DEPUTADO GREGO DA FUNDAÇÃO (PMN), presidente "ad hoc", autor do requerimento que deu origem à homenagem
Discurso
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 20/05/2025
Página 2, Coluna 1
Indexação
Proposições citadas RQN 6366 de 2024
10ª REUNIÃO ESPECIAL DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 16/5/2025
Palavras do presidente (deputado Grego da Fundação)
Mesmo estando na Casa Legislativa mais alta do Estado de Minas Gerais, gostaria que vocês não estranhassem, porque não é uma sessão onde nós ficaremos reféns de protocolos. É uma sessão solene, é uma sessão festiva, é uma sessão alegre, com sorriso nos lábios, porque todos vocês vão aparecer nas redes sociais. Então deem o melhor de vocês. E o sorriso é a porta da nossa alma.
Inicio cumprimentando o Sr. Anderson Coelho, presidente do Crefito da 4ª Região – Minas Gerais e todos os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais; a Sra. Flávia Massa, vice-presidente; o Sr. Toshiro Takenaka, investigador de polícia; a Sra. Letícia Gamboge, representando a Polícia Civil de Minas Gerais; a Sra. Ana Paula Amorim, vice-reitora da Fundação Educacional Lucas Machado, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais; e o Sr. Renan Guimarães de Oliveira, amigo e subsecretário de Acesso a Serviços de Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Cumprimento, de maneira muito especial, vocês mulheres, não que nós homens sejamos menos especiais, na pessoa da Sra. Érica Marice Vilaça, musicista que nos encantou; em sua pessoa cumprimento todas vocês mulheres presentes.
Tenho certeza de que vocês estão esperando um discurso em que eu venha trazer os avanços do Crefito, o avanço da profissão, fazer referências a avanços na legislação e conquista. Mas eu gostaria de pedir licença e compartilhar um pouco da minha vida pessoal e da minha experiência com vocês, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Eu vou falar um pouquinho com o meu coração. Se os meus olhos se encherem de lágrimas, vai ser natural, porque vou estar compartilhando com vocês um pouco dos momentos que vivi, momentos de muita tensão, mas também momentos de muita alegria.
Hoje estou como deputado estadual, mas sou de uma família muito simples. Passei por muitas dificuldades na minha vida e ainda passo, porque dificuldades não se restringem apenas às questões financeira e econômica. Fiquei órfão de pai aos 13 anos de idade. Esse meu nome Grego da Fundação é um apelido, porque eu sou descendente de grego. O meu pai, no pós-guerra, no auge dos seus 20 anos de idade, em 1960, quando a Europa estava se reconstruindo da Segunda Grande Guerra, veio para o Brasil em busca de uma vida melhor. Veio como torneiro mecânico, num programa de intercâmbio, para trabalhar numa empresa no ABC Paulista. Depois de alguns anos, vindo para Minas Gerais, parou em Muriaé, Zona da Mata Mineira, conheceu a minha mãe, com quem teve três filhos.
Eu sou o primogênito. Como disse, fiquei órfão aos 13 anos. Foi – diria – na minha memória, a maior e a primeira dificuldade que tive aos 13 anos. Filho de um torneiro e de uma servente escolar. A minha mãe se aposentou pela Prefeitura de Muriaé como auxiliar de serviços da educação. Então sou de família simples. E eu conto isso para dizer que nada disso foi empecilho para eu crescer, para eu conquistar, para eu ser do tamanho daquilo que eu acredito e do tamanho do meu sonho. Vocês vão entender o porquê de estar contando tudo isso.
Hoje estou deputado, tive a alegria e a honra de ser prefeito na minha cidade, que hoje também está comemorando 170 anos. A cidade está em festa, mas hoje eu tinha um compromisso com vocês, de estar com vocês. Eu não poderia mandar representante. Eu precisava estar aqui. Então quero dizer para vocês que, na nossa vida, precisamos ter prioridades. Nós precisamos ter escolhas. Não que a minha cidade seja menos importante. Não é isso. Mas eu já havia assumido um compromisso anterior com vocês, que estão se perguntando: “Espere aí. Você sabia que a sua cidade completaria 170 anos nesta data”. Não, nós comemoramos o aniversário da nossa cidade no dia 6 de setembro, mas houve uma alteração na legislação, e as festividades neste ano passaram para o dia 16 de maio. Isso aconteceu depois que eu já tinha assumido um compromisso com o Crefito, com vocês, com a Assembleia.
Depois que fiquei órfão, tive uma oportunidade na vida. Entrei para o seminário e fui estudar para ser padre. Lá fiquei quase 10 anos. E a minha vida é pautada nisso. Tenho três pilares que gostaria muito de compartilhar com vocês. Eles são pedras fundamentais na minha vida: Deus, família e o serviço ao próximo. Respeito todas as religiões. Respeito também aqueles que dizem não acreditar em Deus. Respeito, mas tenho muita pena deles, porque os grandes ateus da humanidade ou terminaram no hospício ou cometeram suicídio por falta de horizontes. Procuro trazer, no meu dia a dia, os ensinamentos do nosso grande Mestre. Há uma passagem na Bíblia, Bodas de Caná, que fala de um casamento que aconteceu. De repente, Anderson, o vinho acabou. A passagem diz que Jesus estava presente naquele casamento. E compartilho com vocês um ensinamento: na sua vida e na minha, a existência e a presença de Jesus não são sinônimos de vida fácil, de ausência de problemas, pois, se assim fosse, o vinho não teria acabado naquele casamento. Mas havia ali uma pessoa muito atenta, chamada Maria, mãe de Jesus, que disse para o mestre de cerimônias: “Faça tudo o que Jesus mandar”. Naquele momento, ele ouviu Jesus. Foi atento, obediente. Mas, mais do que ouvir, ele fez o que Jesus mandou e encheu as talhas de água. O milagre aconteceu. Quando a gente ouve e faz o que o mestre manda, o milagre acontece na minha vida e na sua vida. Compartilho isso com vocês e digo: o milagre também pode acontecer na minha vida e na sua, se nós ouvirmos o mestre.
Vou dar um salto histórico e vir para um grande milagre que aconteceu na minha vida. Fiquei 10 anos no seminário, casei-me, sou pai de três filhos. O caçula, Dimitrios, que tem hoje 16 anos, nasceu com síndrome de Down. O grande milagre aconteceu quando, aos 75 dias de vida, ele teve uma gastroenterite e precisou ser internado. E vejam que ele tinha nascido prematuro e estava com poucos quilos, um peso muito baixo ainda. Com dois meses e meio de vida, então, foi internado. A mãe estava com ele no hospital num sábado, e nós recebemos a notícia da alta. Fui buscá-los e, no trajeto, tomei conhecimento de que ele tinha então broncoaspirado o leite materno. Ele teve parada cardíaca, e nós quase o perdemos ali. Esse é um grande milagre que aconteceu na nossa vida. Os profissionais importantes nesse milagre foram de toda a equipe médica multidisciplinar, composta também por fisioterapeuta. Eu compartilho isso com vocês, porque o momento me permite compartilhar, ser grato. E, desde então, o Dimitrios tem um acompanhamento, com duas fisioterapeutas ao longo desses 16 anos, a Dra. Denise e a Dra. Carine. Ele faz fisioterapia motora, faz fisioterapia respiratória. Eu sou muito grato a vocês, a vocês profissionais, porque vocês ajudam a salvar vidas. Sou testemunha viva de como vocês são, não apenas importantes, mas indispensáveis à vida do meu filho. Ele é independente, ele é autônomo, ele frequenta a escola regular, ele é uma pessoa alegre, ele é um milagre que nós temos.
Falei de Deus, estou falando de família. Talvez algumas pessoas aqui presentes ou algumas que estão nos acompanhando saibam que eu também tenho uma família atípica, atípica porque eu estou na terceira esposa. Tenho três filhos, a mais velha com a primeira; os outros dois com a segunda. Com a terceira, já estou há 10 anos, e não temos filho porque entendemos que o Dimitrios é um filho compartilhado por toda a vida e que vai precisar muito de nós. Mas a nossa família atípica é uma família de todos nós, com as minhas ex-mulheres, porque elas são ex-mulheres, mas nunca deixarão de ser mães dos meus filhos. A coisa que os meus filhos mais querem, e eu tenho certeza que vocês, filhos, mais querem para a mãe de vocês, é que ela seja muito bem cuidada. Então o que eu posso fazer para a mãe dos meus filhos, eu faço. Deus me deu a graça de ter um outro milagre, que é a minha atual esposa, que tem compreensão, que tem maturidade. Na nossa relação não existe insegurança, na nossa relação não existe medo. Nós fazemos parte de uma grande família, não a da “TV bobo”, mas da grande família da vida real. Eu sofro quando as três se unem para puxarem a minha orelha, porque, se tem uma turma que é corporativa, são vocês mulheres. Ouviram? Vocês, quando precisam se unir, vocês são bravas, vocês são poderosas, vocês alcançam o que vocês querem.
Terceiro pilar de que falei: servir. Eu estava prestando atenção ao vídeo e fiz umas anotações. A nossa existência precisa estar pautada no serviço ao próximo. Foi dito ali dos avanços, porque os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais são humanos, precisam ter toque. Acima de tudo, a última palavra foi empatia; precisa haver empatia. Se isso não acontecer, a química entre o profissional e o paciente vai ficar deficiente, deficitária. Depois dizem, como o vídeo falou também, de técnicas, que vocês são pessoas técnicas, corajosas. E, mais uma vez, terminou: humanas. Vocês trabalham para melhorar a vida de quem cuida. Presença humana, vocês cuidam da reabilitação, mas com o objetivo de salvar vidas.
Então esta homenagem, esta sessão solene tem este motivo principal: um agradecimento meu, em nome do Dimitrios, em nome da minha família e em nome de todos os que dependem de vocês. Muito obrigado. Vocês são indispensáveis no nosso dia a dia, no nosso cotidiano. Quantos, neste momento e neste período agora de outono e inverno, como o meu filho, precisam de uma fisioterapia respiratória porque produzem e não conseguem, muitas vezes, expelir. É um profissional, que, quando chega, é um sopro de alma que os permite ter qualidade de vida.
Então, hoje, a sessão é para dizer-lhes “obrigado”, mas, ao mesmo tempo, reforçar e convidá-los a prestar atenção e a rever esse vídeo porque ele está disponível para vocês várias vezes. Prestem atenção nestas palavras, prestem atenção no que foi dito: “Sejam pessoas humanas, sejam pessoas sensíveis”. Porque, como sabemos – e nós temos aqui um representante da Secretaria de Estado de Saúde –, são muitos os desafios, são muitos os desafios para as pessoas com doenças raras, assim como para os autistas, para as pessoas com síndrome de Down, para as pessoas ditas normais, mas que sofrem um acidente e precisam passar por reabilitação. Só o amor, só a empatia, só o respeito ao próximo vão permitir haver o ingrediente necessário para que a sua ação produza o milagre necessário na vida daquele paciente.
Muito obrigado pela paciência e por vocês terem me escutado. Vivam este momento! Ele é de vocês. A Assembleia está oferecendo este espaço para que vocês se sintam as pessoas mais importantes nesta manhã, porque vocês são, nesta manhã, para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, as pessoas mais importantes, ao ponto de estarem sendo homenageadas. Muito obrigado. Parabéns! Deus os abençoe!