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Forças de segurança defendem trabalho integrado e uso de inteligência no combate a facções

Representantes de corporações concordam que ações devem mirar enfraquecer o financiamento dos grupos criminosos.

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Representantes das forças de segurança de Minas defenderam a integração entre as diferentes corporações e o uso da inteligência policial como principais ferramentas de combate ao crime organizado. Eles participaram, nesta segunda-feira (24/11/25), de audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), solicitada pelo presidente do colegiado, deputado Sargento Rodrigues (PL).

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Os convidados falaram da atuação das corporações no enfrentamento e na repressão das organizações criminosas que atuam no Estado. E todos exaltaram a necessidade de focar o trabalho, especialmente, no enfraquecimento financeiro desses grupos. “O financiamento é a espinha dorsal das facções”, endossou Sargento Rodrigues.

O subsecretário de Integração da Segurança Pública da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, Christian Vianna, analisou as mudanças ocorridas em relação ao crime no Brasil. As facções criminosas, segundo ele, hoje estão presentes em todos os estados do País, se internacionalizaram e “diversificaram seu portfólio criminal”. “Agora operam em diversas economias ilícitas e isso mudou completamente o cenário”, explicou.

A partir da ocupação de territórios, segundo Vianna, os grupos criminosos, atualmente, faturam mais com outros serviços do que propriamente com drogas. Ele citou um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública que apresenta estimativa de receita do crime organizado no Brasil, que aponta que o tráfico de cocaína representa cerca de 5% dos ganhos.

A maior parte do lucro dos criminosos, de acordo com o subsecretário, advêm de crimes cibernéticos como golpes de pix, fraudes bancárias e extorsões diversas; crimes de mercados que são ilícitos como combustíveis, bebidas, mineração ilegal, notadamente ouro, e tabaco. “Nossa forma de enfrentá-los é também nos associarmos e integrarmos”, reforçou ao sugerir o trabalho junto a outras instituições de fiscalização e controle, como agências reguladoras e Receita Federal.

Operações já atingem finanças das facções

Julio Wilke, superintendente de Investigações e Polícia Judiciária, informou que as ações da Polícia Civil, hoje, primam desmantelar e atacar os valores auferidos com as atividades ilícitas. “Não adianta prender se não desestruturar o suporte financeiro”, argumentou. Ele citou operações realizadas em novembro, principalmente na Zona da Mata, que resultaram em prisões e apreensões de bens e bloqueios de dinheiro que somados ultrapassam R$ 130 milhões.

A corporação conta com uma coordenadoria de recursos especiais, nove departamentos especializados, 24 territoriais e agência de inteligência todos focados no combate à lavagem de dinheiro e nas investigações financeiras das organizações.

O diretor de Operações da Polícia Militar, coronel Halysson Claudino Câmara dos Santos relatou que o trabalho da corporação tem unido inteligência, análise e compartilhamentode dados. Ele citou a operação Custos Fidelis, contra a organização Família Teófilo Otoni, associada ao Comando Vermelho, realizada em setembro e que resultou, além de prisões, em apreensões de armamento, drogas e bloqueio de recursos financeiros e criptoativos, que alcançaram R$ 18 bilhões.

A ação foi em articulação da PM com Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas, com apoio, ainda, da Polícia Civil e do Gaeco do Amazonas. O oficial explicou que a cidade do Vale do Jequitinhonha é um ponto estratégico para o crime, que usa a BR-116 como via que leva a portos secos ou oceanos. “Prender bandido é muito bom, mas é preciso atacar o lucro”, defendeu.

A ideia foi corroborada também pelo coordenador do Gaeco Minas, Giovani Avelar Vieira. O promotor afirmou que as células criminosas funcionam como empresas e é fundamental entender a movimentação financeira para enfrentá-las. Ele sugeriu, ainda, que os bens e recursos apreendidos sejam usados para o aparelhamento e melhoria das forças de segurança

Deputado critica redução de investimentos

O deputado Sargento Rodrigues reconheceu o esforço das corporações, mas criticou a redução de investimentos do governo na segurança pública. Segundo o deputado, os investimentos na Polícia Militar caíram de R$ 233 milhões, em 2021, para R$ 141 milhões em 2024. Na Polícia Civil, onde ele considera os investimentos insuficientes, o Estado reduziu de R$ 96 milhões, em 2023, para R$ 87 milhões ano passado. “O que a gente vê nas apresentações é um esforço gigantesco das nossas forças policiais para poder fazer (o trabalho), sem o recurso à altura”, observou

Sargento Rodrigues disse que entregou ao comandante-geral uma relação de 103 municípios que visitou e constatou falta de equipamentos como armamentos, viaturas, munição e coletes. “Precisamos que o governo faça sua parte não só investindo em equipamentos, em inteligência, em armamento, em proteção, mas também investindo no efetivo e na valorização profissional”, afirmou.

Comissão de Segurança Pública - debate sobre o enfrentamento ao crime organizado no Estado

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