Em 30 de novembro de 1995, entrava no ar a primeira emissora de televisão legislativa do Brasil. Naquela data, foi criado oficialmente o canal de TV da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Como lembra o titular da Gerência-Geral de Radiodifusão (GRD) da Assembleia, Davidson Araújo, inicialmente se tratava de um canal fechado (CFTV). O objetivo era garantir a transmissão no circuito interno da Casa, para que os servidores pudessem assistir às reuniões realizadas no Plenário.

A partir daí, foi imaginada a expansão do sinal, na forma de uma emissora de televisão, o que se tornou possível após a publicação da Lei Federal 8.977, de 1995. Essa norma, que regulamenta o serviço de televisão a cabo no Brasil, permitiu ao Congresso Nacional, às assembleias estaduais e às câmaras municipais terem seus respectivos canais.

A ALMG foi pioneira nesse processo, com a criação da TV Assembleia, a partir de um requerimento do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT).

O supervisor técnico Cristiano Martins começou a trabalhar na TV seis meses após sua implantação. Ele lembra quando a edição e a transmissão das imagens eram executadas em duas salas pequenas. Na segunda metade da década de 1990, havia improvisos como utilizar logomarca da ALMG impressa e relógio de parede pendurado na câmera.

Entre os momentos mais marcantes, Martins menciona a ampliação do espaço físico em 1998 e o início da transmissão por satélite. Também recorda o desafio de gerar sinal para outras emissoras, a fim de transmitir simultaneamente o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral. “Trabalhar aqui é empolgante. Precisa de agilidade e muita coordenação do trabalho em equipe”, avalia.

Empossado na ALMG em agosto deste ano, o engenheiro de telecomunicações Arthur Bozzi Alves nunca havia tido contato com uma estrutura tecnológica como a que a emissora da Assembleia tem atualmente, que conta, por exemplo, com 26 câmeras robotizadas. “Mergulhei nesse mundo, estou aprendendo bastante e quero contribuir. Tem sido uma experiência muito boa”, afirma. 

De CFTV para emissora, de sinal analógico para o digital

Conforme o gerente-geral Davidson Araújo, a expansão ao longo destes 30 anos foi enorme. O CFTV foi transformado em emissora. Passou da fase analógica para a digital. Atualmente, mais de 470 municípios contam com sinal digital e a meta é que esse número ultrapasse os 500.

Araújo frisa que essa ampliação é realizada por meio de parceria entre a ALMG e a Câmara dos Deputados. Assim, diminuem os custos de implantação. “Hoje temos uma estrutura tão boa quanto e até, em alguns casos, melhor que muitos canais privados”, salienta.

Outra grande novidade foi a Central de Transmissão em Tempo Real (CTTR), instalada em 2023. Essa demanda se intensificou durante a pandemia e foi atendida após ágil trabalho para providenciar estudo técnico, pesquisa de mercado e processo de aquisição. “Estamos com uma equipe muito boa, qualificada”, elogia o gerente-geral.

Mesmo diante da necessidade de explicar a importância de determinado equipamento e serviço, percebe o respaldo da diretoria da Assembleia. “A Casa tem confiado bastante no que estamos fazendo”, ressalta.

Tecnologia, transparência e tradução

Araújo acrescenta que, devido principalmente à CTTR, entre 27 instituições, a ALMG conquistou terceiro lugar no Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP) da Transparência Internacional – Brasil, em 2023. O Legislativo mineiro recebeu destaque nas dimensões de comunicação, participação e engajamento.

De acordo com a titular da Gerência-Geral de Rádio e TV, Patrícia Porto, tecnologia, transparência e tradução estão na essência da TV Assembleia. “Buscamos mostrar o Parlamento do jeito que ele é, em sua pluralidade e diversidade. Também nos esforçamos para dar visibilidade equânime ao debate de temas que as pessoas nem sabem que impactam suas vidas”, explica.

Como o alcance viabilizado pela tecnologia é maior, a tradução passa a ser ainda mais importante, segundo Patrícia Porto. A gerente-geral enfatiza o objetivo de, por meio da renovação tecnológica, incentivar a participação cidadã.

Trabalho que faz a diferença

No início do mês, representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Sinter-MG) utilizaram o perfil do Instagram da TV ALMG para elogiar o serviço prestado.

“Foi muito importante poder contar com as notícias produzidas por vocês, que nos ajudam a mostrar com mais facilidade para as pessoas como o que acontece no Legislativo impacta direto na vida delas. Saibam que o trabalho de vocês faz a diferença”, escreveram na mensagem enviada.

Para a pesquisadora Luciana Braga, autora de dissertação sobre os efeitos da transparência no trabalho das comissões legislativas, o canal foi o ponto de partida que inspirou a pesquisa.

“O estudo reconhece a TV Assembleia como o marco inicial dessa política de transparência midiática. O canal é visto como um instrumento de prestígio político, com parlamentares utilizando a exposição na tribuna para sinalizar sua atuação e posicionamento ao eleitorado”, afirma Braga.