A politização do Ministério Público Federal
Um livro prestes a ser lançado no mercado editorial traz um estudo sobre a profissionalização política dos procuradores do MPF. Em entrevista a Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político, Rafael Viegas, pesquisador do CEAPG-FGV e autor da obra "Caminhos da política no Ministério Público Federal”, relata como procuradores se organizam em associações privadas dentro da própria estrutura do MPF para atuar politicamente. Segundo Viegas, há vários grupos que disputam poder dentro da estrutura burocrática em busca de ascensão na carreira, mas o traço dominante é o corporativismo predatório que busca altos salários e benefícios adicionais, autoproteção do controle externo e da prestação de contas. O cientista político considera que o saldo da Lava Jato foi negativo para a instituição, porque se houve avanços no aprimoramento do controle da administração pública, por outro lado os procuradores se excederam, politizaram ações e deixaram a carreira para concorrerem a mandatos - o que, de acordo com o pesquisador, contribuiu para o descrédito do MPF. Rafael Viegas ainda avalia o papel de Deltan Dallagnol na Lava Jato, as implicações da sucessão do procurador-geral da República Augusto Aras e o caso do afastamento do juiz Eduardo Apio do comando da operação em Curitiba.