Planta de museu em prédio do DER-MG é exibida na Assembleia
Centro de memória rodoviária aberto ao público é reivindicado por servidores e deputados em audiência na Comissão de Cultura.
Está pronta a planta sugerida para criação do Centro de Documentação e Memória do DER-MG, o Departamento de Estrada de Rodagem de Minas Gerais, iniciativa dos servidores do órgão apresentada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (23/9/25). A instalação do museu foi reivindicada em audiência da Comissão de Cultura solicitada pela deputada Lohanna (PV), para quem agora falta o apoio do Executivo.
O centro foi idealizado para visitação do público, protegendo e dando visibilidade ao patrimônio histórico e rodoviário do Estado. Funcionaria no prédio do DER localizado na Alameda Ezequiel Dias, 45, no Centro de Belo Horizonte. Conhecido como Prédio A, o imóvel e seu acervo são tombados pelo patrimônio municipal, assim como o vizinho Prédio B, na Avenida dos Andradas 1.120.
A planta do centro de memória foi apresentada em imagens por Andréa Greiner, vice-presidente da Cooperativa de Consumo dos Servidores do DER-MG.
Segundo ela, um importante acervo do órgão se encontraria hoje armazenado em cerca de 70 mil caixas, um trabalho bem feito por setores responsáveis pelo material, que fizeram um levantamento detalhado e chegaram a mais de 164 mil plantas e projetos dispersos em diversos prédios do órgão.
Segundo Andréa Greiner, há ainda material guardado em containers ao custo anual estimado em R$ 2 milhões.
Para o acesso do público ao museu, seria recuperada a escadaria original pela entrada da Alameda Ezequiel Dias. São vários as alas previstas nos quatro andares do prédio, para exposições de arte temporárias, mostras sobre laboratórios e obras do DER, maquetes, imagens de maquinários e painéis sobre vias como a Linha Verde a Via Expressa.
Além de acervo de concreto, asfalto e pisos e mostras de educação no trânsito, no terceiro pavimento há previsão de um auditório para 120 pessoas, área para exposição de obras e exposição digital, biblioteca e sala multiuso.
Importância histórica é ressaltada
Conforme destacou o diretor de patrimônio cultural da Fundação Municipal de Cultura, Carlos Henrique Bicalho, o tombamento dos Prédios A e B do DER na Capital ocorreu em 23 de dezembro de 2023, quando o órgão já havia sido transferido para a Cidade Administrativa.
"Não foi um processo da noite para o dia, começou antes da demanda dos servidores, justamente pela importância da arquitetura dos prédios e por terem sido palco de ações que levaram à cabo grande parte do desenvolvimento do Estado", frisou ele em apoio ao projeto do museu.
No entendimento do representante da prefeitura, ambos os prédios e seus acervos seriam iclusive motivo de tombamento também pelo Estado, tal sua importância.
Historiador e engenheiro civil aposentado do DER, Luiz Gonzaga Campos ressaltou que o acervo do órgão abriga documentos administrativos, relatórios, plantas, fotografias, instrumentos técnicos, maquinários e acervo audiovisual que são o testemunho de décadas de trabalho para o desenvolvimento de Minas.
Álvaro Eduardo Goulart, vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) também defendeu a preservação do patrimônio histórico do órgão. "O DER de Minas sempre esteve à frente da engenharia nacional no setor rodoviário e essa memória não poder ser perdida", defendeu.
Gestores levarão demanda, e comissão cobra recursos de fundo
Zacarias dos Santos, diretor de Planejamento, Gestão e Finanças do DER-MG, disse que a destinação dos imóveis, embora ainda sejam usados pelo DER, é de competência da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).
Disse, também, não ter autonomia decisória na audiência, mas que levaria à direção geral do órgão a importância do patrimônio como destacada na reunião. “Mas a ideia já tem minha simpatia e meu comprometimento de auxiliar naquilo que estiver ao meu alcance”, acenou.
Polyana Machado, diretora de Museus da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, classificou a audiência como enriquecedora e elogiou a planta apresentada.
"É um estudo muito avançado e cujo sucesso, acredito, será profícuo. O grande desafio é o investimento, mas estaremos à disposição quando o estudo preliminar do centro estiverer pronto, com mais clareza do que envolve (a implantação)", disse ela.
Verba retida
Em resposta, a deputada Lohanna expôs que o Fundo Estadual de Cultura teria recursos superiores a R$ 125 milhões, segundo ela retidos pelo governo ou liberados em volume aquém do necessário. Nesse sentido, ela pediu aos gestores presentes que levem ao Executivo o pedido de apoio ao museu expressado na audiência.
A deputada aventou inclusive a possibilidade de uma articulação com o terceiro setor para viabilizar o centro.
Presidente da comissão, o deputado Professor Cleiton (PV) também destacou a relevância do patrimônio histórico do DER-MG, elogiando o projeto do centro de memória.
Segundo ele, no âmbito do Propag, o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, a União não teria interesse em receber imóveis tombados, como os do DER, para abatimento da dívida de Minas. Contudo, alertou para uma possível intenção do Governo do Estado de fazer um leilão dos imóveis, destinando-os à transformação em cemitério vertical, conforme apontou o deputado a partir de conversas às quais disse ter tido acesso.


