profissionais capacitados e preparados para enfrentar desafios no mercado de trabalho. Temos orgulho de nossos egressos, que se destacam em diversas áreas, desde as ciências exatas até as humanidades, impactando positivamente a sociedade com o seu conhecimento e ética. O UniBH surgiu das licenciaturas. Estou correto, Prof. Fogaça, Prof. Wellington? O Prof. Virgílio está aqui; se não estiver, um abraço também, e a todo o mundo da Fundac.

Para quem não sabe, uma breve história: o UniBH teve orgulho de seguir essa história da Fundac em 2009, quando o grupo Ânima foi escolhido pela Fundac para seguir, para nos trazer até hoje. Então a gente chega em 2009, por isso essa menção constante à fundação. E a gente tem orgulho de trazer o UniBH e de a Fundac ter tido a confiança de nos dar este mandato. Por isso, esse caminho pela história. A gente poderia falar longamente dessa história, mas não é o caso. Acho que alguns pontos não podem deixar de ser ditos, algumas tradições. A gente está aqui falando de tradição, mas está falando de futuro, está falando de inovação. Ao falar de tradição, nós estamos falando do curso de licenciatura, do curso de história, deputado João Leite. A gente mantém as licenciaturas. É um momento difícil das licenciaturas na educação superior brasileira. A gente precisa discutir e debater isso.

A gente tem um momento que permanece vivo, mas a gente tem uma força muito grande na área de comunicação nesta cidade. Vocês tem, em Belo Horizonte, o Prof. João. Onde está o Leo Bertozzi? Leo Bertozzi, obrigado. O Leo é um jornalista da ESPN Brasil e veio de São Paulo para nos prestigiar. Hoje está simbolizando os egressos da comunicação do UniBH e é atleticano. Prof. João Leite, nós já estamos formando a maioria.

Para amanhã estão todos convidados: a gente vai fazer uma homenagem a vários jornalistas egressos do UniBH que hoje brilham, inclusive do gabinete do deputado Sargento Rodrigues. O gabinete inteiro formou com a gente em comunicação. Então a gente tem esse orgulho. Amanhã nós vamos simbolizar, através de alguns desses profissionais, no nosso campus Buritis. Estão todos convidados para estar lá com a gente. Vamos homenagear vários desses nomes. O UniBH esteve lá na Rua Diamantina, esteve lá na Av. Antônio Carlos, e hoje está no Buritis. O Sargento Rodrigues falou: “Ciccarini, este campus está lindo. Eu não tinha ideia disso aqui.” Então está feito o convite para quem quiser conhecer este momento da história do UniBH, nesse campus realmente maravilhoso e que nos dá muito orgulho.

Parabéns pelo vídeo, Lucas. O nosso garoto-propaganda está aqui também. Abraço no Lucas e no Pedro Coutinho. O Lucas brilhou no nosso vídeo. Fica o convite para amanhã. É um bom momento para o Leo e os colegas serem homenageados – e o curso de comunicação. Vocês notaram que, no vídeo… A gente tem vontade de falar de todas as áreas, não é? Há mais de 50 cursos de graduação.

Hoje a gente tem uma força muito grande na saúde. Falamos do nosso curso de medicina, falamos do curso de veterinária, e vamos falar também de um projeto muito especial. É uma celebração, pois estamos lançando um novo curso que elevará ainda mais o nome da instituição. E é com grande satisfação – não poderia deixar de falar e dividir com vocês, com o povo de Minas Gerais, que é esta Casa – que anunciamos o lançamento do curso de gastronomia em parceria com o renomado instituto Le Cordon Bleu, maior escola de gastronomia do mundo. Esse curso começa no UniBH, no início do próximo semestre, não é Prof. Pedro Coutinho e Prof. Eduardo? Somos sócios dos franceses; temos esse orgulho aqui, no Brasil. Daniel, Marcelo e Maurício trouxeram isso, gente, com a visão que eles têm.

Nós temos 60 anos de UniBH. O Le Cordon Bleu é de 1895. Esse é um ano de que não me esqueço, porque é o ano em que foi criado também o cinema, que é muito especial e faz parte da minha trajetória. Le Cordon Bleu e o cinema foram fundados juntos, ambos na França, em 1895. A fundadora do Le Cordon Bleu, salvo engano, é uma mulher, e, logo em seguida, veio outra mulher. A gente pode falar porque, depois dos irmãos Lumière, veio uma pioneira que foi muito esquecida e hoje está sendo lembrada, chamada Alice Guy – a segunda mulher. Depois dos irmãos Lumière, o mais importante não foi o Méliès, foi a Alice Guy. Ela que fez os filmes mais importantes que fizerem entender que o cinema é narrativo. Então a história está sendo sempre sendo reescrita. O que quero dizer é que são… Alguém me ajude: de 1895 até hoje, são quantos anos? Mais de 120? Então nós estamos falando de uma instituição centenária, com mais de 120 anos, e de outra instituição de 60 anos, que é a UniBH, e contando, como diria o Sargento Rodrigues. Nós estamos trazendo isso para Minas Gerais, que tem uma vocação para a gastronomia. E temos também a Singularity, uma escola do futuro, que é a escola do Vale do Silício, que também nos aponta e nos ajuda a apontar, através das suas reflexões, das suas provocações do futuro, o que vem pela frente. E olhem que interessante! Nós estamos falando da tradição centenária; do presente, através de nossas marcas; e do futuro, através de uma universidade do Vale do Silício que o aponta para nós. Quer dizer que a gente sabe tudo, dá conta de tudo? Não, mas quer dizer que a gente está fazendo o maior esforço possível para dar nossa contribuição nessa transformação de que o País tanto precisa. Essa parceria representa um marco não só para a instituição, mas para a nossa comunidade acadêmica. O Le Cordon Bleu é mundialmente reconhecido por sua excelência e tradição na formação de chefs e profissionais da área de gastronomia e sua presença na instituição é um testemunho do nosso compromisso contínuo com a qualidade e a inovação.

Gostaria de agradecer a todos que tornaram possível essa parceria, em especial, ao Le Cordon Bleu. Quero saudar o nosso chef Patrick Martin. Ele foi chef nº 1 na França – não é, Marcelo Bueno? –, nosso sócio, o CEO da Le Cordon Bleu, que está fazendo essa jornada conosco, em Minas Gerais. Agradeço também a todos os membros da nossa comunidade acadêmica, professores, funcionários, alunos, pelo seu empenho, dedicação e amor pela nossa instituição.

Nosso 60º aniversário é um momento de celebração, mas também de reflexão sobre o futuro. Continuaremos a nos empenhar para sermos a instituição de vanguarda – falava disso agora, de ser o nosso papel –, comprometida com a formação integral dos nossos alunos e com o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade. Estejam certos de que a nossa missão sempre será educar com qualidade, ética e inovação.

Por fim, agradeço profundamente esta Assembleia Legislativa, na figura de toda a Mesa, na figura do Alencar, na figura, mais uma vez, de todos os deputados também que não puderam estar presentes, como o deputado João Vítor Xavier, que estará amanhã na homenagem à imprensa. Ele é nosso egresso e também membro da imprensa.

Esta Assembleia prestou esta homenagem pelo reconhecimento de um trabalho desenvolvido ao longo desses 60 anos. Esse reconhecimento nos motiva a seguir em frente, cada vez mais determinados a fazer diferença para os nossos alunos e para a comunidade em que estamos inseridos. Estou também vendo ali Cris… Tenho vontade de citar todo mundo, gente, perdoem-me. A quanto tempo estou aqui? Há 20 minutos? Não tocou nenhuma sirene. Eu acho que, para uma instituição de ensino, para um reitor, as pessoas são mais tolerantes, não tem aquele sininho, não é, presidente? Mas eu já estou acabando. Eu acho que a universidade nunca pode se achar dona de um saber que, no final das contas, nem existe, não é isso, Daniel Castanho? Você, que sempre nos ensina, nos provoca. Ela é um lugar a partir do qual a gente se provoca e fala: “Poxa, como é que vamos ser agentes de transformação?”. A gente deve, antes de afirmar algo, se questionar sobre o nosso papel e sobre a nossa responsabilidade, sobre o nosso dever. Então, quando você está numa posição como a minha, como educador, como a nossa como educadores – a gente chama, na Ânima, todos de educadores, independentemente do cargo –, a gente precisa pensar antes sobre o nosso dever.

Eu vou finalizar, mas não podia deixar de citar Montesquieu, que sempre pensou, e acabou influenciando o mundo inteiro, nessa forma de dividir os poderes em Legislativo, Judiciário e Executivo. Se a gente voltar ao título mais bonito, talvez ele seja de um livro sobre política que se chama o Espírito das Leis. O Espírito das Leis é antes uma reflexão sobre o dever de cada um como agente político. A gente romantiza muito essas obras. Montesquieu passou apertado, como diria o outro, pois lança o livro, que é uma provocação à igreja naquele momento. O clero era poder também. Ele sai com a sutil afirmação. Gente, não estou questionando a igreja, Prof. Fogaça, estou só falando do lugar que cada um deve estar: o político da política; e a igreja, respeitado, da igreja. Mas o que ele está fazendo é demarcar o lugar dele e da igreja e tentar dizer, sutilmente, só que a igreja muito inteligente percebeu e colocou o Espírito das Leis no Índex, mas foi um gesto corajoso. Quando Montesquieu morreu, Prof. João Batista, havia um filósofo no enterro dele. Se ele nos provocava a pensar o nosso lugar na política, se até hoje somos desafiados, deputado Sargento Rodrigues, conversava no seu gabinete, a pensar os poderes, a pensar essa divisão, a pensar lugar nosso suposto poder como educadores, Daniel Castanho, a gente tem de se provocar sempre. Isso está no Espírito das Leis. Vamos buscar o espírito a partir do qual a gente é cidadão, cada um com a nossa posição, cada um com o nosso dever e cada um com a nossa honra.

Quero agradecer a todos. Muito obrigado. Boa noite.