Projeto para fortalecer turismo no Espinhaço é apresentado em comissão
Iniciativa reúne oito municípios, mas deve ser estendida em 2024. Rota está sendo preparada e tem enorme potencial para turismo de aventura.
14/09/2023 - 19:40História, cultura, artesanato, áreas preservadas, aves raras, trilhas, cachoeiras, gastronomia. Os diversos atrativos existentes no trecho da Cordilheira do Espinhaço no Norte do Estado foram destacados em audiência da Comissão de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta quinta-feira (14/09/23).
Deputados puderam conhecer o Projeto de Desenvolvimento Turístico Integrado e Sustentável da Cordilheira do Espinhaço, lançado em maio deste ano por cinco municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha e, agora, já com oito cidades: Botumirim, Cristália, Grão Mogol, Itacambira e Turmalina, mais Montes Claros, Bocaiúva e Olhos D’água. A meta é estruturar os municípios para receber turistas.
Devido a seu grande potencial, esse novo produto garantiu apoio do Estado, do Sebrae, de universidades, da Reserva da Biosfera do Espinhaço e atraiu atenção em feiras. E o desafio para 2024 é simbólico: levar a iniciativa aos 172 municípios mineiros que estão no território do Espinhaço e que abrigam mais de 100 unidades de conservação, algumas conhecidas, como os parques da Serra do Cipó.
“É importante a gente se ver no Espinhaço. Sem ele, a história de Minas teria que ser recontada”, afirmou o professor da PUC Minas e coordenador da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, Miguel Ângelo Andrade, referindo-se aos ciclos do ouro, das pedras e às minerações que marcaram e ainda marcam o Estado. O conjunto de montanhas ganhou reconhecimento internacional em 2005.
Ao longo de quase mil quilômetros de extensão, o Espinhaço tem diferentes nomes de serras, como Ouro Branco, do Caraça, da Piedade, do Curral, do Cabral, dos Cristais, Serra Geral. “Temos potencial para ser o terceiro maior destino turístico de natureza, atrás do Pantanal e da Amazônia. Um destino 100% brasileiro”, destacou Ítalo Mendes, secretário de Turismo de Grão Mogol.
A deputada Leninha (PT), 1ª-vice-presidenta da ALMG e autora do requerimento de audiência, afirmou que o desenvolvimento de Minas não pode depender apenas da mineração. “Eu acredito na economia criativa, no modelo de desenvolvimento sustentável”, afirmou. A parlamentar citou a lei sobre turismo de base comunitária, fruto de projeto de sua autoria, e cobrou sua regulamentação para que os municípios com leis próprias sobre isso tenham vantagens orçamentárias.
Governo e Sebrae garantem apoios
A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e o Sebrae Minas participaram da audiência e reiteraram o apoio ao projeto da Cordilheira do Espinhaço.
Sérgio de Paula, subsecretário de Turismo da Secult, reforçou que o governo tem levado o projeto a todas as feiras e já garantiu recursos para que a Abeta Summit 2023, o Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura, seja realizado em Grão Mogol, no próximo mês de outubro. “Além da promoção, temos que ter a estruturação. Vamos estruturar a rota turística para colocar a cordilheira efetivamente como um produto”, afirmou.
Também a gerente de Indústria, Comércio e Serviço do Sebrae Minas, Márcia Valéria Machado, destacou a sintonia com o governo e disse que o Espinhaço será uma das 16 rotas prioritárias que serão trabalhadas pelo Sebrae. “Há o nosso compromisso financeiro e técnico. E nossa atenção aos pequenos empreendedores”, enfatizou.
Os dois ainda destacaram a importância do aumento do percentual de ICMS destinado ao turismo. A alíquota passou de 0,1% para 0,5%, com a aprovação do Projeto de Lei (PL) 3.903/22, que também modificou o ICMS da Educação. A matéria aguarda sanção do governador.
O presidente da comissão, deputado Mauro Tramonte (Republicanos) também destacou essa mudança e, ainda, a importância de o Legislativo ter uma comissão de turismo e gastronomia em um Estado tão rico nesses atrativos como é Minas Gerais.
Emprego e renda
Ítalo Mendes, de Grão Mogol, frisou que o projeto se destina a estruturar o turismo nos municípios participantes para garantir trabalho, emprego e renda para as populações locais do Norte e do Jequitinhonha.
Esse ponto foi reforçado por outros participantes, que lembraram a exploração da região e a distribuição de suas riquezas em outras áreas. “Esse é um trabalho diferente, vindo da base, no qual o cidadão é protagonista”, destacou o vice-prefeito de Turmalina, Warlen Francisco da Silva.
O professor do curso de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Hebert Canela Salgado, acrescentou o potencial de transformação social do projeto, por meio da experiência de se conhecer novas culturas. “Temos a chance de transformar o território em um laboratório de viajantes”, considerou.
Hebert chamou a atenção também para a importância de se formar profissionais para o setor, destacando o papel das universidades nesse trabalho.