Sede da Emater abriga museu e estacionamento cobiçado na região
Comissão do Trabalho percorreu dependências de prédio retirado de lista de imóveis a serem vendidos pelo Estado.
Inaugurado em 1983, o Edifício Extensão Rural, localizado na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, se tornou há décadas referência na Capital para o desenvolvimento rural no Estado e para agricultores familiares de todas as regiões em busca de assistência técnica. Além de repartição pública, o imóvel abriga também o Museu Mineiro da Extensão Rural Alysson Paolinelli e é cenário de entregas de equipamentos e insumos para o trabalho no campo.
Todo esse patrimônio material e cultural estava, contudo, sob o risco de não mais pertencer ao Estado. A sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) havia sido incluída na lista do Projeto de Lei (PL) 3.733/25, que trata da transferência de imóveis estaduais no âmbito do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag).
Recentemente, no dia 4 de novembro, após pressão de empregados da Emater, um substitutivo ao PL apresentado pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) retirou o Edifício Extensão Rural da lista. Nesta sexta-feira (7/11/25), uma visita da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social apurou as repercussões da situação juntamente aos servidores.
Solicitada pelo deputado Leleco Pimentel (PT), a visita percorreu o imóvel de 9.900 m² formado por dois prédios, incluindo o museu, departamentos administrativo, técnico e de recursos humanos. Atualmente, cerca de 250 servidores efetivos e 50 terceirizados ocupam a sede. Um dos grandes destaques do terreno é o estacionamento de 2.700 m² com capacidade para mais de 100 vagas, principal chamariz para potenciais compradores.
O estacionamento, inclusive, foi um dos pontos de interesse do Tribunal Regional Federal (TRF-6), que chegou a visitar o imóvel motivado pela possível compra. A sede da Emater seria o único, entre os imóveis que o Estado pretende transferir, com todos os documentos exigidos pela Secretaria do Patrimônio da União. “A gente estava sendo punido por estar com a documentação correta”, disse Anderson José Barbosa, gerente da Divisão de Logística da Emater, durante a visita desta sexta (7).
“A verdade é que as últimas semanas foram muito tensas para a gente”, continuou Anderson. Ele recordou que a Emater possui uma história de 70 anos e muitos resultados positivos, tendo o Edifício Rural como um grande símbolo dessa trajetória. “A gente fica muito feliz e, agora sim, bem mais tranquilos com a nossa casa pertencendo a nós novamente”, falou o gerente, agradecendo o esforço da Assembleia de Minas em atender a demanda dos servidores.
O deputado Leleco Pimentel afirmou que “a Assembleia Legislativa cumpriu um papel muito importante, de mostrar à população de Minas Gerais a função social, econômica e política da Emater”. O parlamentar disse também que “pegou muito mal para o governo e para o TRF-6” a tentativa de negociação entre as duas instituições.
“Nós pudemos percorrer aqui as salas, acompanhados pelos técnicos, pelos servidores e o que a gente viu foi realmente o sorriso de servidores dedicados que estavam sendo ameaçados de despejo”, concluiu Leleco Pimentel sobre a visita.
O PL 3.733/25 tramita em 1º turno e agora, sem o prédio da Emater, aguarda apreciação da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da ALMG, antes de ir a Plenário.