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Evasão na graduação e novo ensino médio desafiam Alfenas

Audiência na cidade revela vagas ociosas em universidade e dificuldades para escolas adotarem currículo flexível.

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Um dos principais polos educacionais do Sul de Minas, Alfenas enfrenta a evasão de estudantes do ensino superior e dificuldades para implementação do novo ensino médio, obrigatório a partir do ano que vem em todo o País. Esse foi o cenário apontado em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O debate foi realizado na sexta-feira (25/4/25), na Unidade Educacional Santa Clara, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), a requerimento do deputado Luizinho (PT). Na cidade, 44% dos graduandos não concluem a graduação, índice ainda maior no País (51%) conforme censo do ano passado.

Pablo Almeida, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unifal, frisou que a permanência estudantil na universidade é um desafio principalmente para os alunos de cursos de ensino integral, ou para aqueles do turno noturno, que dependem de um trabalho durante o dia, como é o seu caso.

Nesse sentido, o presidente do DCE defendeu a necessidade de ampliação de programas de apoio, como restaurante universitário, bolsas de assistência estudantil e principalmente moradia estudantil.

“Muito da evasão hoje é pela falta de mais recursos de apoio”, frisou Pablo Almeida. Segundo  ele, na Universidade Federal de Alfenas a maior parte do recurso do PNAES, o Plano Nacional de Assistência Estudantil, seria para subsidiar restaurante universitário. “Ou seja, faltam recursos de bolsa para que a gente abranja todos os estudantes que necessitam”, afirmou.

O pró-reitor de Graduação da Unifal, Wellington Ferreira Lima, acrescentou que a evasão está ligada também a um desinteresse por cursos de graduação em todo o País. Segundo ele, a universidade oferece 35 cursos entre bacharelado e licenciatura, possuindo 22% das vagas ociosas.

Conforme observou, o problema apresenta caráter sistêmico, considerando a perda de prestígio e o significativo achatamento salarial de algumas profissões ao longo dos anos, desestimulando o aluno.

No seu entendimento, nesse cenário é preciso avaliar a situação geral das profissões, tanto do ponto de vista de maior valorização das várias áreas, como entendendo quais são as novas profissões que serão prestigiadas pelo mercado.

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Escola vê falta de estrutura para novo modelo do ensino médio

A situação do novo ensino médio foi abordada pela diretora da Escola Estadual Samuel Engel, Alice Bastos, tendo em vista que o modelo flexibiliza o currículo para que os alunos escolham itinerários formativos de acordo com seus interesses e objetivos, ampliando a carga horária e ofertando disciplinas obrigatórias e optativas

A diretora avaliou que o novo ensino médio, com implantação gradativa a partir deste ano, trouxe grandes desafios, entre eles o fato de a formação dos professores não ser específica para os itinerários formativos.

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Segundo a diretora, essa realidade exige do professor se preparar num tempo muito curto para uma aplicação imediata, gerando exaustão e lacunas em alguns momentos. Para ela, falta estrutura para suporte ao novo ensino médio.

“Na escola em tempo integral tudo se torna mais difícil ainda, porque o aluno chega às sete da manhã e vai embora às quatro da tarde. É necessário uma transformação na estrutura também, porque ela não está adequada para esse processo tão longo dos alunos dentro da escola”, alertou ela.

Autonomia

O deputado Luizinho avaliou que hoje as escolas têm uma autonomia apenas relativa, porque ainda dependem de estrutura necessária a um processo pedagógico diferenciado.

"É uma incoerência você não dar autonomia administrativa às escolas. Um diretor de uma escola quer, por exemplo, reformar um banheiro e leva três anos. O tempo para o aluno é muito importante e não volta, e tudo isso influencia no pedagógico”, frisou.

Para o deputado, a descentralização e a maior autonomia municipal agilizam o atendimento de demandas e facilitam o controle da população, entre outras vantagens.

“Defendo a autogestão, temos que deixar autonomia para os municípios e também para as instituições", reiterou o deputado, autor do Projeto de Lei (PL) 882/23, que concede autonomia administrativa e financeira para gestão das escolas de educação infantil, fundamental e média no Estado.

Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia - debate sobre os desafios educacionais em Alfenas
“Além da base comum, os professores têm que criar mecanismos e aprofundar conhecimentos em uma área de sua formação mas que não é a especialização dele, para conseguir administrar as aulas.”
Alice Bastos
Diretora da Escola Estadual Samuel Engel
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Comissão de Educação debate problemas no ensino em Alfenas, no Sul de Minas TV Assembleia

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