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Deputada exalta legado e disputa territorial dos tuxá setsor bragagá

Comissão de Direitos Humanos realizou audiência para destacar o conhecimento dos povos tradicionais e a luta pela preservação ambiental.

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Contar a história dos tuxá setsor bragagá, comprovando o vínculo do povo indígena com o território localizado no Município mineiro de Buritizeiro (Norte), foi a intenção da tese de doutorado do doutor Reginaldo Cordeiro dos Santos Júnior. A pesquisa foi apresentada durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na quinta-feira (23/10/25).

Graduado em serviço social, Santos Júnior é mestre e doutor em antropologia social. Ele realizou a pesquisa com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, durante a reunião, agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas políticas de inclusão universitária.

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Segundo o estudioso, é necessário romper com uma visão "frigorificada dos indígenas", pois o povo não está congelado no tempo. Desde 2015, os tuxá setsor bragagá estão se articulando para retomar o território considerado sagrado, na área denominada Fazenda Santo Antônio, em Buritizeiro.

No local, o povo identificou evidências de desmatamento ilegal e maus-tratos a animais. Entretanto, em contato com representantes do Poder Executivo, lideranças indígenas deparam-se com a dificuldade de atender às exigências burocráticas do Estado. Para Santos Júnior, esse desafio foi a motivação para pesquisar a história dos tuxá setsor bragagá.

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Em 2022, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) concedeu um termo de cessão da área. Porém, determina tempo máximo de permanência de dez anos, proibindo construções e ressalvando que o Estado pode retomar o imóvel a qualquer momento.

O drama foi agravado pela inclusão da fazenda no Projeto de Lei (PL) 3.733/25, com a lista dos imóveis a serem oferecidos à União no âmbito do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Caso o governo federal não tenha interesse em receber a área, Minas poderá vendê-la e utilizar o dinheiro arrecadado para amortizar o seu saldo devedor.

Preocupada com a situação, a deputada Andréia de Jesus (PT) solicitou a audiência pública para debater a luta territorial dos Tuxá Setsor Bragagá. No fim da reunião, ela anunciou envio de requerimento à Funai para que manifeste interesse na fazenda e impeça a venda.

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“Estamos nesse território há mais de 500 anos”, ressaltou pajé

Segundo a parlamentar, embora ingressar e permanecer no meio acadêmico possa ser dilacerante, é necessário ocupar espaços, enfrentando preconceitos institucionais. “O nosso corpo, a nossa cor, a nossa forma de falar… tudo isso é um ato político”, destacou.

Andréia de Jesus elogiou a pesquisa realizada por Santos Júnior. “O trabalho é uma contribuição acadêmica de enorme relevância para a justiça histórica, as políticas indigenistas e a compreensão da dinâmica de território em Minas Gerais”, avaliou.

Conforme a pajé Analice Tuxá, o estudo contribui para romper visões estereotipadas da comunidade e legitimar a ocupação da área. “Nós nascemos e fomos criados aqui. Estamos nesse território há mais de 500 anos”, lembrou. “No Alto São Francisco, estamos preservando a fauna e a flora. Para nós, os animais são encantados e, por isso, não saímos matando, destruindo”, explicou o líder indígena Adolfo Lelis.

Comissão de Direitos Humanos - debate sobre o povo indígena Tuxá Bragagá

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Aldeia indígena luta pelo reconhecimento de seu território TV Assembleia
Comissão de Direitos Humanos - debate sobre o povo indígena Tuxá Bragagá

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