Pronunciamentos

DEPUTADO BRUNO ENGLER (PL)

Discurso

Contesta pronunciamento de deputado em defesa do presidente Lula, que teria proferido fala de cunho racista durante evento, e acusa a esquerda e a imprensa de se silenciarem diante do episódio. Critica o governador Romeu Zema por tentar se distanciar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Reforça apoio a Bolsonaro e a seus filhos, destacando o primeiro como líder da direita brasileira.
Reunião 52ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 20ª legislatura, 3ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 28/08/2025
Página 80, Coluna 1
Aparteante CAPOREZZO, EDUARDO AZEVEDO
Indexação

52ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 20ª LEGISLATURA, EM 26/8/2025

Palavras do deputado Bruno Engler

O deputado Bruno Engler – Obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde a V. Exa., boa tarde a todos os colegas presentes e a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, acompanham a nossa reunião.

Deputado Caporezzo, a gente teve que ouvir, da tribuna, uma passada de pano monstruosa para a fala racista do Lula. Num esforço de justificar o injustificável, foi até dito que nos falta compreensão. Foi dito que, na verdade, Lula estava combatendo o racismo estrutural. No mundo de fantasia em que essas pessoas vivem, a fala racista do Lula foi, na verdade, o combate ao racismo. Só há um pequeno problema com essa defesa: ela não condiz com a realidade. Vamos trazer o que, de fato, o Lula falou. (– Aproxima o celular do microfone para reprodução de áudio.) “Isso é fotografia para representar o Brasil, no exterior, um cara sem dente e ainda negro?” Foi essa a fala do Lula.

Fica claro que ele disse que uma pessoa negra, sem dentes, não é digna de representar o nosso país. Para isso, não é preciso nenhum estudo absurdo, nenhuma compreensão privilegiada; é interpretação da língua portuguesa de nível fundamental. Você identifica que ele está falando que essa pessoa não é digna de representar o Brasil e que ele está elencando defeitos. Ele coloca a falta de dentes como defeito e ele coloca o fato de a pessoa ser negra como defeito, numa fala flagrantemente racista e um silêncio ensurdecedor da grande imprensa, da esquerda identitária.

Imagine se fosse Jair Bolsonaro falando isso! Seria um escândalo! Sairia no Jornal Nacional, seria capa de todas as publicações: “Jair Bolsonaro tem fala racista”, mas, como é o Lula, pode. Imagine a militância racial se fosse uma pessoa de direita falando isso. Seria um escarcéu, mas, como é o Lula, é um silêncio ensurdecedor. Fica cada vez mais clara a hipocrisia. Para essa esquerda identitária, o importante não é o que é falado, mas quem fala. Se for o Lula, pode ser racista à vontade que eles passam pano, inventam desculpa e chegam ao disparate de falar que, na verdade, a fala racista do Lula era combate ao racismo. Tem que rir para não chorar.

Mas eu queria adentrar num assunto que o deputado Caporezzo trouxe. Refiro-me à fala do governador Romeu Zema no programa Roda Viva, onde ele tenta fazer um distanciamento do presidente Bolsonaro, tenta dizer que nunca caminhou junto. Isso me lembrou a análise que foi feita pelo Kim Paim, com a qual eu concordo muito. Ele diz – eu não me refiro só ao Zema – que esses atores políticos da direita mais moderada, esses governadores não entram de cabeça na defesa do presidente Bolsonaro e não articulam, para que ele possa disputar as eleições, porque a grande verdade é que eles querem o Bolsonaro inelegível. A grande verdade é que eles querem ocupar o espaço que é legitimamente de Jair Bolsonaro. Aí a gente entra naquela turminha bem de Partido Novo, que é descolar do Bozo sem perder os seus eleitores. Então a gente finge que a gente está com o Bolsonaro, a gente acena para as câmeras, mas, na prática, há uma torcida para que o Bolsonaro fique fora do jogo, para que eles possam ocupar esse espaço que é de Jair Messias Bolsonaro e de mais ninguém.

Já dizia o poeta: “Quem é de verdade sabe quem é de mentira”. A direita brasileira sabe reconhecer quem, de fato, defende os nossos valores e princípios. E a direita brasileira tem um líder, e seu nome é Jair Messias Bolsonaro. E, se por uma canalhice, por uma tirania, ele não puder disputar a eleição do ano que vem, o candidato será quem ele indicar. Todo o meu apoio ao Carlos Bolsonaro, ao Eduardo Bolsonaro e ao meu capitão, meu líder e meu presidente Jair Messias Bolsonaro.

O deputado Caporezzo (em aparte) – Obrigado, deputado Bruno Engler. Primeiramente quero registrar, por uma questão de justiça histórica, que V. Exa., há dois mandatos, defende, com coerência, aquilo que acredita, é bolsonarista e nunca deixou a desejar. Isso é o que a gente precisa, de gente que tem posição, e não de pessoas que agem conforme a conveniência do momento. Está na cara que esses governadores são fãs número um do ditador careca togado, porque eles precisam do Bolsonaro preso para terem alguma chance de disputar a Presidência da República. Do contrário, todo mundo sabe que o único nome capaz de derrotar esse atual sistema que está aí posto é Jair Bolsonaro.

Retomando a frase dita por V. Exa., realmente é muito engraçado. Se isso “além de banguelo, é negro” tivesse sido dito pelo Bolsonaro, certamente ninguém falaria aqui de racismo estrutural, que é um conceito, inclusive, já que o deputado petista falou disso, importado da esquerda democrata norte-americana. Isso não tem nada de cara do Brasil, esse é um conceitinho totalmente importado. Mas vamos falar a verdade: se fosse o Bolsonaro dizendo isso, ele não seria apenas racista. Sabe o que ele seria, Bruno Engler? “Banguelofóbico!” Certamente seria isso aí. Obrigado pelo aparte.

O deputado Eduardo Azevedo (em aparte) – Deputado Bruno Engler, parabéns pelo posicionamento, pelas palavras. Assim como o deputado Caporezzo, que acabou de falar aqui, lançou o desafio, nós estamos aguardando para ver se algum deputado de esquerda vai se manifestar.

O primeiro ponto que a gente tem que deixar claro para todas as pessoas é que a esquerda trabalha com a estratégia de dividir, de promover a luta entre classes. E isso já vem desde Karl Marx: é o patrão contra o proletariado, é o rico contra o pobre, é o branco contra o negro. O primeiro ponto que a gente tem que deixar bem claro para as pessoas é que Deus não criou raças; Deus criou seres humanos. Ninguém é diferente de ninguém pelo tom da pele ou tampouco pela posição social.

Mas eu acho interessante e quero ver realmente agora se eles vão ter peito e coragem para defender essa fala racista e preconceituosa do Lula ao chamar um cidadão de negro e banguelo. É um absurdo o que nós estamos vendo no Brasil. É o que V. Exa. falou, deputado: não é aquilo que é falado, mas quem fala. Se fosse você, se fosse eu ou qualquer outro deputado de direita que tivesse falado essa atrocidade em Plenário ou até mesmo no Congresso ou no Senado, com certeza, nossa cabeça já estaria sendo requerida. Mas, não, é conforme lhe convém. A hipocrisia reina e impera, cada vez mais, no âmbito do povo da esquerda, porque até agora eu não vi sequer a mídia ou um deputado de esquerda se manifestar contra essa fala preconceituosa desse aí que se diz presidente da República.

O deputado Bruno Engler – Muito obrigado, deputado Eduardo Azevedo. Como você mesmo disse, se fosse V. Exa., se fosse eu falando isso, iriam querer até a cassação do nosso mandato. Como é o Lula, na verdade, ele estava fazendo o bem, ele estava combatendo o racismo estrutural. É uma vergonha. Mais uma vez, eu repito: o problema não é o que se fala, mas quem fala. É uma fala flagrantemente racista e preconceituosa do presidente da República num episódio absolutamente lamentável. Obrigado, Sr. Presidente.