DER assume compromisso de priorizar asfaltamento do Distrito de Fonseca a Catas Altas
Trecho de 13 quilômetros não pavimentado causa dificuldade de acesso a serviços essenciais e prejudica o comércio local.
No período de seca, poeira; na chuva, lama. Assim os moradores do Distrito de Fonseca, no Município de Alvinópolis, descrevem os 13 quilômetros não pavimentados da MG-326 até a vizinha Catas Altas, na Região Central, tema de audiência pública nesta terça-feira (2/9/25). Durante a reunião, promovida pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) concordou em dividir o projeto de asfaltamento entre as duas cidades e priorizar o trecho discutido.
Caminhões de mineradoras e ônibus com seus funcionários circulam diariamente pela estrada de terra, enfrentando o barro e atolamentos. As péssimas condições da via causam dificuldade de acesso a serviços essenciais de saúde e educação e atrapalham o comércio local.
“A pavimentação vai além do conforto no dia a dia, é uma questão de sobrevivência”, definiu o vereador de Alpinópolis Ivan do Sertão. Ele lembrou que o Distrito de Fonseca, com uma população de aproximadamente 5 mil habitantes, é maior do que 160 cidades mineiras. Apesar disso, não há transporte coletivo até Catas Altas, pela situação da estrada.
O vereador também destacou que quase toda a areia utilizada na reconstrução do entorno da barragem da Samarco que rompeu em Mariana, em 2015, veio do distrito. A extração de areia é a principal atividade econômica local.
Nesse sentido, as autoridades da região presentes, como o prefeito de Catas Altas, Saulo Morais, o prefeito de Barra Longa, Elson Magnata, o vice-prefeito de Alvinópolis, Claudinho, e o ex-prefeito de Mariana Duarte Júnior, defenderam a destinação de recursos do Acordo de Mariana, a serem utilizados para compensação dos danos causados pela tragédia, para o asfaltamento dos 13 quilômetros. “Estendemos a mão na hora de necessidade, não podemos ficar de fora”, concluiu o vereador Ivan.
De acordo com o deputado Leleco Pimentel (PT), até o momento, o Governo do Estado não apresentou um plano de governança de como vai gastar os R$ 29 bilhões da repactuação de Mariana. “Temos que garantir a inclusão do dinheiro (para a obra), só projeto e papel não pavimentam uma via. O Estado precisa garantir pelo menos isso”, cobrou, ao estimar o custo do asfaltamento do trecho em aproximadamente R$ 40 milhões.
Rompimento da barragem impactou toda a região
As toneladas de lama que atingiram a Bacia do Rio Doce após o rompimento da barragem deixaram um rastro de destruição na região.
Segundo o prefeito Saulo, de Catas Altas, o município perdeu 30% de toda a sua receita e 15% dos funcionários da prefeitura tiveram que ser demitidos.
Barra Longa, frisou o prefeito Elson, foi a única cidade atingida diretamente pela lama. “Um dos mais injustiçadas na repactuação”, segundo o gestor, o município ainda hoje não conta com uma praça pública e perdeu até mesmo a igreja matriz.
“O novo acordo tem valores para infraestrutura, Fonseca tem direito a parte desse bolo”, relatou Duarte Júnior, ex-prefeito de Mariana, ao relembrar o auxílio que o município recebeu do distrito.
Projeto executivo deve ser entregue até o fim do ano
O DER contratou a elaboração de projeto de engenharia no trecho de 51 quilômetros que liga Catas Altas a Alvinópolis. No entanto, a demanda da população, apresentada pelo deputado Adriano Alvarenga (PP), que solicitou a audiência, e aceita pelo vice-diretor do DER, Anderson Abras, é dividir a licitação em dois lotes e dar preferência aos 13 quilômetros até Fonseca, de maior urgência.
“Não podemos esperar mais, precisamos unir forças. Na chuva, o distrito fica ilhado. Tenho certeza que vamos tirar vocês da poeira e do barro”, afirmou Adriano Alvarenga aos moradores que acompanhavam a audiência.
O diretor Anderson Abras disse que o projeto executivo de toda a obra, englobando os 51 quilômetros entre os dois municípios, deve ser concluído no final do ano. Além de necessário para a licitação, o projeto será fruto da análise de particularidades, a exemplo do volume de tráfico e da pavimentação compatível, para mensurar os serviços necessários e o orçamento da obra.
Ele admitiu, contudo, que não há previsão orçamentária para as intervenções no próximo exercício financeiro. Daí a divisão da obra em dois lotes, para viabilizar ao menos os 13 quilômetros.
