Representantes do esporte mineiro participaram na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na quarta-feira (8/10/25), de homenagem ao Mineirão, que completou 60 anos no mês de setembro. Em reunião da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude, o Gigante da Pampulha foi destacado como a maior arena multiuso do Brasil, sendo palco não só de jogos de futebol, mas também de shows e outros eventos.

A reunião foi solicitada pelo presidente dessa comissão, deputado Coronel Henrique (PL), que destacou números expressivos do Estádio Magalhães Pinto. Até o momento, foram realizados 3.939 jogos, sendo 553 após a reforma para a Copa do Mundo 2014 e outros 3.386 antes, recebendo 71 milhões de pessoas. “Mesmo quem não frequenta o estádio identifica o Mineirão como símbolo do Estado”, enalteceu.

Ele valorizou ainda a parceria histórica entre o Mineirão e o Cruzeiro Esporte Clube, clube que mais utiliza o estádio. O contrato entre as duas partes está prestes a vencer e as negociações para sua renovação estão avançadas, segundo o deputado. “Temos um momento de convergência e de diálogo, depois de alguns atropelos”, elogiou.

No dia 5 de setembro de 1965, foi inaugurado o Estádio Governador Magalhães Pinto, com a partida vencida pela Seleção Mineira contra o River Plate, da Argentina. Quase um ano depois, o Cruzeiro goleou por 6 a 2 o Santos, de Pelé, na final da Taça Brasil, o Campeonato Brasileiro da época. Em 1969, o Atlético, representando a Federação Mineira de Futebol (FMF), bateu a seleção brasileira, tricampeã do mundo um ano depois, no México.

Jogos de futebol são o carro-chefe

Úrsula Nogueira, gerente comercial da Minas Arena Gestão de Instalações Esportivas, que administra o estádio, destacou que o principal evento realizado no local são os jogos de futebol. Mas são abertos espaços para shows e eventos corporativos - segundo ela, apenas os jogos não sustentam a estrutura, atualmente com capacidade de 62 mil.

Ela lembrou que a parceria público-privada com o Governo de Minas vai até 2037. Confirmando a fala de Coronel Henrique, completou que as negociações com o Cruzeiro estão avançadas para que seja renovado o contrato, com uma parceria boa para os dois lados.

Citou pesquisas que mostram a grandeza do espaço. Uma delas, feita por produtora de grandes eventos, constatou que o lugar preferido para grandes shows é o Mineirão, pelo conforto e localização. “Somos a maior arena multiuso do Brasil e temos capacidade de fazermos grandes eventos simultâneos - já tivemos show na área externa e jogo na interna, simultaneamente”, citou. 

Outra pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead) abordou o impacto econômico da arena, detectando que a cada R$ 5,00 gastos no Mineirão, R$ 1,00 é gasto fora dele. “Movimentamos a sociedade como um todo, gerando uma média de 7 mil empregos diretos e indiretos, com cerca de 2 mil pessoas trabalhando lá por evento”, comemorou.

A gestora valorizou ações e projetos de cunho social e ambiental realizados pelo Mineirão. O estádio reutiliza água de chuva nos banheiros, usa energia fotovoltaica e caixas separadas para água e óleo, além de ter firmado parceria com catadores de materiais recicláveis. 

Na área de programas sociais, enfatizou as campanhas Mineirão antirracista, Todos contra a Importunação Sexual, o seminário anual de combate à LGBTfobia e o “Tropeiro do Bem” (que destina percentual de venda do alimento ao combate ao câncer).

Abordou ainda ações como a criação de uma sala de acolhimento à mulher, do Camarote TEA para autistas, e as parcerias com associações dos bairros próximos da arena. “Queremos trazer a comunidade para dentro do Mineirão”, disse. 

História da FMF se confunde com a do Mineirão

Para Gabriel Senra da Cunha, diretor de Competições da Federação Mineira de Futebol (FMF), a história da entidade, em grande medida, se confunde com a história do Mineirão. “Mais que um equipamento esportivo, esse estádio forma a identidade do povo mineiro; quem visita a Lagoa da Pampulha sempre tira a foto do Mineirão; e é lindo ver que ele vem acompanhando as mudanças por que passa a sociedade”, avaliou. 

Na opinião do gestor, essa arena é o melhor equipamento desportivo do Brasil, com melhor estrutura para os que estão em campo e as pessoas da área administrativa e da cobertura esportiva. “É bonito de se ver esse local confortável, adequado, tecnológico, aconchegante, sustentável e com preocupações sociais - merece uma saudação especial”, exaltou ele, completando que o Mineirão será uma as sedes da Copa do Mundo de futebol feminino, em 2027.

Já Tomás Perdigão Mendes, subsecretário de Esportes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, agradeceu ao Mineirão por tudo que faz pelo esporte de Minas Gerais. Entre as histórias vividas no espaço, ele se lembrou do jogo Cruzeiro 1 X Vila Nova 0, que atingiu o público recorde de 132.834, em 1997, jogo também prestigiado por Coronel Henrique. 

Bernardo Carneiro da Mota, representante do Cruzeiro Esporte Clube, também participou do debate.

Jogo com ex-atletas e shows marcam comemoração

A produtora de eventos Ana Paula Gomes anunciou o evento comemorativo dos 60 anos do estádio neste sábado (11), às 14 horas. Entre as atrações, haverá um jogo com ex-atletas, liderados por Ronaldinho Gaúcho de uma lado e Alex, de outro. “Vários outros jogadores que fizeram parte da história dos nossos clubes vão participar, como Procópio, Dirceu Lopes, Piazza, Montillo, Buião”, entusiasmou-se.

“Teremos ainda o ex-jogador Cafu, que representará os 28 jogos que a seleção brasileira fez no Mineirão”, confirmou. Ela divulgou ainda a presença dos três mascotes dos clubes mineiros, todos juntos, “para incentivar a paz que deve existir no futebol”

Também serão homenageados Rogério Flausino (Jota Quest) e Henrique Portugal (Skank).  E haverá show com o grupo de pagode Samba 90 Graus, além da participação do DJ Ronaldo (filho do ex-jogador Ronaldo Fenômeno).

O ex-jogador do América Futebol Clube Somália agradeceu ao Minas Arena pela oportunidade dele e de outros atletas participarem do jogo comemorativo. “Vamos reencontrar esses ídolos do futebol”, comemorou. Nascido no Espírito Santo, Somália jogou primeiramente pelo Cruzeiro, com apenas 10 anos. Depois, tentou ir para as categoria de base do Atlético, mas foi reprovado. Logo depois, tentou no América e conseguiu ser contratado com 17 anos.

Ao final da reunião, o deputado Coronel Henrique disse que a homenagem na ALMG ao Mineirão representava bem o torcedor. “O que esperar dessa arena nos próximos 60 anos? Que continue sendo a casa do futebol mineiro e que todos que o frequentam se sintam donos do estádio, porque quem é dono cuida, fala bem e reverbera boas práticas exercidas ali”, concluiu.