Parlamentar defende projeto sobre capacitação de leigos em Suporte Básico de Vida
Procedimentos, que estabilizam sinais vitais em caso de parada cardiorrespiratória, são desconhecidos da maior parte da população.
24/06/2025 - 18:40O deputado Enes Cândido (Republicanos) relatou, na tarde desta terça-feira (24/6/25), que deve apresentar um projeto de lei sobre capacitação para leigos em Suporte Básico de Vida (SBV) no Estado. Ele participou de uma audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A reunião tratou da importância do treinamento em SBV, um conjunto de ações e procedimentos para estabilizar sinais vitais em caso de parada cardiorrespiratória (PCR).
Segundo o parlamentar e autor do requerimento para a discussão, não existe uma política pública nesse sentido no Estado e o assunto ainda é desconhecido para a maior parte da população.
Para o deputado Thiago Cota (PDT), é preciso buscar avanços em relação ao Suporte Básico de Vida na Assembleia. “Precisamos fazer isso não só no sentido de identificar medidas para uma maior consciência da sociedade, mas também de estruturar uma política”, comentou.
Cinquenta por cento das PCRs ocorrem fora de hospitais
Segundo a assessora militar do Corpo de Bombeiros na Secretaria de Estado de Educação (SEE), major Andiara Miranda, cerca de 200 mil pessoas sofrem PCRs por ano no Brasil, sendo 50% desse número fora do ambiente hospitalar. Como contou, 84% delas acontecem em casa e 16% na rua.
Ainda conforme a major, a cada um minuto sem respirar e sem receber auxílio, a chance de morte é de 10%. Nesse sentido, 10 minutos sem respirar traria 100% de chance de morte. Por outro lado, ela disse, se uma pessoa começar imediatamente a ressuscitação cardiopulmonar, a chance de morte passa a ser de 3 a 4% por minuto, garantindo então sobrevida.
“Por isso, é preciso se atentar para a importância de disseminar informações para haver um atendimento nos 5 minutos de ouro, porque isso salva vidas”, afirmou.
De acordo com Andiara Miranda, o Corpo de Bombeiros oferece diversos tipos de capacitação para civis, entre elas, em relação a primeiros socorros. Além disso, contou, desde o ano passado, a corporação tem uma parceria com a SEE para capacitação online de professores e servidores da educação sobre prevenção de acidentes.
Especialistas defendem capacitação
A professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Maria do Carmo Barros de Melo, corroborou a fala anterior. “Se nada for feito em ate 4 minutos em uma parada cardiorrespiratória, a pessoa vai ter sequelas”, falou.
Ela defendeu como fundamental a capacitação da população em geral sobre medidas preventivas e sobre ressuscitação cardiopulmonar.
Segundo o médico cardiologista e líder do Grupo de Pesquisa Together, Gilmar Reis, há 1,6 milhão de óbitos por ano no Brasil e 80% deles ocorrem em domicílios e locais públicos. Como contou, apenas 10% dos casos recebem cuidados básicos de vida.
“Precisamos trabalhar isso no nosso País. Quando um leigo ajuda até que o suporte avançado chegue, há sobrevida e com qualidade neurológica”, afirmou.
Ainda conforme o cardiologista, o uso do desfibrilador por terceiros eleva a sobrevida para 70%.
Enfermeira da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e Conselheira Estadual de Saúde, Erika Santos, relatou que trabalha no Hospital João XXIII, na Capital, onde recebe pacientes atendidos previamente por leigos e outros não. “É visível a diferença nos dois casos”, reforçou.
Erika Santos ainda cobrou uma forma efetiva de se ampliar as capacitações e treinamentos em relação a cuidados básicos de vida.

