Comunidade manifesta contra fechamento de escola em região vulnerável de BH
A Escola Estadual Professor Alberto Mazoni tem 13 alunos matriculados e está em processo de encerramento das atividades desde 2021.
Representantes da comunidade Vila Minaslândia, localizada em região de vulnerabilidade do Norte de Belo Horizonte, manifestaram contra o fechamento da Escola Estadual Professor Alberto Mazoni, na manhã desta quinta-feira (2/10/25), em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Durante a reunião, foram ouvidos alunos, pais, representantes da comunidade, da escola e da Superintendência Regional de Ensino. A direção da unidade não compareceu, o que foi motivo de insatisfação da deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou o encontro, em companhia da deputada Bella Gonçalves (Psol).
Kenia Costa, mãe de aluno, disse não entender o porquê de a escola estar sendo fechada e de não aparecer no Sistema Único de Cadastro e Encaminhamento para Matrícula (Sucem). “O pai da minha filha estudou lá, os avós dela também. Muitos pais queriam estar aqui hoje, mas não podem porque estão trabalhando. Precisamos saber por que a escola está sendo fechada”, afirmou.
Para Marcelo Vieira, supervisor da escola, a comunidade precisa entender o motivo do fechamento porque todos perguntam e ele também não sabe responder. O profissional argumenta que, mesmo com apenas 13 alunos matriculados, a Alberto Mazoni tem um papel central na localidade. “É uma escola de 70 anos, com longa história na região, que atende em tempo integral e que é verdadeiramente uma escola de comunidade, por isso é tão importante”, destacou.
Dinara Faria, mãe de aluno, falou sobre como a unidade de ensino foi fundamental para o desenvolvimento de seu filho, diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDH). “Meu filho tem 10 anos e só agora está aprendendo a ler e a escrever. E isso só está acontecendo por causa da escola. Ele está em tratamento e recebe todo o apoio”, relatou. Dinara é catadora de recicláveis e a escola em tempo integral é fundamental para que possa trabalhar e os filhos ficarem em segurança.
Com o diploma em mãos, Rogério Oliveira estudou na Alberto Mazoni há mais de 50 anos e disse que teve a alegria de ver filhos e netos seguirem o mesmo caminho. “Se fosse o Palácio das Artes fecharia? Esse grupo é da comunidade, o bairro precisa dele. Nosso bairro precisa de apoio, de ajuda, não de fechamento”, argumentou.
Cláudio Márcio, fundador de uma ONG do bairro, afirmou que, se a escola fechar, muitas famílias terão que pagar vans para mandarem seus filhos para a escola, o que seria inviável diante da sua baixa renda.
Escola está em processo de fechamento desde 2021
Cacilda Sobreira, superintendente Regional de Ensino da Metropolitana C, representou a Secretaria de Estado de Educação na audiência. Ela explicou que a escola está em processo fechamento desde 2021, por falta de alunos.
A representante disse que sempre manteve diálogo aberto com todos os envolvidos e ponderou que vários fatores são avaliados antes da decisão de fechamento de uma escola. “Os 13 alunos que estão lá hoje teriam outras três escolas para estudarem, duas estaduais e uma municipal, que é integral. Em relação ao deslocamento, fizemos um estudo e a maior parte dos alunos teria que deslocar menos de 1km”, disse.
A superintendente também apresentou os critérios de economicidade da administração pública, alegando que é inviável manter uma estrutura tão grande, com capacidade para 600 alunos, para atender tão poucas matrículas.
Em relação aos critérios pedagógicos, ela acredita que os estudantes também terão ganhos. “Se inserirmos esses 13 alunos em um universo maior, eles terão novas interações e oportunidades, o que será positivo. Precisamos tratar a coletividade, sem prejudicar o direito do aluno”, afirmou.
Diante da insatisfação da comunidade com as medidas apresentadas pelo Estado e da discordância dos presentes em relação à abertura ao diálogo, a deputada Beatriz Cerqueira sugeriu que o governo dê uma chance à escola.
Como encaminhamento da reunião, a deputada solicitou uma visita técnica à unidade, com a presença da Superintendência, da Secretaria de Estado de Educação e do Ministério Público.
A visita à Escola Estadual Professor Alberto Mazoni ficou agendada para o dia 10 de outubro, às 16 horas.

