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Comissão vai a quilombo em Brumadinho avaliar violações de direitos humanos

Comunidade Família Sanhudo reclama de danos ao meio ambiente e à comunidade, em função da mineração.

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A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) fará uma visita, junto com autoridades, à comunidade quilombola Família Sanhudo, em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH), nesta segunda-feira (18/8/25), a partir das 10h30.

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A finalidade é averiguar violações de direitos humanos da população residente e avaliar formas de efetivar direitos socioambientais e condições de vida digna de moradores. A visita foi solicitada pela presidenta da comissão, deputada Bella Gonçalves (Psol).

Localizado no Povoado de Tejuco, o Quilombo Família Sanhudo existe há cerca de 300 anos e foi certificado pela Fundação Cultural Palmares (FCP) em abril deste ano. A entidade reconheceu o grupo como descendente de população negra escravizada. Os moradores, no entanto, alegam que estão sofrendo em função da expansão da atividade minerária, que traz danos ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas.

Uma das denúncias é a contaminação do sistema hídrico local com lama remanescente do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, ocorrido em 2019, após uma obra realizada pela mineradora Vale, no ano seguinte.

Em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos, em agosto do ano passado, moradores e representantes do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública criticaram o Termo de Compromisso Água, firmado entre o MPMG e a empresa Vale, com a interveniência do Estado de Minas Gerais, da Copasa, do MPF e da empresa Aecom do Brasil, que busca solucionar a captação de água na RMBH.

Além da falta de participação do quilombo e da comunidade na assinatura do termo, as reclamações recaem sobre a piora do serviço de abastecimento, com interrupções e restrições na oferta de água.

Durante a audiência pública de agosto de 2024, a deputada Bella Gonçalves afirmou que houve uma atuação deliberada da Vale para estabelecer o controle da água e sobre o território quilombola do Sanhudo.

Citação

Entre os convidados que confirmaram a participação na visita da comissão está a coordenadora de Proteção Territorial Quilombola da Fundação Cultural Palmares, Liliane Pereira de Amorim, e o procurador da República de Povos e Comunidades Tradicionais e Reforma Agrária, Helder Magno da Silva.

Representando o Quilombo Família Sanhudo, Evandro França de Paula  também confirmou a participação na visita, além de representantes de diversas outras instituições públicas e de entidades vinculadas aos quilombos.

Comissão de Direitos Humanos - debate sobre diretrizes de salvaguarda do Quilombo Família Sanhudo, em Brumadinho
“Este caso é emblemático e triste. A comunidade quilombola começou a ser cercada pelas mineradoras e, hoje, o que deveria ser uma reparação de danos às pessoas atingidas começa a servir de estratégia de controle territorial.”
Bella Gonçalves
Dep. Bella Gonçalves

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