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Trabalhadores apontam restrições injustificadas para acessar Gerdau

Segundo denúncias, trabalhadores são impedidos de ingressar na empresa, sem haver explicação, após serem aprovados em processo seletivo.

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Mais de 300 trabalhadores, aprovados em processos seletivos e em cursos de capacitação, estariam sendo impedidos de ingressar na planta da Gerdau para começar as atividades efetivas, sem haver explicações por parte da empresa, segundo denúncias apresentadas em audiência pública. Nesta segunda-feira (26/5/25), o encontro foi promovido pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

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O presidente da 2ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), Rafael Ank, demonstrou trocas de mensagens que evidenciam a prática de bloqueio por meio do cadastro Bancodoc. “As pessoas precisam trabalhar, ficam na expectativa de conseguir o emprego e, de repente, descobrem que seu nome está em uma lista restritiva”, explicou.

“O motorista chega com o veículo carregado e descobre que está impedido de entrar”, descreveu a presidente da Associação dos Caminhoneiros e Amigos do Alto Paraopeba, Camila dos Santos. De acordo com ela, as grandes transportadoras estão recebendo prioridade em detrimento dos terceirizados.

“Estou há mais tempo que a Gerdau no município, mas tenho menos direitos”, desabafou o soldador Fabrício Valadares, natural de Ouro Branco (Região Central). Como contou, a preferência pela contratação de pessoas de outros lugares marginaliza os nativos e prejudica a qualidade de vida de toda população, já que a cidade não conta com infraestrutura para receber tantos moradores novos.

O vereador de Conselheiro Lafaiete (Central), Samuel Carlos (Pode), que assinou o requerimento para a audiência sobre o tema realizada em 26 de março pela câmara do município, reforçou o pedido por mais transparência. “A gente entende que gera emprego e renda, mas também gera lucros milionários para a empresa. Precisamos de contrapartidas”, ponderou.

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Conforme deputados, restrições são práticas criminosas

A audiência pública foi realizada a pedido dos deputados Leleco Pimentel (PT) e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade). Além deles, o deputado Noraldino Júnior (PSB) participou do encontro e manifestou apoio aos trabalhadores.

De acordo com Leleco Pimentel, o cadastro restritivo viola a Lei 14.437, de 2022. “Ficamos estarrecidos com o que vem acontecendo. Temos documentos que comprovam que houve crime”, afirmou Professor Wendel. Apesar de ter sido aprovado pela comissão, o pedido de visita técnica ao local foi negado pela Gerdau.

Presente na reunião, o deputado federal Padre João (PT-MG) lembrou que o Município de Ouro Branco já demonstrou seu potencial siderúrgico. "Precisamos limpar esse selo do aço da Gerdau, que está contaminado pela discriminação", alertou. 

Segundo consultor da Gerdau, responsabilidade é de terceirizadas

No seu depoimento, o consultor jurídico da Gerdau, Guilherme Mattos, listou dados para enaltecer a capacidade produtiva e o compromisso com o desenvolvimento sustentável. Ao ser questionado sobre o uso dos aplicativos Bancodoc e Betruck, ele respondeu que o processo de contratação, incluindo a gestão documental, fica sob responsabilidade de empresas terceirizadas.

Diante disso, o deputado Professor Wendel anunciou que um pedido de informações será enviado a elas. “Na verdade, o trabalhador é barrado pela Gerdau, mas é sempre a mesma história: a culpa é da terceira”, sintetizou o vereador Samuel Carlos.

Superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans propôs uma negociação com representantes da Gerdau. Para ele, o acordo ideal abrangeria a obrigação de realizar contratações intermediadas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) e compor a mão de obra com 80% dos trabalhadores locais.

Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social - debate sobre supostas práticas abusivas contra trabalhadores da Gerdau
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Trabalhadores questionam processo de contratação da Gerdau em Conselheiro Lafaiete TV Assembleia

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